Caro leitor, hoje não estou para conversas. Em boa verdade, estou demasiado enfurecido, qual cólera que me consome, para sequer lhe proporcionar uma boa leitura. Ainda assim, devo-lhe esta, como também lhe devo outras, não importa. Vou ser breve, mais do que o costume, menos de que o assunto merece.
Ontem, dia dezoito de junho, mais de setenta mil alunos do ensino secundário realizaram o exame de Português. Muitos saíram de sorriso no rosto, agradecendo aos céus a acessibilidade da prova. Era fácil, parece. Por mais que o contrariem, é o costume, parece. É uma vergonha, disso não tenho dúvidas e por isso aqui exponho uma breve reflexão, sobretudo direcionada aos pais e alunos que muito se queixam da existência do método de avaliação por exame e muito se regozijam pela facilidade dos mesmos:
Se um aluno diz que um exame é fácil, um de dois fenómenos o justificam. Por um lado, a demonstração de um estudo intensivo e altamente frutífero aliado a uma capacidade de concentração, abstração nervosa e inteligência acima da média. Por outro, a conclusão básica de que foi mal avaliado.
Por seu turno, se um grande número de examinandos consideram que uma determinada prova é de realização simples, então o primeiro dos fenómenos supra apresentados perde a validade e o segundo, o da débil qualidade de avaliação, ganha total força.
Um exame não tem um pressuposto de facilidade, qualquer que seja a matéria que procura avaliar. Em bom rigor, o seu principal objetivo deve (ou deveria) consistir na seleção natural do nível de conhecimento, esse que separa o aluno que cumpre os objetivos de complexidade acrescida e aquele que, por falta de estudo, não aprofundou os conteúdos exigidos, não os compreende, não os sabe trabalhar e por isso é reprovado.
Prometi ser breve, e por isso remato com um pequeno grande aviso a todos os encarregados de educação e pais que anseiam pela entrada dos seus educandos no Ensino Superior:
Se o seu educando não for capaz de resolver eximiamente o Exame Nacional de Português 2013-2014 1ª fase, isto é, se porventura tiver uma nota inferior ao, vá, limiar da positiva (10 valores) – e já estou a ser amigo – então desengane-se acerca do seu brilhante futuro académico…
Mas porque estou eu aqui a falar? A média nacional provavelmente não passará dos nove valores. E isso diz tanto sobre nós. Diz tanto sobre o ensino. Diz tanto sobre a docência em Portugal. Mas diz mais, ‘’Ó’’ se diz, sobre esta jovem geração de estudantes…
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