As Sete Maravilhas de Blah de Blah – Carla Vieira

Pois é. Está outra vez naquela altura em que os Portugueses têm (temos mesmo?) de pegar no telefone e votar numa coisa qualquer para que se torne uma das sete maravilhas de Portugal inseridas numa categoria aleatória! Yay praias desta vez! Estou tão excitada, vou já vot—

Não.

Não sei quando é que estas coisas das Sete Maravilhas começaram mas por minha vontade acabavam já por aqui. Tanto blá blá blá acerca de tantas supostas “maravilhas” desde que alguém, algures, se lembrou de fazer dinheiro à custa de votos por telefone, e a partir daí nunca mais parou. Todos os anos é a mesma coisa, uma categoria qualquer em que os Portugueses “têm de votar” para manter a coisa preferida em competição até que as sete coisas mais votadas são as novas sete maravilhas de Portugal.

(palmas colectivas)

Bravo. A sério. Imagino as pessoas que inventaram isto a sentarem-se todos à frente de uma secretária, juntos, a comerem uma sandocha e tirarem à sorte papelinhos de um chapéu de Pai Natal:

“Olha, tirei monumentos!”
“Oh Toni, essa já foi, meu, tira outra.”
“Praias?”
“Maravilha! Quem não gosta de praias aqui em Portugal? E para o ano que vem?”
“Pá, alguém escreveu aqui escadas.”
“Pode ser!”

E pronto, atiram ao ar sabe-se lá o quê e fazem disso todo um espectáculo de absolutamente nada. A sério. Nada. Alguém ganha alguma coisa com isto? Uma medalha? O dinheiro dos votos vai para onde? Para quem? Os vencedores não querem isso para nada, não são pessoas.

Ou isso ou sou eu que tenho problemas com pessoas voto-dependentes.



Crónica de Carla Vieira
Foco de Lente