Vivi um verdadeiro filme de terror! – Ricardo Espada

Olhando para o título desta crónica, vocês pensam quase instintivamente «Ena, pá. O que será que lhe aconteceu? Bom, certamente, ele deverá estar a exagerar um pouco, mas, o que será que realmente lhe aconteceu?» E o que aconteceu foi terrível, meus amigos… Podem pensar que estou a exagerar, quando afirmo que vivi um verdadeiro filme de terror, mas, posso aqui afirmar, garantidamente, que vivi literalmente um filme de terror. A história que vou aqui contar, aconteceu no fim-de-semana passado, mas ainda está bem presente na minha memória, porque, ainda hoje sofro de verdadeiros e assustadores pesadelos à sua conta.

No fim-de-semana passado, a minha namorada surgiu com a genial ideia de irmos à nova loja Primark, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa. Visto que, a loja tinha aberto à relativamente pouco tempo, fiz-lhe o favor (Até para ver se ela me dava algum descanso mental. Vocês sabem como são as mulheres, certo? E vocês, mulheres que estão a ler este texto e a abanar a cabeça, não vale a pena armarem-se em desentendidas, ok? ). Longe de mim pensar que, esta decisão, viria a revelar-se realmente assustadora. É que, dois dias antes tinha sido a inauguração da loja. E, ao que parece, a inauguração terá ficado marcada por vários assaltos, roubos e algumas detenções por parte da polícia. Mas aqui o inteligente pensou «Ah, mas já foi há dois dias, já deve estar mais calminho…»

Pois que não estava, meus amigos. Aquela loja parecia um verdadeiro cenário de guerra! A dada altura, após ter ganho a coragem necessária para entrar na loja, pensei que estava na faixa de Gaza, no meio do confronto entre Palestinianos e Israelitas. As pessoas estavam loucas a correr de um lado para o outro, em vários sentidos opostos, arfando que nem lobisomens famintos! Virei-me para a minha namorada e disse-lhe: «Faças o que fizeres, não largues a minha mão!» E ela assim o fez até certa altura em que eu, completamente convencido de que estava em pleno cenário de guerra, atirei-me para o chão, puxando-a bruscamente pela mão, ao ter ouvido o que me parecia ser uma granada de mão. Afinal, tinha sido apenas um chico-esperto que tinha deixado cair um cabide no chão. Levantei-me, agarrei-lhe a mão e, interpretando o papel de Arnold Schwarzenegger em «Exterminador Implacável», disse-lhe as seguintes palavras: «Vem comigo, se queres viver!» Ao que ela respondeu, simplesmente com um: «Deixa-te de ataques neuróticos e vê se cresces, pá!»

Lá continuamos naquela demanda de pura loucura, tentando ver umas peças de roupa, quando sofremos um valente encontrão que me levou de volta ao chão. Levantei-me rapidamente, procurando pela mão da minha namorada, mas ela tinha desaparecido. «Meu Deus! Raptaram-me a gaja! E agora, o que vai ser de mim?! O que vou fazer à minha vida?! Quem é que me faz as bainhas das calças, agora? Tenho de a encontrar rapidamente! Um homem sem as bainhas das calças feitas, não é um homem!» Foram as primeiras palavras que me surgiram! Então, fiz-me destemido e embarquei numa viagem alucinante pelas trincheiras da loja Primark! Procurei, rastejei, corri, saltei e nada de «gaja»! Desesperado, só me ocorreu uma ideia: encontrar o serviço de apoio ao cliente, e pedir para chamarem pelo nome dela. E, ao mesmo tempo, fazer figas para que alguém não tivesse explodido com o serviço de apoio ao cliente, numa das variadíssimas trocas de bombas entre exércitos palestinianos e israelitas. Constatei que não, que o serviço de apoio ao cliente estava ainda de pé e a funcionar na perfeição. Após várias tentativas de chamarem pelo nome da minha namorada, eis que chegam a uma triste conclusão: «Desculpe, mas fizemos tudo o que podíamos… Lamentamos imenso…»

Desolado e triste por ter perdido a «gaja» que me fazia as bainhas das calças, começo a rastejar em direcção da loja, tentando assim evitar ser alvejado pela troca de balas. E eis que dou de caras com a minha namorada! Estava viva! E não tinha sido raptada! Estava com um sorriso na cara, e tinha em sua posse vários sacos. Estranhei o seu sorriso e perguntei: «Estás bem? Fizeram-te mal? Como conseguiste fugir? Libertaram-te assim, sem mais nem menos? Estás bem?» Ao que ela – novamente com um sorriso na cara – reponde: «Ó minha grande besta quadrada! Eu não fui raptada, seu animal! Fui apenas aos provadores experimentar umas peças de roupa. Já paguei e estou pronta para ir embora. Vamos? E já agora, onde é que estiveste este tempo todo? A mirar gajas, não é? Mulherengo d´um raio!»

Conclusão: Foi um dia bem passado, sim senhor… A repetir, mas, da próxima vez, é favor tomar um Valium antes de sair de casa… IRRA!

Até para a semana, malta catita!


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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