Um Peregrino é um Escritor

Caro leitor neste momento acabou de entrar na minha crónica, para mim já foi um privilégio, obrigada, agora se achar merecedor fique até ao fim.

Sei que alguns entraram e saíram outros nem sequer chegaram a entrar mas o mais importante para mim não será nunca a quantidade dos que me lêem mas sim a mensagem que passo aos poucos que ficam a ler.

Também sei que alguns julgaram só pelo título, pensando :”Lá vem esta outra vez armada em Beata…”, não sou, não tenho vocação para o ser e não ostento ser, muito embora sejamos todos convidados a sermos Santos nesta vida.
Apesar de estar a ler a cronica hoje, ela foi escrita no dia do Peregrino e no dia mundial do escritor (13 de Outubro), tentei escrever-vos sobre diversas coisas mas estas duas não paravam de me falar na mente, do lado direito ouvia: “Escreve sobre o Ser Peregrino”, do lado esquerdo ouvia: “Escreve sobre o dia mundial do escritor”, nós podemos ouvir tudo mas só a nós nos é permitido decidir o que queremos, pois em algumas coisas ainda somos livres.
Um Peregrino é um Escritor, é assim que se intitula a minha crónica de hoje. Na verdade um peregrino escreve com a própria vida, escreve sem preconceitos, escreve com o que tem, escreve ao caminhar, escreve com os outros.
Muito para além das razões que podem despertar alguém a viver uma peregrinação, na base estará sempre, o desejo de querer sair de uma cultura de morte.
Ora pense comigo, passamos a maior parte do tempo agarrados a coisas e a situações que nos preocupam, que não nos deixam ser livres. Passamos tempo em demasia a pensar naquilo que “EU” quero ser, olhando para o nosso umbigo de tal forma que o mundo à nossa volta gira apenas em torno de nós próprios. Estamos algumas boas horas agarrados a um computador, a um automóvel ou a outra coisa qualquer, porque a nossa profissão assim nos exige.
Quantas são as vezes que magoamos alguém mesmo sabendo que o estamos a fazer, quer seja em casa, no trabalho, um familiar, um amigo, um colega, o parceiro.
Alguns ficam alienados às tecnologias, outros às drogas, outros ao sexo, outros à moda, outros à cultura do corpo. Ficamos todos agarrados a qualquer coisa.
E um dia, um dia damos conta que estamos cansados daquela situação que nós achávamos que era o mundo mas acabou e é aí que tudo começa.
Saímos como que a “apalpar” o terreno, sem grandes perspectivas, como quem diz:”a ver no que dá” e chegamos desapegados dessa cultura de morte.
Vivemos com ela mas não ficamos alienados, precisamos dela porque fazemos parte do mundo mas sabemos qual é o limite. Estamos fisicamente cansados mas mentalmente descansados, pois não há cansaço mais doloroso que o da mente. O primeiro limita-nos mas o segundo corrói-nos.
Aprendamos a viver na cultura de morte sendo livres.