Onde reside a genialidade dos Minions?

A única forma do estimado leitor não ter ouvido falar nos Minions é ter passado os últimos anos em Marte (e, mesmo assim, talvez já tivesse ouvido falar destes pequenos seres amarelos). Vá, quanto muito, admito que não saiba como se chamam. Mas é impossível não os ter visto em algum lado (até porque eles estão literalmente em todo o lado). Seja no cinema, na televisão, nos jornais ou na internet é impossível escapar à fofura dos Mínimos (esta é a tradução portuguesa do seu nome, contudo vamos continuar a chamar-lhes Minions, ok?). Em cinco anos (o primeiro filme onde aparecem é “apenas” de 2010) conquistaram miúdos e graúdos e fizeram rir milhões de pessoas. Mas afinal qual é o segredo destes pequenotes? O que os torna tão eficazes? O “Desnecessariamente Complicado” desta semana debruça-se sobre todas estas pequenas/grandes questões!

Decorria o ano de 2010 quando o filme “Despicable Me” (ou, na versão portuguesa, “Gru – O Mal Disposto”) chegou às salas de cinema. E assim que o trailer foi colocado na internet algo sobressaiu: os Minions. Ninguém sabia o que eram, o que faziam ou qual o seu papel no filme, mas era impossível ficar-lhes indiferente. Fisicamente tinham tudo para falhar: eram pequenos (nem todos são do mesmo tamanho, mas todos são muito pequenos), completamente amarelos, tinham uns óculos estranhos, alguns só tinham um olho, parecia que apenas haviam 4/5 tipos de penteados diferentes e, tanto quanto o trailer mostrava, não falavam (ou se falavam tal limitava-se a meia dúzia de palavras e expressões). Mas, apesar de tudo isto…tiveram sucesso. Aliás, muito sucesso.

Gru
Acho que falo por todos quando digo que o maior destaque de “Gru – O Mal Disposto” foram os Minions. Sim, o filme foi giro e teve piada. Divertiu-nos e fez-nos soltar umas boas gargalhadas. Mas quando pensávamos nos maiores destaques do filme, o que nos vinha à cabeça era…os Minions. Eles tinham conseguido arrebatar o filme! Não sei como, mas tinham conseguido! Era impossível não querer mais dos Minions. E daí até “Gru – O Mal Disposto 2” foi um pulinho.

Gru 2

O sucesso dos pequenos seres, de origem desconhecida, foi tão notório que em 2013 era deles o protagonismo. Claro que estava lá o Gru (e uma nova personagem, feminina, que só viríamos a conhecer com o desenrolar do filme), mas o grande destaque eram os Minions. Aliás, o cartaz até dizia “Mais Minions” em letras garrafais, para o caso de termos dúvidas. E não é que a história se repetiu? No final do filme de quem eram os melhores momentos? Dos Minions. Com quem é que nos rimos mais? Com os Minions. E de quem é que queríamos mais? Dos Minions.

A partir daqui passaram a ser caso de estudo. Eles não eram a personagem principal e nem sequer tinham muita história à sua volta, contudo arrebataram crianças e adultos. Muitas pessoas não sabiam quem era o Gru, mas sabiam quem eram os Minions. De repente eles passaram a estar em todo o lado: em todo o tipo de produtos (de roupa de criança a pratos e copos, por exemplo) e pela internet fora (são incontáveis os vídeos e imagens com as suas caras e com piadas, mais ou menos, elaboradas). Fazer com que uma personagem ganhe vida própria fora do contexto para o qual foi criada é extremamente difícil mas os Minions fizeram esse percurso de forma exemplar!

Minions

E é então que chegamos a 2015. Mais concretamente ao lançamento do filme “Minions”. As nossas preces tinham sido ouvidas! Finalmente ficaríamos a saber tudo sobre estes pequenotes! As dúvidas de que o sucesso se repetisse eram mais do que muitas (afinal de contas não é fácil criar um filme do zero onde as personagens principais não falam). Mas bastaram dois dias para o filme ser um sucesso. Foram muitos os milhões de euros, e dólares, feitos em bilheteiras um pouco por todo o mundo no fim-de-semana de estreia. Os cinemas tinham enchido como poucas vezes enchem actualmente. Os Minions tinham conseguido, mais uma vez, ser um sucesso.

Mas afinal qual é o segredo para este sucesso? Como é que algo que tinha tudo para falhar se tornou num dos maiores sucessos do século XXI do cinema? A verdade é que os Minions são uma criação muito inteligente e engenhosa.

Escapam a todos os preconceitos/ataques raciais ao serem…de uma cor totalmente diferente de todos os humanos. Ao serem amarelos escapam ao ataque da população negra radical (se fossem caucasianos) e da população caucasiana radical (caso fossem negros). Ao afastarem-se de qualquer religião evitam inúmeros ataques, e rótulos, preconceituosos. Se fossem católicos poderiam ser atacados pelos muçulmanos. Se fossem budistas poderiam ser criticados pelos católicos, e assim sucessivamente. Escapar a um tema tão polémico quanto a religião foi extremamente inteligente. Ao não serem de nenhuma zona específica do globo escapam aos lugares comuns de cada país/continente. Assim todos se podem identificar com eles, sem barreiras culturais.

E ao falarem uma língua própria conseguem tornar-se universais. Eles falam…uma língua só deles, mas falam. A língua dos Minions é uma mistura de Inglês, Espanhol, Francês, Italiano, Russo e Coreano. Ou seja? Dizem palavras e expressões de cada um destes idiomas, o que leva a que as respectivas populações se relacionem mais facilmente com eles. Mais uma vez, a decisão foi extremamente inteligente.

Os criadores dos Minions apenas podem ser atacados por uma coisa: por não existirem Minions femininos. Esta é, quanto a mim, a única “falha” destas personagens. Contudo, tal facto não despoletou qualquer problema até hoje (e não acredito que tal aconteça no futuro). Ou seja, a única falha…passou ao lado do grande público.

Mas atenção, os produtores vieram, entretanto, justificar esta opção dizendo que os Minions são demasiado tontos e parvos para poderem ser mulheres. Ou seja? É um elogio. Novamente foi uma jogada muito inteligente: conseguiram fazer desaparecer qualquer risco de uma polémica no futuro conseguindo, pelo caminho, elogiar todas as mulheres. Muito bem meus senhores, muito bem!

Minions

Mas já repararam que nós não devíamos de gostar dos Minions? É que eles…são maus. Eles não só ajudam o Gru (ou os seus diversos “chefes” como podemos ver no filme “Minions”) a fazer patifarias como fazem, eles próprios, mal a muita gente para atingir os seus objectivos. E, caso não saiba, dou-lhe de graça esta curiosidade sobre os pequenotes: eles foram criados para levar o público a gostar do Gru. É que o mauzão narigudo não tem uma figura que inspire muita simpatia e podia não agradar à criançada (mais uma vez a equipa de produção está de parabéns, a decisão foi inteligente e, diria mesmo, decisiva para o sucesso do franchise)!

Termino esta crónica com alguns comentários ao filme “Minions”. Primeiro: está a encher salas. E isso é sempre bom. Até porque é cada vez mais raro. Pela primeira vez em toda a minha vida estive num cinema cheio. Atenção, literalmente cheio! Falo em mais de quatrocentas cadeiras, repletas de crianças e adultos. Segundo: o trailer tem, sem dúvida, alguns dos melhores momentos do filme, contudo há muito mais para ver ao longo daquela hora e meia. Há momentos de chorar a rir (literalmente, pelo menos no meu caso) que não estão no trailer, por exemplo! Não deixem de ver o filme por isso, a sério!

Terceiro: na minha opinião, e vale o que vale, os pequenotes passaram claramente no teste. Não é o melhor filme de sempre, obviamente, mas é um bom filme. Cumpre aquilo a que se propunha: divertir e fazer rir. Quarto: a ligação a “Gru – O Mal Disposto” e “Gru – O Mal Disposto 2” foi feita de forma simples e clara, não afectando assim a consistência do franchise. Quinto: com tanto sucesso temos de começar a considerar a possibilidade de, daqui a uns 3/4 anos, termos mais um filme dos “Minions” nos cinemas. Pode nunca acontecer, claro, mas a acontecer já não pode ser uma prequela. Sexto: e, porque não, criar Minions femininos num futuro filme? Podia ser uma boa forma de criar mais histórias neste universo! Sétimo: quando daqui a vinte anos olharmos para trás será impossível não nos recordarmos destas personagens e deste filme.

Conclusão: serão os Minions a melhor personagem de sempre? Depende. Se estivermos a falar apenas dos filmes de animação eu diria que…são uma das melhores de sempre. É complicado (para não dizer impossível) eleger o melhor de sempre seja do que for! Contudo, sejam quais forem os critérios, é impossível não os considerar entre os melhores de sempre. Seja em 2º ou em 20º os Minions têm de lá estar.

Eu, pessoalmente, admito que sou um grande fã destes pequenotes. Adorei o filme, chorei a rir em duas ocasiões (literalmente, juro!) e tenho a certeza que riria se visse o filme outra vez. E os estimados leitores, gostam dos Minions? Já foram ver o novo filme? Se estão na dúvida não hesitem: vão, e levam os vossos filhos/sobrinhos, convosco!

Boa semana.
Boas leituras.