As Opiniões do Presidente

Há duas semanas atrás, no artigo “Panóplia de Temas 2”, enumerei alguns factos que considero muito mais graves na atuação dos anteriores Presidentes da República, do que qualquer uma das decisões ou gafes cometidas pelo atual Presidente.

Após esta minha defesa – em opinião – em relação ao atual Presidente em relação aos seus precedentes, venho novamente à carga, após novas declarações de Cavaco que provocaram novas reações por parte dos protagonistas políticos. Qualque coisa como “já cheira a eleições”.

Logo vieram quase todos os partidos mais à esquerda, manifestar-se contra o Presidente mais uma vez, porque ele abriu a boca.

Ora, eu gostava de recordar este povo e este país que em Portugal democrático, nunca tivemos qualquer político que tivesse concentrado tanta confiança e popularidade da parte da maioria do povo, em eleições.

Pergunto à Dona Catarina Martins, ao Senhor Jerónimo de Sousa ou ao Doutor António Costa, (talvez também ao Doutor Marinho e Pinto) se já alguma vez tiveram ou acham que poderão vir a obter em eleições democráticas, por 4 vezes em menos de 25 anos scorings eleitorais superiores a 50%? Sim, já não se lembram?

Em 1987 e em 1991, Cavaco Silva obteve maiorias absolutas apenas com o PSD, em eleições legislativas, com resultados superiores a 50% numa e noutra vez, sendo que da 2ª vez a percentagem foi ligeiramente mais alta que a primeira. Depois, para a Presidência da República, Cavaco voltou a vencer – obviamente também com mais de 50%, mas ambas as vezes à primeira volta – em 2006 e em 2011. Recordo ainda que, em 1985 também ganhou as eleições legislativas, mas sem maioria e em 1995 foi a eleições presidenciais, nas quais obteve uma percentagem muito próxima do candidato então ganhador, Jorge Sampaio.

Neste contexto, compreendo – e penso que a maioria do país também compreende, embora não se manifeste nesse sentido – que Cavaco Silva se sinta, em final de carreira política, como uma espécie de “Pai da Nação”, politicamente falando, porque ninguém como ele, como já referi atrás, obteve tantos votos, tão altas percentagens, vitórias presidenciais “à primeira volta” mesmo sendo para um primeiro mandato.

O que penso de facto é que a esquerda de um modo geral em Portugal, tem a mania que apenas a sua palavra e aquilo que defende é verdadeiro e bom para o povo e tudo o que os outros defendem é lixo. No entanto, o povo tem os olhos bem abertos e, apesar de por vezes ainda se conseguir deixar enganar por alguns políticos com boas falas mas 1) ou são incompetentes; 2) ou são aldrabões; tem ainda uma consciência e uma capacidade de análise tremenda e consegue demonstrar através do voto aquilo que quer e que pensa.

Por isso, tantas e tantas vezes muitos têm agulido sapos a seco, porque acham que fazendo muito barulho, poluindo muito as ruas, mostrando trapos muito encarnados, que o povo vai e segue-os.

Mas o que se tem verificado sempre, desde o 25 de abril de 74 é que a maioria silenciosa que acaba por fazer a diferença é a mais racional, é a que demonstra o sentimento mais profundo do povo.

São todos aqueles que, não falando, não aparecendo, não fazendo barulho, vão trabalhando em prol do desenvolvimento do país, são os que ouvem mas refletem, sabem medir os pros e contras e, na hora da verdade, decidem e deixam todos os barulhentos perplexos.

O que penso neste momento é que Cavaco Silva, sendo Presidente é também um cidadão civil, sabe que a sua palavra é escutada e por isso tem todo o direito a dizer o que acha. Tendo sido o mais institucional dos presidentes até hoje, tem sido até o mais contido nas suas declarações, não fala muito, mas mexe-se nos bastidores em prol do interesse do país. Penso mesmo que daqui a 50 a 100 anos, lhe possa ser feita justiça pelos atuais historiadores e analistas políticos. Muito mais do que os seus antecessores.

Havia um pseudo gabarolista de esquerda que dizia “gostamos de malhar na direita”.

Ora, eu penso que Cavaco diz o mesmo “gosto de malhar na esquerda”, só que sem o dizer, discretamente e sem criar polémica, apenas com chapadas de luva branca.

É só uma opinião! Como a de Cavaco, espero que a respeitem!