Vem, que fazes bem!

Antes de mais bem-vindos ao meu cantinho. Numa periocidade mensal, venho aqui analisar a atualidade económica.

Hoje vou então falar sobre um dos últimos programas, promovidos pelo Governo da coligação. Ora bem, contextualizemos então a situação: Portugal, cuja balança demográfica não se apresenta “famosa”, vive mais um drama do mesmo género – a emigração. Claro, que este já é crónico. Mas desta vez é diferente.

Se pela década de 60, do século transato, foram aproximadamente 30 mil, os habitantes que emigraram, só no ano de 2013 foram 120 mil. Não é só uma questão de números quantitativos, mas também a “qualidade” dos emigrantes mudou. Já não estamos a falar do construtor civil, da empregada de limpeza ou o taxista. Não desprezando nenhuma das anteriores referidas profissões, digo, que nenhuma delas teve grande investimento por parte deste nosso retângulo. Atualmente, os jovens, (sim porque são acima de tudo jovens, aqueles que saem do país), têm uma formação especializada. Estamos a falar de investimento de um país inteiro a formar um profissional com a finalidade de vir a contribuir para onde foi criado, e que na vez disso, vão exercer para outros países. Como é óbvio não sou contra a UE. Muito pelo contrário – sou um Europeu convicto! Mas enquanto português não resisto a ficar desmoralizado ao ver estes valores. Honestamente não condeno nenhum, daqueles que daqui saíram para encontrarem uma nova vida. Condeno sim, o facto de terem de o fazer.

Mas este “Cinismo de Estado” que aqui encontramos, roça o sarcasmo, quando depois do convite à emigração, há o programa “Vem”. Verdade é que temos que cumprir algumas metas impostas pelos outros Estados-membros, como a Agenda 2020 – que nos obriga a um certo número de licenciados no país, mas não é com dinheiro para 50 projetos que algum vem. Digo mais, atualmente não é de financiamento, por parte do Estado, que o emigrante quer. Na verdade, para isso, existem empresas especializadas, nesses serviços – chamam-se “Entidades Bancárias”. Para ser ainda mais específico, os emigrantes querem o mesmo daqueles que por cá ficaram: condições para trabalhar. Apoios por via das externalidades? É uma das formas. Menos burocracia para montar negócio? Outra. Impostos mais baixos, ou salários mais altos? Fundamental.

Para além de serem menos contribuintes, menos dinheiro a circular, e menos qualidade de profissionais, este problema salienta outro, ainda maior: a sentença de morte à Segurança Social.

Mérito seja dado ao Secretário-geral da JS, João Torres, quando diz: “trata-se de uma mão vazia e outra cheia de nada”, e na verdade tenho que concordar. Na prática, trata-se de um programa para “emigrante inglês” ver. Vem então o meu conselho: se os queremos de volta, valorizemos-los, sem condenar ninguém a “excesso de habilitações”!

Até uma próxima, deste que tanto vos preza.