Vegetarianismo Radical!

A sociedade ocidental, tal qual a conhecemos, fruto do fenómeno globalização e de tantas outras variáveis que a história há de explicar, debate-se quotidianamente com um também globalizado sentimento sectarista, localizado e exponencial, nos mais variados quadrantes.

Se a luta de classes motivou o movimento bolchevique e o apuramento racial fez agenda na Alemanha nazi, pode-se afirmar que, à semelhança dos anteriores, o ódio omnívoro levado a cabo por uma mão cheia de organizações ambientalistas, é também um importante movimento radicalista a ter em conta.

Neste sentido, não menos importante é combater frentes políticas extremistas do que o é travar a cavalgada de alguns movimentos vegan friendly radicais que pairam na aldeia global.

Ser-se vegetariano tem duas vertentes. A primeira, que consiste em não se comer qualquer produto de origem animal, situada no plano da opção pessoal qual apogeu do direito ao livre desenvolvimento da personalidade, parece-me apenas um exercício de claro desperdício daquilo que é um dos milagres de Deus, vulgo, bife do lombo. Porém, nada contra. A segunda, que promove manifestações para insultar os que comem carne, apelidando-os de assassinos, filhos do demónio entre outros, fica-se pelo plano da exacerbação do racionalismo humano, olhando o Homem como ser capaz de negar o seu instinto omnívoro, rejeitando a sua qualidade mamífera na totalidade e declinando a existência de uma cadeia alimentar natural. Pura estupidez.

Ora, se por um lado consigo entender os primeiros, embora nunca me sujeitasse ao sofrimento que é viver sem um bom frango de churrasco, jamais entenderei os outros, que veem num coelho à caçador a origem da crueldade humana, o pecado original, a desgraça da civilização ou qualquer coisa que lhes justifique o protesto.

Na mesma lógica, tentando refutar o fraco argumento da existência de produtos com propriedades nutritivas similares à carne mas de origem vegetal e da desnecessidade, por esse mesmo motivo, de se comerem animais, basta apenas arguir que nunca neste planeta nem em algum momento da experiência humana no mesmo, um qualquer hambúrguer de soja ou pedaço de tofu terá o mesmo sabor que uma posta de bacalhau um uns rojões à minhota. Só de imaginar uma ceia de Natal com uma posta de tofu por muito bem regadinha de azeite e alho que esteja, escorrem-se-me lágrimas pela face.

Remato, aceitando o convite de todos os vegetarianos de fação moderada para uma tagliatelle de legumes salteados e convidando todos os outros radicalistas, que na minha mente quase se autoflagelam por algum dia terem ousado petiscar uns soberbos pezinhos de coentrada, a canalizar a sua luta contra outras atrocidades, as realmente graves, praticadas pelo homem aos animais. De resto, deixem-nos lá o raio do borrego!