A vitória de quem acredita – Bárbara Borralho

Se correu mal, levanta-te. Não percas tempo. Não fiques no chão, não esperes que espezinhem o que resta de ti. Não penses no passado, no que podia ter corrido melhor, no que podias ter feito para que as coisas tivessem sido diferentes. Agarra-te com unhas e dentes ao que tens e, principalmente, ao que és.

Se te deitaram ao chão, não olhes para trás. Não tentes voltar a seguir os mesmos trilhos. Não adianta, não é o fim do mundo. Tinhas de perceber que não valia a pena. Nunca valeu a pena. Nem toda a gente que entra na tua vida está destinada a permanecer contigo. Mantém por perto as pessoas que te dão verdade não só nas palavras mas também nos gestos.

Não tenhas medo de amar. Mas nunca ames alguém mais do que te amas a ti próprio(a). Não te esqueças do respeito próprio, dos valores… Não te esqueças de ser humano(a). E sempre que as coisas correrem mal, encara o momento como uma oportunidade para cresceres e seres uma pessoa ainda melhor.

Muitas das vezes em que as coisas não resultam é porque desistimos quando estamos demasiado perto da felicidade. Mas não notamos que falta pouco, que já subimos a maioria das escadas e que só nos falta estender a mão para tocar no hipotético paraíso que guarda todos os nossos sonhos.

Aprendi a reconhecer tudo isso. A deixar que o tempo me mostre muitas coisas. Aprendi a ser fiel a mim mesma e àquilo em que acredito. Aprendi a dar segundas oportunidades e a engolir o orgulho, mesmo que seja amargo. Não somos más pessoas por cometermos um erro ainda que crasso. Somos humanos e somente isso.

Aprendi muito contigo, como se tivesses entrado na minha vida com o propósito de me mostrar o que antes teimava em não ver. Antes de te conhecer já escrevia para ti. Naquelas longas noites de Verão em que me sentava na varanda com um caderno e uma caneta. Naqueles longos minutos em que olhava para a rua inteira à procura das palavras certas.

Não sabia o teu nome, não escrevia morada alguma nos envelopes, mas selava-os com todo o amor do mundo. Era como se parte de mim esperasse por ti e soubesse que havias de aparecer. E a verdade é que apareceste realmente.

Continuo a escrever para ti. Agora fecho os olhos e imagino que estás diante de mim, sem teres hora para estares noutro sítio qualquer. Os envelopes já têm destinatário e as cartas continuam com o mesmo amor que sempre esteve destinado a ti.

Existem momentos que estão destinados a acontecer mesmo que andemos por muitos caminhos errados entretanto. Mas acontecem. Acontecem quando menos esperamos, quando desvalorizamos os clichés e as palavras vagas. Sempre escrevi para ti e só agora me apercebi disso.

A vida pode ser incrível se soubermos o que fazer com ela e se não desistirmos quando nos depararmos com um obstáculo.

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