Uncharted 4: O Fim de um Ladrão

A espera terminou. Depois de vários adiamentos e de quase 5 anos sem uma nova aventura do maior herói de acção da Playstation, Nathan Drake, Uncharted regressa para total regozijo dos seus fãs. Valeu a pena tamanha espera? Sim, vale sempre a pena esperar por uma obra-prima.

A quarta aventura de Nathan Drake chegou aos jogadores no passado dia 10 de Maio de 2016 e coloca, aparentemente, fim às aventuras de Drake. Este começou as suas encruzilhadas em 2007 (Drake’s Fortune) tentando descobrir o El Dorado juntamente com o seu amigo e mentor Victor Sullivan e a sua actual esposa, a jornalista Elena Fisher. Em 2009 (Among Thieves) visitou a cidade perdida Shambala e, mais tarde, em 2011 (Drake’s Deception) aventurou-se por Ubar, a “Atlântida das Areias”. Agora, nove anos depois, o carismático caçador de tesouros volta à acção para tentar descobrir o maior tesouro da história, os 400 milhões escondidos por Henry Avery no longínquo século XVII. Para isso, Nate abdica da sua “reforma”, uma última vez…

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As velhas personagens estão de volta e algumas novas são introduzidas. A mais relevante de todas é Samuel Drake (frequentemente apelidado Sam), o irmão de Nathan Drake que este julgava ter morrido antes de todas as suas aventuras mais arriscadas e que os jogadores familiarizados com a série, poderão experimentar. É ele quem se mete numa valente alhada, com um conhecido e muito perigoso barão da droga do Panamá, Hector Alcazar, levando Nathan a ajudá-lo, enfrentado pelo meio o coleccionador de tesouros, Rafe Adler e Nadine Ross, a líder de uma perigosa organização paramilitar. Estes elementos constituem o mote principal da última aventura da série, que leva os jogadores a localizações como Panamá, Escócia, Madagáscar, entre outras. Cada uma mais bonita que a anterior, diga-se de passagem.

Os gráficos de A Thief’s End são únicos e neste momento, inalcançáveis por qualquer outro jogo nas consolas domésticas. A paleta de cores, o nível de detalhes, a construção dos cenários, toda a acção e cutscenes elevam a fasquia e tornam a barreira gráfica muito alta nas consolas. Nunca tinha jogado um jogo tão bonito neste aspecto. Nem mesmo os já lindíssimos Quantum Break, Star Wars Battlefront ou The Order: 1886 (para enumerar alguns) conseguem rivalizar com os cenários, personagens e polimento do novo Uncharted. Para igualar, só um PC topo de gama e mesmo assim, devido à exclusividade do jogo da Sony, este só poderá ser experimentado na Playstation 4. Por isso, quem quiser experimentar este regalo visual tem bom remédio…é adquirir ou pedir emprestada uma Playstation.

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Foram várias as vezes que parei ao longo da aventura, apenas para poder apreciar a ondulação do mar, “sentir” o calor do sol no horizonte, ver as saliências de estátuas ou os interiores de edifícios ou a forma como o pó, a neve e a lama se colavam às roupas da minha personagem ou ainda a bela e realista chuva que caía sobre a personagem. Delicioso, simplesmente delicioso, cada detalhe que a notável produtora, a Naughty Dog, conseguiu incorporar no seu jogo, tornando-o numa experiência única e altamente recomendável.

A experiência é única mesmo que a jogabilidade não o seja. Aliás, a jogabilidade será familiar aos jogadores da série porque a mecânica, salvo raras excepções, é a mesma dos jogos anteriores. Embora fossem esperadas mais novidades neste capítulo, não é necessariamente mau que se tenha jogado pelo seguro com mecânicas que já funcionavam bastante bem. A grande novidade é a utilização de uma corda/gancho (pressionando o L1 nas situações apropriadas) que ajuda o protagonista a chegar a sítios mais altos e mais afastados, mas também a prender e a puxar objectos. Este novo elemento ajuda a jogabilidade a tornar-se ainda mais horizontal e vertical, o que já era hábito na série, tanto offline como online. Aqueles que não gostavam do sistema dos jogos anteriores também não deverão ficar fãs deste. Embora os cenários sejam manifestamente mais vastos (possibilitando diversas abordagens em cada sequência ou até uma perda de sentido de orientação em Madagáscar, como me aconteceu a mim) e os inimigos sejam mais inteligentes e astutos, o jogo continua a ser Uncharted puro e duro com tudo o que de bom e de mau isso acarrete. Tiroteio, exploração, escalada, tiroteio, exploração e escalada. Pelo meio existem ainda sequências de stealth e alguns puzzles. Algo repetitivo ou não (pessoalmente não o acho enfadonho), continua extremamente viciante e divertido. Uncharted é diversão!

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Diversão e não só. Nota-se que a Nauthy Dog cresceu bastante com o seu jogo anterior, o altamente aclamado The Last of Us, e que com este treinaram vários aspectos agora transportados para Uncharted. Isto nota-se claramente na narrativa, mais pausada e mais adulta. Aliás, este é o Uncharted mais adulto de todos. Aquele que mais e melhor explora a relação das personagens e que mais as humaniza. Aquilo a que se assistiu entre Joel e Ellie em The Last of Us, nomeadamente os altos e baixos inerentes a qualquer relação humana, assiste-se agora entre Nathan Drake e Sam, mas ainda mais entre Nathan e Elena. A história é deles. E embora o jogo possa ser desfrutado por novos jogadores da série, porque a aventura é isolada, este não deixa de fazer muito mais sentido aos velhos conhecidos da série Uncharted.

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Em termos de longevidade, o jogo está entre o habitual dentro do género de acção/aventura e da série em si. Em média, a estória demora cerca de 15 horas para ser terminada. Os jogadores mais experientes podem fazê-lo em menos tempo, evidentemente. A dificuldade também pode influenciar o tempo de jogo, estando diversas dificuldades à disposição. Para uns toda a trama será digna de ser repetida (aqui eu acuso-me), já outros não encontrarão razões para repetir a aventura. Seja qual for a opção que cada jogador tomar, as jogatanas de Uncharted não têm de terminar após o término da campanha. O modo competitivo online está de regresso.

No modo online estão à disposição três grandes modos de jogo: Combate Mortal de Equipas (competitivo ou não competitivo), Comando e Saque. No primeiro, duas equipas de cinco jogadores defrontam-se com o objectivo de ver qual das duas consegue chegar primeiro às 40 mortes. No segundo, joga-se por objectivos. Nomeadamente por capturar zonas e por derrotar os capitães das equipas adversárias (normalmente o melhor jogador assume este papel). No terceiro e último modo, o objectivo passar por recolher tesouros (ou ídolos) presentes no mapa e colocá-los no devido baú ao mesmo tempo que se evita que a equipa adversária faça o mesmo. Estes modos são semelhantes àquilo que já existia nos capítulos anteriores da saga. Novos são os oito mapas (baseados nas localidades da campanha principal) onde todos os duelos têm lugar. Para já existem 8 apenas, mas a produtora já prometeu que novos chegarão aos jogadores num futuro próximo, assim como novos elementos de personalização das personagens e ainda um modo cooperativo.

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Se estão à espera que o online de Uncharted seja uma espécie de Call of Duty, Battlefield ou Star Wars Battlefront talvez não encontrem aquilo que procuram, porque embora este possa ser competitivo como os supracitados, o seu foco não é tanto a diversão mas sobretudo a competição. É menos sério, na minha opinião. Mesmo que se possa editar o equipamento e as ajudas a serem utilizadas no decorrer das partidas.

Do pouco que pude experimentar adorei a experiência. O jogo está super fluído, nunca tive problemas em encontrar jogadores, nunca apanhei o afamado (não pelas melhores razões) lag e pouco tive de esperar para entrar num jogo. Nota-se, de longe, que os servidores estão muito melhores que os de Uncharted 2 e Uncharted 3. Em comparação com este último, a diferença é grande para melhor. A única coisa que se poderia apontar na vertente online, é o decréscimo da qualidade gráfica. É notável a redução das texturas em relação ao modo single player (não que o jogo deixe de brilhar graficamente, atenção). No entanto, este factor pode ser desculpável pela fluidez com que tudo acontece no ecrã, sem qualquer tipo de quebras. E acreditem que o ecrã vira mesmo um cenário de guerra quando vários jogadores se confrontam em algum local do mapa. Vale a pena dar uma oportunidade a este online, mesmo que não agarre os jogadores menos dedicados por muitos meses.

Uncharted 4: A Thief’s End (O Fim de um Ladrão), é o chamado “pacote completo”. Uma boa história digna dos melhores blockbusters do cinema (e mais adulta que as anteriores), gráficos de ponta, uma jogabilidade divertida e uma longevidade adequada para o género tornam-no no grande jogo da Playstation para este ano e num dos melhores jogos da presente geração de consolas. Um jogo que suplanta o seu antecessor e que se equipara àquele que era o meu favorito da franquia, Uncharted 2: Among Thieves. Um jogo tão bom que só pode ser recomendado a qualquer jogador e considerado obrigatório para os afortunados fãs desta série.

Para terminar cito a frase inicial do jogo, pertencente a Henry Avery, que diz “Sou um homem de Fortuna e devo buscar a minha fortuna”. E assim vos pergunto: De que estão à espera para irem buscar a vossa fortuna?