Villas-Boas: “portista” nas palavras, rival nas ações

O portista Otávio desfez uma equipa, o não-portista Mourinho fez um campeão europeu. Por isso, nada contra a cor da gravata do treinador diferir da cor do seu coração. Mas tudo contra aqueles que se dizem adeptos e agem como rivais.

Talvez seja má vontade, talvez André Villas-Boas seja o exemplo dum novo portismo nascente, não sei, o que sei é isto.

A este “portista” foi dada a oportunidade única de treinar um grande clube quando tinha apenas 31 anos e um resultado banal na Académica como experiência máxima.

A este “portista” foi dado o melhor plantel da história do clube, quer em qualidade, quer em experiência. Só para se ter uma noção básica, um plantel que nos anos seguintes gerou mais de 300 M€.

E este “portista” correspondeu duma forma extremamente competente, fazendo o clube perspectivar uma nova época com ele e assim convencer as estrelas a ficarem mais um ano.

A este “portista” tudo corria bem, e sem ninguém lhe encomendar o sermão, sem sequer existir uma necessidade de afirmação entre tantas vitórias, comparou a sua cadeira a um sonho.

E assim a nação portista, acreditando no caráter deste “portista”, porque as palavras vinculam o homem de palavra, regozijou com a perspetiva duma nova grande época portista.

Depois, bem, depois veio a estranha forma de portismo à lá Villas-Boas.

Este “portista”, que não fosse o Porto estaria a treinar uma qualquer Académica desta vida trilhando o mesmo duro caminho dos Jardins e dos Silvas, saiu.

Este “portista”, revelando todo o seu caráter, escolheu despedir-se através dum fax, deixando o clube sem treinador a uma semana do campeonato começar e com um motim no balneário.

Mais, este “portista” aproveitou o mediatismo duma Liga maior, onde relembro o Porto o colocou, para insinuar vezes sem conta o elevado preço a que o clube vendia os seus jogadores. E demonstrou com actos essa ideia, pois desde que saiu não contratou UM ÚNICO JOGADOR ao clube, ao contrário do não-portista Mourinho.

Mas, este “portista” pescou no Porto, através do seu método preferido, mandando um simples fax recrutou Wil Coort sem nada dizer ao Presidente que tudo lhe deu.

Talvez ele seja mesmo portista, talvez ele tenha deixado o Porto porque Vítor Pereira era melhor treinador que ele, se tenha abstido de contratar no Dragão para não desfalcar o clube, ou até tenha detetado incompetência em Wil Coort fazendo um sacrifício pessoal ao livrar o Porto da mesma.

Mais a sério, até se admite que os portistas esqueçam o orgulho, que imbuídos do desejo de resultados almejem a sua contratação, mas até por esse prisma, valeria a pena dobrar a espinha por este “portista”?

Por um treinador que falhou no Chelsea, falhou a Champions num Tottenham com Bale, que está em 5º lugar do campeonato russo com o milionário Zenit.

Seja pelo seu estranho “portismo”, seja pela sua estranha qualidade desde que saiu do Porto, seria muito estranho ver AVB novamente no Dragão.