5 pedras (no sapato) da TV Portuguesa!

Antes de mais, um cumprimento aos leitores pela efeméride que hoje se comemora. Hoje, data da publicação da edição de Junho do Magazine Mais Opinião, é dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, data que, apesar de nada ter acontecido, muito nos honra enquanto portugueses patriotas.

Em jeito de introdução, seria bom que esse patriotismo, que nos move a fazer mais e melhor, se aplicasse também ao tema que aqui comento mensalmente. Depois de um mês de Maio em que analisei os programas que para mim integram o tesouro televisivo nacional, este mês (tal como prometido) parto rumo à maledicência. Eis os cinco piores programas da TV Nacional:

1 – O Poder do Amor (SIC)

Estreado recentemente pela estação de Carnaxide (SIC), o formato conduzido por Bárbara Guimarães, apesar de ainda gatinhar, já tem lugar neste top e certamente que o manterá por largos anos.

Em Poder do Amor nada há de bom. A produção é terrível e o casting  M-E-D-O-N-H-O a um nível difícil de se qualificar. Dar (mais) tempo de antena a Cátia Palhinha (ex Secret Story 2), ressuscitar Gisela Serrano (diva do Masterplan) ou empregar Quimbé  (‘’Media Market: Eu é que não sou parvo!’’) neste tipo de formato, revela um desespero audiométrico para o horário nobre de domingo que deixaria envergonhada qualquer outra estação. Por outro lado, a mistura com os casais anónimos cai ali de para-quedas, não dá com nada, terrível, terrível, terrível e… que mais posso eu dizer… Terrível!

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Quanto à apresentadora, não se pode pedir mais. Bárbara Guimarães cumpre um trabalho fácil, sempre com uma carga dramática que não aprecio neste tipo de formatos e um ritmo de falsa surpresa. Por outro lado, quem mais para conduzir a nova aposta da estação? Júlia Pinheiro nunca, Rita Ferro Rodrigues felizmente não me parece, uma das caras bonitas dos programas sociais das quais poucos se lembram? Não. A aposta segura é Bárbara Guimarães.

Em suma, um reality-show a provar que a SIC não sabe fazer reality-shows.

 

2- O Dia Seguinte (SIC Notícias)

Se há coisa que, pessoalmente, detesto ver em televisão é, vulgo, ‘’peixeirada’’ gratuita fora de formato. Neste caso, não estamos a falar de um programa de entretenimento onde uma linguagem menos cuidada, um improviso mais forçado ou uma meia laracha perdida ajudam a compor o formato.

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Neste debate desportivo de segunda-feira à noite, o insulto e o facciosismo cego são ingredientes chave.

Pouco mais há a dizer. A moderação do programa salva-o de uma nota caótica e a paciência de Paulo Garcia salva-o a ele de um esgotamento nervoso.

3- O Preço Certo (RTP1)

Eis um caso de cansaço televisivo. O Preço Certo, formato líder no seu horário, já teve os seus tempos áureos. Hoje, não sei se pelo natural aumento de competitividade televisiva se pela transformação ‘’apimbalhada’’ que sofreu, o programa conduzido por Fernando Mendes já não é o ‘’espetáááculo’’ de outrora.

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O formato mantem-se igual, as montras de prémios, vítimas da conjuntura económica, são mais modestas e Mendes já acusa a piada forçada.

Hoje em dia, o bom sumo de ver O Preço Certo é conhecer todos os dias uma mão cheia de novos produtos regionais e ouvir umas quantas modinhas tradicionais. Mais que isso, já não.

4- Depois da Vida (TVI)

Muito à semelhança de O Poder do Amor, Depois da Vida ainda dos tempos de Júlia Pinheiro na TVI (mais tarde substituída no formato por Iva Domingues) constitui uma das maiores perdas de tempo e de qualidade com que a TV portuguesa já se deparou.

Se ‘’falar com os mortos’’ tinha um potencial audiométrico incrível, a forma como a convidada (perdoem-me o ceticismo) o fingia fazer era de um amadorismo a que só os apresentadores do Disney Kids no início do milénio correspondiam.

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Para além de má atriz, o médium conseguiu a proeza de falar ao vivo com Carlos Castro e voltar a contactá-lo já depois da sua trágica morte.

Enfim, deixo o leitor indagar sobre todo o potencial humorístico deste formato e fico-me por aqui… antes que diga algo que me leve para o além.

5- Programas de Domingo à tarde (Portugal em Festa – SIC e Somos Portugal – TVI)

Sim, são dois. Tenho de os juntar. Não há outra alternativa. Nenhum é melhor nem pior que o outro. São os dois horríveis!

No entanto, se pensa que o pior é a música que passa ou o culto ‘’pimba’’ que se lhes imprime, desengane-se. Este tipo de formatos tem um potencial imenso à manutenção da cultura portuguesa, mostrando inúmeras festas e romarias feitas por todo o país, dando a conhecer a melhor gastronomia e artesanato de cada terra. São autênticos cartões de visita.

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Contudo, o aproveitamento que as estações privadas fazem dos formatos em questão é que é terrível. Transformam o que podia ser um fiel retrato do que é a nossa portugalidade num folclore piroso, sem nexo e que só nos envergonha.

Por último, deixar uma menção honrosa ao programa ‘’Não Há Bela Sem João’’, demasiado… sei lá, nem cabe nos piores!

Até Julho,
Boas leituras!

Artigo de João Morais do Carmo