Olhando para o título desta crónica, vocês pensam quase instintivamente «Ena, pá. O que será que lhe aconteceu? Bom, certamente, ele deverá estar a exagerar um pouco, mas, o que será que realmente lhe aconteceu?» E o que aconteceu foi terrível, meus amigos… Podem pensar que estou a exagerar, quando afirmo que vivi um verdadeiro filme de terror, mas, posso aqui afirmar, garantidamente, que vivi literalmente um filme de terror. A história que vou aqui contar, aconteceu no fim-de-semana passado, mas ainda está bem presente na minha memória, porque, ainda hoje sofro de verdadeiros e assustadores pesadelos à sua conta.
No fim-de-semana passado, a minha namorada surgiu com a genial ideia de irmos à nova loja Primark, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa. Visto que, a loja tinha aberto à relativamente pouco tempo, fiz-lhe o favor (Até para ver se ela me dava algum descanso mental. Vocês sabem como são as mulheres, certo? E vocês, mulheres que estão a ler este texto e a abanar a cabeça, não vale a pena armarem-se em desentendidas, ok? ). Longe de mim pensar que, esta decisão, viria a revelar-se realmente assustadora. É que, dois dias antes tinha sido a inauguração da loja. E, ao que parece, a inauguração terá ficado marcada por vários assaltos, roubos e algumas detenções por parte da polícia. Mas aqui o inteligente pensou «Ah, mas já foi há dois dias, já deve estar mais calminho…»
Pois que não estava, meus amigos. Aquela loja parecia um verdadeiro cenário de guerra! A dada altura, após ter ganho a coragem necessária para entrar na loja, pensei que estava na faixa de Gaza, no meio do confronto entre Palestinianos e Israelitas. As pessoas estavam loucas a correr de um lado para o outro, em vários sentidos opostos, arfando que nem lobisomens famintos! Virei-me para a minha namorada e disse-lhe: «Faças o que fizeres, não largues a minha mão!» E ela assim o fez até certa altura em que eu, completamente convencido de que estava em pleno cenário de guerra, atirei-me para o chão, puxando-a bruscamente pela mão, ao ter ouvido o que me parecia ser uma granada de mão. Afinal, tinha sido apenas um chico-esperto que tinha deixado cair um cabide no chão. Levantei-me, agarrei-lhe a mão e, interpretando o papel de Arnold Schwarzenegger em «Exterminador Implacável», disse-lhe as seguintes palavras: «Vem comigo, se queres viver!» Ao que ela respondeu, simplesmente com um: «Deixa-te de ataques neuróticos e vê se cresces, pá!»
Lá continuamos naquela demanda de pura loucura, tentando ver umas peças de roupa, quando sofremos um valente encontrão que me levou de volta ao chão. Levantei-me rapidamente, procurando pela mão da minha namorada, mas ela tinha desaparecido. «Meu Deus! Raptaram-me a gaja! E agora, o que vai ser de mim?! O que vou fazer à minha vida?! Quem é que me faz as bainhas das calças, agora? Tenho de a encontrar rapidamente! Um homem sem as bainhas das calças feitas, não é um homem!» Foram as primeiras palavras que me surgiram! Então, fiz-me destemido e embarquei numa viagem alucinante pelas trincheiras da loja Primark! Procurei, rastejei, corri, saltei e nada de «gaja»! Desesperado, só me ocorreu uma ideia: encontrar o serviço de apoio ao cliente, e pedir para chamarem pelo nome dela. E, ao mesmo tempo, fazer figas para que alguém não tivesse explodido com o serviço de apoio ao cliente, numa das variadíssimas trocas de bombas entre exércitos palestinianos e israelitas. Constatei que não, que o serviço de apoio ao cliente estava ainda de pé e a funcionar na perfeição. Após várias tentativas de chamarem pelo nome da minha namorada, eis que chegam a uma triste conclusão: «Desculpe, mas fizemos tudo o que podíamos… Lamentamos imenso…»
Desolado e triste por ter perdido a «gaja» que me fazia as bainhas das calças, começo a rastejar em direcção da loja, tentando assim evitar ser alvejado pela troca de balas. E eis que dou de caras com a minha namorada! Estava viva! E não tinha sido raptada! Estava com um sorriso na cara, e tinha em sua posse vários sacos. Estranhei o seu sorriso e perguntei: «Estás bem? Fizeram-te mal? Como conseguiste fugir? Libertaram-te assim, sem mais nem menos? Estás bem?» Ao que ela – novamente com um sorriso na cara – reponde: «Ó minha grande besta quadrada! Eu não fui raptada, seu animal! Fui apenas aos provadores experimentar umas peças de roupa. Já paguei e estou pronta para ir embora. Vamos? E já agora, onde é que estiveste este tempo todo? A mirar gajas, não é? Mulherengo d´um raio!»
Conclusão: Foi um dia bem passado, sim senhor… A repetir, mas, da próxima vez, é favor tomar um Valium antes de sair de casa… IRRA!
Até para a semana, malta catita!
Crónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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Quer um conselho? Para a próxima, faça como o gajo emprestado cá de casa: fique na praça da alimentação enquanto eu escolho a trapalhada toda que quero para mim e para os putos… (Primark é assustadora sempre, inauguração ou não…, Mas fazem-se excelentes compras… E também lá fazem as baínhas, Ricardo!)
Obrigado Ana Isabel, pelo conselho. Mas não o posso seguir, visto que a minha namorada faz questão de ter a minha opinião nas compras que faz – o que eu entendo com uma enorme prova de confiança no meu gosto, por parte dela. Mas, ao mesmo tempo, um enorme erro, visto eu ser um verdadeiro leigo no que toca a roupa feminina… 🙂
Ricardo adorei a crónica e fartei me de rir…:)
Bem, entre mortos e feridos todos se escaparam.
Obrigado Júlia Cardoso. Sim, foi uma aventura do camandro, mas ninguém se magoou… 🙂 Eh Eh