Vitória ao cubo em berço blindado pela qualidade.

Vitória(clube), Vitória(treinador), Vitória(3 pontos).Foi na cidade berço de Portugal que se deu a maior surpresa da jornada, ou como quem diz, foi em Guimarães que o Vitória Sport Clube se superiorizou ao Sporting e, sem margem para dúvidas, impôs aos verde e brancos uns clarividentes, 3-0. Podíamos passar uma crónica inteira a debater os problemas defensivos do Sporting, a falar do que significa esta derrota nas aspirações leoninas ou mesmo discutir a total justiça do resultado. Contudo, o objectivo é outro, o objectivo é destacar e analisar a maior surpresa do campeonato até então, o Vitória de Guimarães.

O jogo do passado sábado, só serviu para confirmar o que já se previa, este Vitória é um caso sério. É que, sem um orçamento por aí além, ocupar o 3º lugar do campeonato com apenas uma derrota em 9 jogos, 18 golos marcados e 7 sofridos, faz-nos ver que é, sem dúvida nenhuma, um óptimo começo. Os Vimaranenses aliam a sua fantástica classificação, a um futebol de encher o olho, recheado de jovens com talento, apoiado pela sua enorme, e sempre fiel, massa adepta e cheio de trabalho táctico que faz ressaltar o, óbvio, dedo do seu treinador.

As verdades são para serem ditas, este Vitória tem dedo de Rui Vitória, rima e é verdade. Nunca o nome do treinador Ribatejano assentou tão bem no clube que orienta como agora. A cumprir a sua 4ª época como treinador do V.Guimarães, é possível afirmar que só agora as coisas lhe estão a correr totalmente de feição, pelo menos de acordo com todas as expectativas que foram, logo desde inicio, depositadas em si. Não se pode dizer que o que está a acontecer esta época de 2014/2015, seja obra do acaso, não. A equipa de Rui Vitória, tem demonstrado qualidade, tanto na circulação de bola, como na forma como se desdobra facilmente e chega, com toda a rapidez, ao ataque, mas, acima de tudo, pelo laboratório montado pelo treinador sensação da Liga, que não deixa uma única bola parada ao acaso e as mesmas são a maior arma de da equipa vitoriana. A forma exímia como são batidas e estudadas, dizem muito do actual sucesso da equipa, que cria muitas das suas jogadas de golo, graças a isso. Os adversários, por sua vez, parecem ser incapazes de defender os lances estudados e de contrariar a poderosa ofensiva dos homens  de Guimarães.

Não há treinador sem equipa nem equipa sem treinador. Como tal, urge a necessidade de mencionar, igualmente, os bravos craques vitorianos. Num declarado 4-3-3, que tem como base a sua sólida defesa, composta, quase sempre por, Douglas, agora Assis em virtude da lesão do veterano,  Bruno Gaspar à direita e Traoré à esquerda, no centro contam com aquele que é, muito provavelmente, o central em maior ascensão na Liga, João Afonso  e o seu companheiro, que não jogou no último jogo, Defendi. No meio-campo, contam com o trinco, Saré, com o motor e o pequeno génio vitoriano, André André e mais à frente a pérola ganesa, Bernard, o miúdo prodígio deste Vitória. Nas alas, contam Alex, que tem feito uma óptima temporada, assim como Hernâni, igualmente importante e surpreendente. Na frente, o miúdo português com muito futuro pela frente, Tomané. Este onze habitual do Vitória é, além de muito coeso e criativo, um onze cheio de qualidade com uma clara aposta na formação a dar efeitos muito positivos, como é o caso, por exemplo, de Bernard, Tomané e Josué. Poder-se-ia dizer que a estrela da equipa é o colectivo, não estaria de todo errado, no entanto, não se pode falar na sensacional campanha vitoriana sem referir André André, que vem reclamando oportunidades na Seleção Nacional – que tardam em aparecer – e Bernard, o jovem prodígio que vai dar muito, mesmo muito que falar e que já tem despertado cobiça dos mais variados emblemas europeus.

Com estes jogadores de qualidade, com um treinador com processos cada vez mais definidos e uma massa adepta de fazer inveja a qualquer equipa do nosso campeonato, o Vitória Sport Club vai deixando, cada vez mais, de ser uma surpresa, para se assumir como uma certeza e marcar posição no top-3 da Liga Portuguesa. Tudo será possível desde que, mantendo a sobriedade, não se deixem iludir, deslumbrar ou levar pelos elogios que, semana após semana, surgiram e surgirão na imprensa. Na cidade berço, o castelo vitoriano está bem protegido por uma armada de miúdos que quer vincar a sua posição e mostrar que em Portugal, também há muita qualidade. Afinal de contas, em 9 jogos, marcar 3 ou mais golos por 5 vezes, é obra. Tudo o que vier daqui para a frente, dependerá de uma série de factores com os quais, uma equipa nova, não está habituada a lidar. Veremos.