As melhores prendas de natal

Caminhando por entre as ruas cheias de iluminação natalícia, penso que o natal pode mesmo ser quando um homem quiser! Agora os natais são longos, no meu tempo… ou melhor, quando eu era criança, o máximo que podíamos sentir o espirito natalício era uma semana e era para quem tinha natal. Confesso, que em jovem nunca liguei muito a esta época do ano. Em criança os meus pais não era muito de festejar coisas, talvez pelo dinheiro não ser muito… mas no mais importante, nunca nos faltou nada, apesar de seremos uma família grande e com a juventude, veio a minha fase de rebelde onde em família era uma forma de estar, não muito ao meu gosto, era do contra! Os amigos eram mais importantes e os braços daquela mulher, tão bela, que parecia ter saído da capa de uma revista, era sempre onde eu queria estar e quando não era assim, a música berrava aos meus ouvidos no meu leitor de cassetes, para calar as vozes que vinham do mundo. Apesar de esse meu contra, a verdade é que me recordo de muitos natais, alguns onde tive um brinquedo com qual brincava até estragar. Lembro-me, dos odores, dos sabores e do amor da família. Neste momento estou parado olhando uma arvore de natal em cores que no meu tempo de criança eram impossíveis de imaginar e lembro-me das melhores prendas de natal, lembro-me do carrinho a pilhas, de uma viola de plastico e tantos outros! Porém, nenhum desses foram as melhores prendas de natal

Os melhores mesmo, foram os natais que passei com a família junta. Lembro-me do ultimo natal que passei na companhia do meu avô materno e foi o ultimo verdadeiro natal, depois veio o natais em que falta mais um e ai compreendi, que os natais iriam ter cada vez menos natal, porque mais ano ou menos ano, faltaria mais um a mesa que era sempre uma mesa farta e cheia de pessoas que muitas vezes mesmo parecendo que não, se amavam mais do que tudo. Há coisas que nunca poderei ter de novo no meu natal, como o amor sincero do meu avô, o brinde do meu pai, as gargalhadas da minha irmã e a comida saborosa da minha tia. Sim, esses foram as minhas melhores prendas de natal e hoje penso o quanto fui ingrato com os meus natais, o quanto era importante ser natal… muitas vezes dei mais valor ao que não era assim tão valioso, alguns amigos deixaram de ser, a tal mulher bela se foi e a família esteve sempre ali, muitas vezes mais do que podiam estar ao ponto de parecer pedirem desculpa por terem de falecer…

Hoje gosto do natal para estar com o que resta da família, muitos se foram, mas a verdade é que muitos outros vieram, alguns irmãos hoje têm as suas famílias e com elas passam, por isso a mesa da família cá em casa ficou muito pequena. Não é tempo para entristecer com isso, porque seria fazer o que muitas vezes fiz, renegar a algumas prendas de natal e tenho de aproveitar as que ainda tenho, as que nenhum dinheiro pode comprar. Confesso que não gosto muito deste natais que parecem durar um mês, porém quando chegar mesmo ao dia de natal, vou estar com a família, recordar e rir, porque sinto que tenho a obrigação de trazer para a mesa um pouco de todos que já não podem estar