1
“Desponta em ti,
O que ao amor me condena,
Teu olhar que eu só vi,
Na mulher de Ipanema.
E do teu gingado,
Que preenche a calçada,
A ilusão de um pecado,
Pior, quanto melhor saiba.
Já pressinto o teu cheiro,
É o da flor que te dei,
Dele, se andasse o mundo cheio,
Era o amor o seu rei.”
FIM
2
“Carícia plena,
Sua mão intrusa,
Massagem que lembra
O tesão de que me acusa.
Mão inteligente,
Que só me faz bem,
Tem dedos carentes
Do corpo de alguém.
Faz minha vontade,
É por mim querida,
Tanto assim que é verdade
Sua falta é sentida.”
FIM
3
“ Do seu olhar sobressai,
O caráter gentil que tem,
E me inspira a dizer que onde vai
Se vê logo que é uma babada mãe.
Mas é sobretudo mulher,
E afirmo-o nessa qualidade,
Que é tão bonita que para ver,
Devia ir-se ao museu da cidade.
Tem um ar tão jovial,
Que a não sei ver de outro jeito,
Uma mulher que é um festival
De alegria a que temos direito.”
FIM
4
“Irradia alegria,
O seu sorriso,
Qual sol que, de dia,
Me traz o que eu preciso.
Ela é bela e audaz,
E até tem talento
Pra fazer-me crer que o que faz
É o melhor do que eu lembro.
É um imenso conforto,
Dar por mim a sonhar
Que, se me desse troco,
Eu seria o seu par.”
FIM
5
“Nem alta, nem baixa,
Vem na medida certa,
E sem o ar de quem acha
Que, mais do que as outras, é esperta.
Nem magra, nem gorda,
Tem uma silhueta perfeita.
Não dorme a pensar que é outra,
Nem quando rainha se deita.
Deito a pensar se quer,
De mim um simples beijo,
E se no dia em que mo der,
Me dá tudo o que nela vejo.”
FIM
6
“ Lábios vermelhos,
Parecem morangos,
Desses que ao comê-los
Os engulo inteiros.
Olhos que se adequam
Com exatidão,
Num rosto onde abundam
Os sinais de perfeição.
O nariz esculpido
Por um sábio artesão,
A quem foi o Cupido
Que deu a inspiração.”
FIM
7
“De nada melhor cuida
Do que do meu amor,
Em prol do qual até usa
O sobrenome de flor.
É menina e também mulher,
Porém de ar delicado,
Sei que vai, do amor que lhe der,
Cuidar com o maior cuidado.
É muito senhora de si,
Só faz o que tem vontade,
Mas é por saber que, em mim,
Só o amor dela é que cabe.”
FIM
8
“Pelo lustroso,
Assim meio eriçado,
Onde nunca um piolho
Foi sequer avistado.
Tem a cauda solta ao vento,
Que isto é só para quem pode,
E de dormir ao relento,
Um friso de gelo no bigode.
Eis como é a vida de um gato
Que até podia ter tudo,
E só tem, sob o céu estrelado,
Um lar do tamanho do mundo.”
FIM
9
“São quase um pecado,
Os seus olhos castanhos,
Esse eterno aliado
Do prazer que nos damos.
São quase um pecado,
Os seus lábios carmim,
E eu de vê-los fico ávido
De ouvi-los dar-me um sim.
São quase um pecado,
Os seus olhos nos meus,
Como eu dizer desolado,
Quando vai dormir: adeus.”
FIM
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