Tumblr: Welcome to Hell. – Carla Vieira

Boa tarde, criaturinhas leitoras das minhas tão interessantes crónicas. Eu devo confessar que andei a semana toda a pensar no que vos poderia trazer de novo como tópico de discussão abençoado pela minha escrita espicaçada. E pensei, e pensei, e pensei, e depois lembrei-me:

Já escrevi sobre o FourSquare e sobre o Facebook, duas conhecidas redes sociais… Claro que na minha cabeça, o passo mais lógico é: plataformas de blogs! Por isso hoje a crónica vai ser dedicada à maior (queiram ou não acreditar) plataforma de blog dos dias de hoje: o Tumblr. E porque a internet tem sempre resposta para tudo, fui pesquisar a definição de Tumblr para vos poder explicar em detalhe o que é, e este foi o primeiro resultado:

definição do tumblr

E prometo, é exactamente isso que é. Eu tenho um tumblr, e desde o primeiro dia, consigo dizer que nunca mais fui a mesma pessoa. Mas para quem não é conhecedor (abençoados sejam), eu explico. O Tumblr é uma plataforma de blog em formato “consciência”, como dizem os criadores para explicarem o formato singelo de postagem. Nenhum post está ligado a outro, como acontece na plataforma blogger, por exemplo. Alguém pode escrever uma única frase, e milhões de pessoas podem partilhar essa mesma frase nos seus próprios tumblrs. É unicamente uma questão de pessoal para universal, apenas num clique.

No entanto, e como tudo na vida, o tumblr tem a capacidade de se manifestar de mil e quinhentas maneiras, desde blogs hispters a fandoms e blogs unicamente de moda. Após anos de pesquisa, consegui condensar o tumblr em algumas categorias. Vamos ver:

Fashion Blogs: São blogs unicamente dedicados à moda. Fazem “reblog” única e exclusivamente de vestidos, modelos, carteiras de marca, sapatos de salto alto, acessórios, e por aí adiante. Geralmente seguem a regra do “autoplay”, que para muitos é o mais alto nível de tumblr-tortura. Autoplay significa que quando se abre a página do blog, música começa a tocar, o que para muitos é desrespeitador das colunas de som e ainda pior for se não houver nenhum botão em que se possa fazer pausa. A reacção natural é fechar imediatamente qualquer blog que use esta função.

Hipster Blogs: Ninguém sabe o que são, e preferimos manter as coisas assim.

Social Justice Blogs: Traduzido para a nosa língua, “blogs de justiça social”. São blogs que utopicamente acabariam com a injustiça social no mundo, mas na verdade apenas se sentem ofendidos por tudo e todos, e ninguém pode respirar sem que um desses blogs diga que estamos a ofender os mortos, que coitados, não podem respirar e são discriminados por todos os que vivem.

Fandom Blogs: O coração do Tumblr. Os blogs dedicados à “fandom”, uma expressão de quem gosta afincadamente de qualquer coisa, são os melhores blogs de sempre. São mantidos por pessoas extremamente criativas que conseguem compilar “gifs” (do formato de ficheiro .gif) ou cheios de humor (às vezes cruzando fandoms tipo Harry Potter vs Doctor Who) ou então emocionais. Ou pornográficos, porque tenho a dizer, toda a gente que tem um “fandom blog” acha que todos os personagens de todas as séries/livros/filmes estão apaixonados uns pelos outros. Devido a esta massa de pessoas pensar em comum, temos por exemplo a nova palavra “Wincest”, dedicada aos dois irmãos Winchester, Sam e Dean, que pelos vistos estão apaixonados um pelo outro (para os não tão habituados, a palavra joga com o termo inglês para “incesto”. Sim, eu também preferia não saber este tipo de coisas).

Personal Blogs: São pessoais, como por exemplo o meu. Partilham tudo o que lhes apetecer, e às vezes dizem coisas. Fascinante, eu sei.

Gatilhos: os gatilhos para os usuários do tumblr são muitos. O mais comum é Nutella, que é capaz de fazer chorar o mais comum dos mortais, porque sejamos francos… É Nutella, ok? Temos também a chamada expressão de “feels”, ou sentimentos, quando algum post é demasiado para outra pessoa. A reacção normal a este tipo de posts é dizer:

why

E acreditem, volta e meia aparecem imagens assim por todo o lado. Ou isso ou asdfghjkl;, que é basicamente a mesma coisa. Outros gatilhos comuns são rapazes giros, os Doctors, o Dobby a morrer, pessoas a comerem comida, frases românticas, fedoras… Estão a ver a cena, certo?

Eu até podia dizer muito, muito mais, mas francamente, se quiserem experimentar, criem um. Mas depois não me culpem quando passarem noites e noites acordados com o dedo indicador fixado na rodinha do rato, a fazerem scroll, scroll, scroll…

Eu gosto muito do tumblr. A sério que gosto. Não me arrependo nada de ter feito um. O único problema é que agora estou uma desgraça emocional sempre que abro o site. Porquê? Porquê? Porquê?!

crying


Crónica de Carla Vieira
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