5 Objectos do Passado!

Com a constante evolução de tudo o que nos rodeia por vezes é importante pararmos e voltarmos ao passado. E é precisamente isso que vos proponho esta semana: fazermos uma curta, mas espero que agradável, viagem ao tempo que não volta mais. Mas atenção, esta viagem não é apenas “porque sim”! Não senhor! Esta será uma viagem didáctica. Sim, porque alguém tem que ensinar aos jovens de hoje em dia como eram os anos 80 e 90, certo? Pois, e como ninguém queria essa tarefa eu cheguei-me à frente! O “Desnecessariamente Complicado” desta semana criou um top de cinco objectos do passado que todos os jovens precisam de conhecer!

Antes de mais, três notas prévias. Primeiro: este top não tem qualquer ordem específica. Todos os objectos mencionados são igualmente importantes, não existindo qualquer significado nos números que ocupam no top. Segundo: estes objectos foram escolhidos aleatoriamente. A verdade é que podia ter escolhido pelo menos mais duas dezenas, contudo foram estes os contemplados. Terceiro: sou um orgulhoso filho dos anos 90 (mais concretamente do ano de 1990). O que significa que não usei alguns dos objectos que vou mencionar. Contudo, conheço-os e sei o suficiente sobre eles para os apresentar neste top. Agora que nos entendemos vamos seguir em frente? Vamos a isso!

1 – Telefone de Discar

Telefone de Discar
Telefone de Discar

Comecemos por algo simples, até porque o nome diz tudo: é um telefone. E garanto-vos que o nome é honesto e o objecto era mesmo um telefone! Contudo não era um telefone sequer semelhante aos que temos hoje em dia. Primeiro: era um telefone fixo. Ou seja? Apenas o podíamos usar em casa e não andava sempre no bolso direito das calças de ganga (até porque não havia nenhum bolso suficientemente grande para que isso fosse possível). A particularidade deste telefone estava nos números: para marcar o número que queríamos tínhamos que girar uma roda até ao dito número, deixar a roda voltar á posição inicial e voltar a rodá-la para marcar o número seguinte. Eu sei, porquê complicar se podíamos carregar numa só tecla, não é? Eu ainda tive um telefone fixo destes. Claro que não o cheguei a usar (diz que os adultos não gostam que as crianças carreguem em números ao acaso…vá lá perceber-se porquê…), mas na minha casa havia um. Lembro-me nitidamente de olhar para o telefone e pensar: “Cá pra mim aquilo mais depressa é uma nave espacial do que um telefone…”. E sabem que mais? Cheira-me que hoje em dia qualquer um de vocês, petizes, diria exactamente o mesmo ao olhar para um telefone de discar.

2 – Máquina de Escrever

Máquina de Escrever
Máquina de Escrever

Mais uma vez o nome do objecto diz tudo: era uma máquina…de escrever. Jovens petizes do século XXI, estão a ver os vossos computadores, tablets e smarthphones? Pois tenho uma novidade para vos dar: não existiam no tempo dos vossos pais. Eu sei que parece impossível, mas garanto-vos que é verdade. Os modernos, e inteligentes teclados, que têm sempre na ponta dos dedos eram uma miragem para os vossos progenitores. Mas sabem o que eles tinham? Máquinas de escrever. Eram grandes, pesadas, faziam muito barulho e a probabilidade de cometermos vários erros numa frase simples era elevadíssima. Eu sei, parece um sonho não é? Pois, mas era o melhor que havia. E muito boa gente escrevia todas as suas cartas nelas (sabem o que é “escrever uma carta”? Não? Eu explico de forma resumida: é como enviar uma mensagem pelo Facebook mas escrevemos à mão numa folha, colocamos num envelope, compramos um selo, enviamos pelo correio e esperamos vários dias até que a outra pessoa a receba. Simples e prático não era?). Confesso que nunca toquei numa máquina destas e, que eu saiba, os meus pais nunca foram detentores de um exemplar. Contudo já ouvi histórias dignas de um filme de terror de tão difícil que era manobrar uma máquina de escrever!

3 – Listas Telefónicas

Pela primeira vez o nome não releva imediatamente o que é o objecto em causa. Têm que saber muito pouco sobre as listas telefónicas (cuja imagem está no topo desta crónica): todos tinham várias em casa, eram uma espécie de internet do seu tempo e ninguém as usava. Exacto: ninguém as usava. Quer dizer, muito de vez em quando lá acontecia recorrermos às listas telefónicas, mas era raro. “Mas se não as usavam porque as tinham em casa?”. Pois, aí é que está: tínhamos listas telefónicas em casa porque…eram gratuitas. Sim, leram bem crianças e adolescentes: gratuitas! Contudo a sua utilização era…digamos….chata (penso que “chata” é pouco, contudo não quero que o nível de linguagem desça drasticamente). A maneira mais simples de vos explicar como funcionava é recorrendo a um exemplo: já ouviram falar de uns objectos arcaicos que os homens e mulheres de antigamente usavam, chamados “dicionários” (os de papel e capa dura, não os da internet, obviamente!)? Pronto, aqui o conceito é igual mas aplicado a pessoas e empresas: tínhamos que percorrer a lista, folha a folha, em busca do número pretendido. Se, por acaso, a pessoa tivesse um nome muito comum (ou vivesse numa cidade um pouco maior) a busca poderia demorar várias horas. Estão a imaginar o sonho que não era passar várias horas a folhear uma lista grossíssima, lendo letras do tamanho mais pequeno alguma vez inventado, em busca de um só nome e respectivo número? Pois…bem-vindos aos anos 90!

4 – Disquetes

Disquetes
Disquetes

Eu sei que tudo o que for abaixo do topo de gama da tecnologia actual é demasiado antiquado para vocês, mas têm de ser fortes nos próximos minutos, ok? Querem saber o que são as disquetes? Eu explico: são o tetravô das pen drives que colocam no vosso computador portátil. Ou seja? São dispositivos de armazenamento de dados, mas com uma particularidade: armazenavam muito poucos dados. “Oh, de certeza que não era assim tão mau e tu é que estás a exagerar…”. Vejamos se estou a exagerar: se queriam guardar fotografias de família ou com amigos uma disquete podia guardar, no máximo, meia dúzia de fotografias. Então, estava a exagerar? Claro que não estava! Têm de aprender em confiar em mim petizada! Basicamente era preciso ter uma enorme quantidade de disquetes para guardar meia dúzia de documentos, músicas ou fotografias. Ah, e escusado será dizer que o processo levava vários minutos, o que se tornava extremamente divertido (só que não…). Contudo as disquetes têm uma vantagem quando comparadas com as pen drives actuais: eram tão grandes, e pesadas, que era praticamente impossível perdermos uma sem acontecer um sismo! Pensam que estou a exagerar? Então vão lá ao sótão dos vossos pais buscar uma disquete e deixem-na cair no chão e depois queixem-se que toda a vossa vila foi afectada por um sismo de 7.3 na Escala de Ritcher!

5 – Dot

A quinta, e última, entrada neste top é um objecto que todos os que viveram nos anos 90 querem esquecer. O DOT foi um dos maiores embustes do final dos anos 90, contudo é dos menos falados.  A premissa era a seguinte: tínhamos que comprar uns pequenos pedaços de cartão (arredondados e amarelos) chamados “DOT” e depois colávamos o dito cujo no canto superior do televisor. “Mas colávamos a qualquer hora e em qualquer canal?”. Pois, aí é que está: só tínhamos de os colar em certas horas e apenas num canal (a SIC). “Ah, isso quer dizer que havia um negócio envolvido…ok, mas o que ganhavam as pessoas com isso?”. Diziam as “regras” de utilização do DOT que seriam sorteados vários prémios mas apenas (e este “mas” é muito importante) se a nossa televisão estivesse sempre no dito canal. Ou seja, se o DOT fosse colado no canto superior da televisão mas, em dada altura, mudássemos para outro canal…já teria sido tudo em vão. Exacto, bastavam cinco minutos longe do canal três para já não podermos ganhar qualquer prémio.

DOT
DOT

“Mas como raio sabiam eles que tínhamos estado sempre a ver o canal deles?”. Pois, essa era a pergunta que todos fazíamos (e que ainda hoje fazemos dado que nunca obtivemos resposta…). Era um microchip dentro do cartão? Era tecnologia avançada ao nível do que a NASA utilizava? Ninguém sabia, mas era óbvio que aquilo não apresentava muita confiança, que era de fabrico simples e que não se percebia de facto como raio aquilo podia entrar em contacto com algo e saber que estivemos sempre no mesmo canal. Segundo a empresa que desenvolveu o produto, a multinacional holandesa TV Miles, numa entrevista dada ao Expresso pelo seu responsável Andrej Henkler: “O processo funciona como uma máquina fotográfica, em que os buracos do Dot são como a lente que focam o sinal. É essa informação combinada, que é registada em cada um dos buracos, que activa o Dot”.

“Mas isso era….uma burla e uma medida desesperada na luta por audiências…”. Pois era, ainda bem que já perceberam isso. Talvez por isso o DOT tenha estado entre nós tão pouco tempo e tenha tido uma morte tão rápida. “Ok, já percebemos que isso foi uma tanga gigantesca, mas ao menos os prémios que prometiam eram bons? E alguém os chegou a ganhar?”. Para a altura em causa eram prémios de luxo, contudo para vocês vão ser apenas motivo de riso: alguns dos prémios eram 80 automóveis, 80 abastecimentos de 50.000$00 de combustível BP, 112 scooters, 112 viagens e 112 Nintendo 64. Para terminar este assunto…que se saiba nunca ninguém venceu estes prémios. Exacto: ninguém, em todo o país chegou a ganhar estes prémios! Eu sei, é deprimente, mas juro que é verdade!

Então petizada, gostaram destas cinco pequenas, mas didácticas, lições? Eu sabia que estavam a precisar destes ensinamentos! Mas atenção: não pensem que já sabem tudo o que precisam de saber sobre os anos 80 e 90! Têm um longo caminho a percorrer até poderem afirmar que compreendem aquilo que todos nós passámos! Agora vão lá agarrar-se aos vossos telemóveis (desculpem…aos vossos smarthphones), tablets, computadores, ipods e afins sem os quais a vossa vida não faz sentido enquanto nós (os filhos dos anos 80 e 90) vamos fazer algo chamado “conviver” com os nossos familiares e amigos (um dia deviam de experimentar, a sério, juro que a vida real é bem mais fantástica que a vida virtual…).

Boa semana.
Boas leituras.