Há dias em que odeio o comércio tradicional.
Talvez seja porque não tenho um horário que me permita ir a uma loja quando preciso mesmo de comprar um presente inesperado ou algo urgente. Reclamam a existência das grandes superfícies mas empurram-nos para lá.
Também não ajuda nadinha entrar numa loja e não ter a atenção de nenhum funcionário. Já entrei numa loja, completamente deserta de clientes, com três funcionárias à conversa sobre algo tão prioritário e importante que nem notaram a minha presença.
Entrei, percorri a área, não encontrei o que procurava e saí, pois nem sequer tive vontade de interromper tão amena cavaqueira.
Presenciar altercações entre funcionários, diverte-me. À frente dos clientes, são um excelente cartão de visita.
Ser atendido por alguém que mostra o quanto sofre, quer por ser mal remunerado quer por não ter o emprego dos seus sonhos, faz-me bradar aos céus.
Entrei num cabeleireiro e fui recebida por um “o que vai ser?” vindo de alguém que nem se dignou sequer a cumprimentar-me ou tão pouco olhar para mim – claro que a vontade foi responder “Um café, por favor” mas optei por vir embora!
É claro que existem excelentes profissionais, dedicados e dotados (e esses que me perdoem a generalização) mas, estranhamente, teimamos em fixar as más experiências.
Mas, lá vem um dia em que as esqueço.
Esta semana, à porta de uma pequena mercearia, enamorei-me de uma maçã. Não era uma maçã qualquer… Era linda – vermelha, luzidia e parecia mesmo dizer-me “come-me que sou deliciosa!”
Não resisti à súplica, apanhei-a e entrei na loja com a maçã na mão. Deparei-me um senhor, talvez na casa dos setenta anos, cuja expressão revelava um não sei o quê de doce, tal como eu esperava da maçã à qual estaria a espetar o dente daí a nada.
Desculpei-me com o facto de levar apenas aquela maçã mas a ideia era comê-la já. Sempre com um sorriso na face e sem que eu me apercebesse, o doce senhor entregou-me a maçã já lavada – Espero que lhe saiba muito bem…
E soube mesmo – das melhores maçãs que me lembro de alguma vez ter comido!
A cada dentada, um sabor perfeito e uma doçura que me saciou o apetite.
Bem-haja a quem tem a amabilidade, a cortesia e a atenção que nos faz querer voltar… sempre!
Gosto de vez em quando ir à baixa recordar velhos tempos, mas fico sempre triste pela falta de atenção e simpatia que predomina no mercado tradicional… é uma pena!!!
Maria temos de ir as duas, para a baixa, espalhar charme… Que achas???
Obrigada pelo teu comentário!
Beijinhos
Olá, Colega. Gostei do texto. Realmente, às vezes as pessoas agem como se nós, clientes, fôssemos robôs.
Quero parabenizá-la pelas suas crônicas e lhe agradecer por ter comentado a minha sobre o Aborto. Foi uma das mais polêmicas que usei até hoje, por isso fiz questão de usar a ciência como base, fazendo-a ter credibilidade.
O Brasil não legalizou o aborto porque entende que isso é uma agressão à própria mulher, e é claro, a uma vida gerada. O feto não é, de facto prolongamento do corpo feminino, logo, se a mãe não quer, existem milhares de pessoas aptas a adoptar a criança, evitando assim, a violência contra uma vida. Baseei minha crônica em um estudo feito por um psicólogo brasileiro.
O bom do nosso Mais Opinião é isso: a possibilidade que temos de debater idéias.
Um forte abraço.
Olá Bárbara!
Começo por agradecer o seu comentário à minha crónica.
Quanto ao meu comentário à sua última crónica por favor deixe-me esclarecer uns pontos:
1º estamos a falar de duas realidades completamente distintas – o Brasil e Portugal
2º Tal como já referi, respeito a sua opinião e todas as opiniões de outras pessoas sobre este e qualquer outro assunto
3º O “Mais Opinião” é, como bem diz a Fátima Ramos, um local em que os cronistas se expressam com toda a liberdade… mas o comentadores também!
4º A minha opinião vale o que vale mas é sincera e verdadeira.
Mais uma vez, obrigada pelo seu comentário… e continuação de boas crónicas 😉
Cara Colega Laura,
Tenho sempre muito gosto em ler o que escreve, fá-lo com muita credibilidade,é pelo menos a minha opinião.
Quanto à opinião da nossa colega Bárbara que também muito aprecio,e tal como referiu, o “nosso opinião”, está de parabéns duplamente, pelo seu 1º aniversário e pelo facto de permitir que outros, “nós”, possamos expressar-nos livremente, sem tabus. Sabe Bárbara, considero que quem se “choca” com aquilo que por vezes aqui lê, quer pura e simplesmente ignorar a realidade, mas essa é incontornável.
Um forte abraço para as duas,
fatima ramos
Faço de suas palavras as minhas, colega.
Um forte abraço!
Olá Fátima
Agradeço o seu comentário e o facto de a saber leitora das minhas singelas crónicas.
Elas são realmente baseadas em opiniões pessoais, vivências e experiências quotidianas que julgo comuns à maioria das pessoas.
Estou muitíssimo grata ao “Mais Opinião” por me ter permitido, como amadora, fazer parte deste grupo de cronistas excepcionais.
Quanto à crónica da Bárbara, permita-me apenas que a contrarie num pequeno ponto: a opinião da Bárbara não me chocou! É precisamente por conhecer a realidade que tenho o direito de ter uma posição diferente. E posso garantir-lhe que essa realidade, felizmente, não é construída na primeira pessoa…
Obrigada pela sua leitura e continuação de boas crónicas!
Cara Colega
Não me referia a si, mas sim ás pessoas em geral. Não devo ter explicitado bem.
Abraço
fatima ramos
Parabéns.
Gostei muito deste texto pela viagem ao passado em que me envolveu logo no parágrafo em que falou da maçã. Tenho pena que, pouco a pouco, se vá perdendo esta simpatia e empatia logo criada por pessoas como esse vendedor. Mas, apesar de tudo, ainda fico muito feliz quando revejo essa simpatia e empatia em pessoas jovens que, mesmo que não amem de paixão o que fazem, são profissionais. Na minha vila, havia um carteiro que irradiava simpatia e felicidade por todos os poros mesmo em dias de chuva. Ele alegrava o espaço onde estava e isso fazia toda a diferença.
Obrigada por me trazer essas boas recordações.
Olá Mara!
Eu é que tenho de agradecer o seu comentário.
Felizmente, ainda existem muitos “carteiros” na nossa vida…
Pois aposto que não conhece o mesmo comércio tradicional da baixa do Porto que eu e em que eu fui educada a atender…