Do pó viemos e ao pó voltaremos…

Esta famosa frase retirada da Bíblia (Gênesis 3,19) explica aquilo que significa o pó para a história da humanidade. Consta que esta frase foi proferida por Deus (aka o Criador) ao pelintra do Adão, depois de este ter sido ludibriado por Eva a comer o fruto proibido (aka o raça de uma simples e deliciosa maçã). Ou seja, a simples ingestão de uma simples e deliciosa peça de fruta foi motivo para a ameaça de Deus em transformar Adão em pó (e ainda querem convencer os petizes de que a fruta faz bem…). E, segundo consta, esse foi de facto o desfecho final. Ou seja, o pó foi criado por Deus para ser algo assustador e até aterrador. Pode parecer uma estupidez, mas provavelmente até tem algum impacto isto do pó…

O pó tem de facto algo de incomodativo na minha vida. Para mim – e falo apenas por mim, visto que existe neste mundo muita gente com gostos e práticas deveras estranhas – o pó é das coisas mais irritantes que pode existir. Por duas simples razões; por ser difícil de erradicar, e porque tenho alergia a ele. O pó é, para mim, simplesmente estúpido porque não tem utilidade nenhuma para além de nos azucrinar o juízo até ao tutano.

Odeio limpar o pó que abunda em quantidades industriais na minha habitação. Não por ser preguiçoso no que toca à limpeza do meu cantinho, mas sim porque sempre que o faço sinto que estou a ser envolvido numa luta desigual que, inevitavelmente, nunca irei sair vencedor. O pó é teimoso. O pó é persistente. O pó é absurdo. O pó é nocivo para a minha saúde. Odeio o pó.

Sempre que embarco nessa demanda injusta da erradicação do pó que “embeleza” as estantes da minha casa, acabo com mazelas. Eu limpo e passados 2 minutos ele está de volta. É uma luta desigual. É das coisas que mais stress provoca na minha pessoa e que leva a dada altura a alguns impropérios dirigidos a uma coisa que, estupidamente, existe: o pó. Ninguém acaba a limpeza do pó das estantes sem ter proferido um ou dois insultos ao dito cujo. Torna-se irritante e, por vezes, resulta até

em algumas peças de colecção a voar pela casa.
O pó é tipo aqueles putos irritantes que, após os avisarmos mil e uma vez para ficarem quietos, eles optam por fazer ainda pior. E tal como acabamos por dar uma palmada no rabo desses putos, por vezes acabamos por andar à batatada com o pó. Mas ele sai sempre vencedor, porque é esquivo. “Ai, aqui ando eu a pairar no ar… Ai, assim que te distraíres vou pousar naquela estante de livros que tu tanto gostas… Ai, aqui vou eu…”, é certamente como funciona o pó quando o tentamos erradicar da nossa vida. Ele não desaparece. Tal como Deus, ele parece ser omnipresente – pois está em todo lado por mais que o tentemos limpar.

Para além de ser persistente na sua existência, o energúmeno do pó tem por hábito provocar alergias em certas pessoas. Eu sou uma dessas pessoas, o que me faz odiar ainda mais o pó. Sempre que me preparo para limpar o pó tenho de considerar o uso de uma máscara de protecção. Mas desengane-se quem pensa que isso é suficiente para evitar uma série excessiva e por demais irritante de espirros descontrolados. O pó anda em todo o lado (é omnipresente, tal como referi anteriormente…), por isso torna-se muito complicado conseguir a proeza de ele não entrar pelas nossas narinas sem pedir licença. E se há coisa que não sou capaz de aceitar com alguma leveza na minha vida é a de algo entrar em mim sem a devida autorização (raios, como isto soou mal agora…).

Mas já tenho a minha vingança planeada. Quando falecer, vou levar uma prenda a Deus, o Criador do pó. Ando a reunir – com tremenda dificuldade e muitos espirros à mistura, confesso… – uma boa quantidade de pó para oferecer ao velhote de barbas brancas. Mas com a sorte que tenho, vou acabar por fazer parte desse mesmo pó antes de chegar à sua presença.

Ah, raios partam o pó…

Isto é que é uma Vida de Cão, hein…