Tudo o que sempre quis saber sobre os Supercentenários – os cidadãos mais velhos do mundo

Todos nós já ouvimos falar dos cidadãos mais velhos do planeta: são denominados de supercentenários. Mas a partir de que idade se é considerado um supercentenário? Que critérios são utilizados? Quem faz a triagem? Como podemos ter a certeza de que as pessoas não estão a mentir na sua idade? A resposta para estas, e muitas mais perguntas, podem ser encontradas nesta crónica. E não. O Manuel de Oliveira não pode ser considerado um supercentenário. Sejam bem-vindos a mais um “Desnecessariamente Complicado”.

O responsável pela triagem, contagem e verificação da veracidade das idades é o Gerontology Research Group. Desde 1990 que o Gerontology Research Group se encarrega de contabilizar os cidadãos que ultrapassam os 110 anos de idade, também chamados de “supercentenários”. Até essa data cabia aos grupos de investigação de cada país recolher os dados e assegurar que os documentos apresentados eram verdadeiros. Ou seja, era literalmente “cada um por si”. E se em alguns casos as informações eram fidedignas, países havia onde a idoneidade dos grupos de investigação podia muito bem ser colocada em causa. Com o surgimento desta instituição passou a ser possível centrar os dados numa só base de dados, tendo sempre certeza sobre todas as informações por ela recolhidas e colocando-as à disponibilidade do público.

Uma das promessas de Stephen Coles, co-fundador do Gerontology Research Group, foi concretizada há quinze anos atrás. Está ao acesso de todos via internet, dá pelo nome de “Table E” e contém a lista (por ordem cronológica) de todos os supercentenários vivos.

Para além de saciar a curiosidade (e oferecer listagens para os recordes mundiais) o banco de dados do Gerontology Research Group também oferece uma visão científica sobre o fenómeno de viver uma vida extremamente longa. Voluntários especializados conduzem extensas entrevistas com as pessoas da lista e tiram amostras de sangue para uma posterior análise de ADN. Em última análise, o objectivo do grupo é usar esses dados para criar medicamentos que permitam retardar o processo de envelhecimento. Mas como devem imaginar, estes avanços, se é que são sequer possíveis, encontram-se a ​​anos de distância.

A equipa actualiza regularmente a lista, e regista cerca de setenta entradas por ano, a grande maioria dos quais, mulheres. Misao Okawa, nascida em 1898, encontra-se actualmente no topo da lista, com 116 anos de idade. Sendo que a pessoa que mais anos viveu na história da humanidade foi Jeanne Calment, uma mulher francesa, que faleceu em 1997 com a idade de 122 anos de idade.

Mas ganhar um lugar na “Table E” exige mais do que apenas viver mais do que 110 anos. Os supercentenários têm de provar que possuem de facto aquela idade. Isto porque Coles e os seus colegas frequentemente se deparam com afirmações e documentação falsa.

Isto porque quando se trata de falsificação de idades, Coles já viu de tudo. Recentemente recebeu um pedido da Índia de um indivíduo que teria, supostamente, 179 anos de idade (algo que é fisicamente impossível segundo os especialistas). Mas o engano pode ser mais difícil de detectar, tal como a situação em que um homem da Turquia se tentou fazer se passar pelo seu irmão (já falecido) e que era dez anos mais velho. Um caso particularmente difícil foi quando o governo da Bolívia emitiu documentos falsos para um homem que possuía 106 anos, mas cujos documentos afirmavam deter 112 anos.

Para garantir que as pessoas são de facto tão antigas quanto dizem que são (ou que as suas famílias ou governos dizem que são) cada candidato é sujeito a um processo de avaliação. De acordo com as regras, os candidatos devem apresentar dois ou três documentos que comprovem sua idade. Isto inclui algum tipo de documentação que remonte ao seu ano de nascimento, tal como uma certidão de nascimento, um registo de baptismo ou uma anotação num livro. Em segundo lugar, Coles requer uma identificação (com foto actual e emitido por uma agência imparcial). Finalmente, as mulheres casadas que tomaram o nome do seu marido devem apresentar um documento adicional provando que a mudança de nome ocorreu.

Por enquanto, poucos chegam aos 110. “A probabilidade de chegar a ser um supercentenário é de cerca de um em sete milhões”, diz Coles, e viver para além desse marco é ainda mais excepcional. As probabilidades de aos 110 anos chegar ao 111 º aniversário é de cerca de 50-50, o que significa que viver com 113, 114 ou 115 é tão difícil quanto a obtenção de três, quatro ou cinco grandes prémios da lotaria.

Os supercentenários vêm de diversas profissões e origens sociais. Alguns bebem e fumam, enquanto outros abstêm-se desse estilo de vida. Alguns são religiosos, outros ateus. Alguns provêm de família ricas e poderosas, outros viveram sempre na miséria. Enquanto os centenários tendem a se agrupar na Sardenha (Itália) e em Okinawa (no Japão) os supercentenários, por outro lado, não têm nenhuma ligação significativa com uma área geográfica específica.

Ou seja, resumindo e concluindo, é tão provável eu vir a tornar-me num supercentenário como qualquer um dos leitores. Obviamente que se tiver hábitos de vida saudáveis e se cuidar da sua saúde está a aumentar as probabilidades de lá chegar. Mas nada lhe pode garantir que ultrapassará tão espantosa meta. Sabem quem é que está cada vez mais próximo de tal feito? O Manoel de Oliveira. Ele está a aproveitar que estamos distraídos e quando dermos por isso já tem 120 anos.

Mas mais do que os anos que vive o importante é que os viva a sério. Ao máximo. A fundo. Pense no amanhã. E lembre-se do passado. Mas nunca se esqueça que vive é no presente. No hoje. Fale. Ria. Dê gargalhadas. Chore. Mime. Ralhe. Barafuste. Zangue-se. Sorria. Mas acima de tudo viva.

Não se esqueça que quantidade não é qualidade. Ou seja, de que lhe vale viver até aos 120 anos se não aproveitou convenientemente o tempo? Acarinhe quem o rodeia e ignore os que não são merecedores de consigo conviver. Rodeie-se de corações semelhantes ao seu e será mais feliz. E ame. Ame muito. Afinal o que é a vida sem amor?

Boa semana.
Boas leituras.