Bem sei que ainda faltam 2 meses. Mas, se pensarmos nos valores da abstenção nos últimos actos eleitorais, todos os alertas são poucos.
“Votar para quê? São sempre os mesmos”. Todos conhecemos alguém que disse (ou diz repetidamente) esta afirmação. A verdade é que uma das razões para serem sempre os mesmos – entenda-se, sempre os mesmos partidos a governar – é mesmo o facto de muitos eleitores nem sequer votarem. Se não gosta de nenhum dos chamados “partidos do arco da governação” vote num dos outros.
Sabia que o maior “partido” é a abstenção? Nas legislativas de 2011, a abstenção atingiu os 58,07%. O PSD teve 38,65% e CDS-PP teve 11,70%. Ou seja, a abstenção superou em mais de 7% o resultado obtido pela maioria que governou nos últimos 4 anos. Ainda acha que não faz diferença?
Se a grande maioria dos portugueses votassem – e tendo em conta que se ouve e lê por todo o lado, seja nos cafés, no trabalho, nas redes sociais, etc, sobre os partidos que costumam governar, mais partidos dos já apelidados “alternativos” estariam representados na Assembleia da República (isto é, elegeriam deputados), o que obrigaria qualquer que fosse o partido que ganhasse o acto eleitoral a fazer vários acordos para conseguir formar governo e aprovar qualquer “coisa”. Não acha que isso tornaria muito mais difícil a qualquer partido fazer diferente do que apresentara na campanha eleitoral? Eu acho. Os primeiros a obrigá-los a cumprir seriam os parceiros do acordo. Mais partidos na Assembleia significa, para mim, mais pontos de vista, mais representatividade de quem os elegeu, porque, no que toca aos maiores partidos, todos sabemos que grande parte dos deputados põe as suas convicções, as ideias e vontades de quem representam de lado, para votarem cegamente as ordens dos seus partidos.
Outra questão, mais delicada, é a legitimidade de quem não vota. Não falo de legitimidade legal, mas de legitimidade moral. Pergunto eu: que moral terá quem não vota para criticar quem governa? Na minha modesta opinião não devia ter nenhuma, pois se não se dá ao trabalho exercer o seu dever cívico, de participar na escolha (ainda que indirectamente) de quem nos governa em cada legislatura, vai reclamar depois do quê?
Quer fazer a diferença? Em Outubro vote. Mesmo que vote naquele partido que quase ninguém ouviu falar, mas do qual leu duas ou três ideias que gostou. Até pode não se suficiente para eleger alguém desse partido, mas cumpriu o seu dever cívico e contribuiu para a maior expressão popular. Caso contrário, as máquinas partidárias dos maiores partidos vão sempre levar a melhor. E aí sim, serão sempre os mesmos.
Crónica de João Cerveira
Este autor escreve em português, logo não adoptou o novo (des)acordo ortográfico de 1990
Sem papas na língua.. coisa que muitos políticos portugueses não têm…Para poderem votar nas próximas eleições legislativas de 4 de Outubro próximo, os portugueses residentes no estrangeiro – os nossos emigrantes – têm de inscrever-se nos cadernos eleitorais dos consulados da área da residência até ao dia de amanhã, 4 de Agosto.
Se até amanhã não estiverem inscritos, não poderão exercer o seu direito de voto.
Desde que o governo de traição nacional Coelho/Portas, apoiado pelo presidente vende-pátrias Cavaco Silva, tomou posse e pôs em prática a política terrorista austeritária dos credores externos definida pela Tróica, emigraram 400.000 portugueses, de entre um milhão e duzentos mil dos trabalhadores que ficaram sem trabalho.
Expulsos da Pátria por um governo de traidores, é evidente que estes quatrocentos mil portugueses jamais votariam nessa coligação de gatunos e ladrões, e decerto que, chamados a votar, votariam nos partidos da oposição.
Contudo, o governo Coelho/Portas e o presidente de Boliqueime tomaram as devidas medidas para que os 400.000 emigrantes à força não pudessem exercer nunca o seu direito de voto em futuras eleições legislativas.
O governo, sob o comando do então ministro dos negócios estrangeiros Paulo Portas, traçou e executou uma política de retracção de despesas que reduziu para menos de metade o número de consulados portugueses nos países de mais forte emigração. E, em alguns casos, chegou até a substituir consulados, como sucedeu na Suíça, por secretarias ambulantes em parques e jardins…
Os quatrocentos mil emigrantes, depois de expulsos do território pátrio, ficaram totalmente impossibilitados, por inexistência geral de consulados nos países das novas residências, de se inscreverem nos cadernos eleitorais.
Por outro lado, o presidente da república demorou, até ao extremo limite, a declaração da data do acto eleitoral para a assembleia da república.
Declarou tão tardiamente a data do sufrágio eleitoral legislativo que os 400.000 emigrantes, mesmo que largassem tudo, nunca teriam nem tempo nem consulado para se inscreverem.
Foram assim eliminados dos cadernos eleitorais os quatrocentos mil votantes de novos emigrantes criados pela política contra-revolucionária da Tróica. Quatrocentos mil votantes que, se pudessem votar, não votariam com certeza na quadrilha de políticos que os roubaram.
Quatrocentos mil votos roubados à oposição pelos gatunos do costume em São Bento e em Belém.
O que se está a passar em Portugal nestes últimos quatro anos não é apenas um roubo sistemático do trabalho, dos salários, das pensões, do emprego, da saúde, da educação e da cultura; é também um roubo sistemático da liberdade, da democracia, dos direitos civis, humanos e políticos.
Compatriotas! Unamo-nos como um só homem para escorraçar definitivamente os gatunos que nos têm estado a roubar em São Bento e em Belém!
Retirado do jornal Luta Popular Arnaldo Matos…