Um guia (des)prático para usar um teste Covid-19 adquirido na farmácia…

Como é certo e sabido, já é possível adquirir um teste à Covid-19 na farmácia. O chamado “teste antigénio” está agora à venda nas farmácias, sendo assim, segundo a DGS, mais fácil para o cidadão tirar os chamados “macaquinhos da cabeça”, quando um simples arranhar de garganta pode provocar um colapso nervoso num cidadão, hoje em dia. Se uma pessoa desconfia que pode estar infectado com o “bicho”, é ir imediatamente à farmácia adquirir o teste e desatar a correr para casa fazer o teste. Tudo bastante simples, certo? Errado.

Existem vários inconvenientes a ter em conta. Primeiro começamos pela vergonha. Assim como uma pessoa sente aquela pressãozinha extra quando tem de ir à farmácia adquirir um teste de gravidez, com o teste da Covid-19 é exactamente igual. O aconselhável é usar o mesmo método aquando da aquisição do teste de gravidez — pedir a um amigo ou familiar para ir à farmácia adquirir o teste. Ou, então, usar aquela máscara de Carnaval que ficou guardada na gaveta este ano, para assim não ser reconhecido. Tal e tal como no teste da gravidez, é igualmente constrangedor contar à cara-metade que o teste deu positivo. O “Amor, desculpa, mas deu positivo e estou grávida!” é agora substituído por “Amor, desculpa, eu sei que tivemos todos os cuidados possíveis e imaginários, mas infelizmente não foi o suficiente e deu positivo…”

O teste é feito pela própria pessoa, em casa. O que, efectivamente, tem tudo para correr mal. O método é igual aos outros testes realizados à Covid-19 nos centros de testes, ou seja, o uso da zaragatoa continua a estar presente. O que, convenhamos, incorre em elevados riscos para o cidadão mais trapalhão e distraído. Se o teste já tem uma certa dificuldade em ser realizado por um técnico experiente e formado para o efeito, agora imaginemos como será executado pelo comum cidadão, em casa, em frente ao espelho. Se os casos de Covid-19 têm estado a baixar no país, por outro lado, os casos de pessoas com lesões graves na nasofaringe ou nos olhos irão aumentar. Porque, vejamos, introduzir uma zaragatoa com 3 metros de comprimento no nariz ao mesmo tempo que se inclina a cabeça para trás, tem tudo para correr mal. Quantas pessoas não passarão a usar uma pala à Camões após fazer um teste à Covid-19 em casa, depois de terem vazado uma vista com a zaragatoa.

Para não falar nas instruções que deveriam estar traduzidas em várias línguas, visto que, lá para os lados das terras de sol posto, existe a prática de inserir a zaragatoa naquele sítio onde o sol não brilha, o que, obviamente, e uma vez mais, tem tudo para correr mal e levar as pessoas a terem de recorrer ao hospital para a remoção de um pelintra de um objecto que decidiu partir à descoberta pelo corpo humano, sem dó nem piedade.

Portanto, colocando todas a opções na balança, o melhor mesmo é optar por adquirir e usar o teste rápido. Nem que seja apenas para viver uma experiência de vida inesquecível…