Lembro-me de um tempo, em que o futebol não era mais que um jogo na rua, onde as balizas eram meros paralelos, ou até mesmo t-shirts enroladas.
“Acaba aos dez!” ou “quem marcar ganha!” acabavam assim, sim porque muitas das vezes os jogos coincidiam com a hora do jantar, e as nossas mães não perdoavam.
Hoje vejo, que o processo de escolha dos jogadores era do mais discriminatório possível, senão reparem, geralmente quem escolhia primeiro era o dono da bola, e em seguida um dos melhores jogadores, e assim sucessivamente, para último ficavam sempre os que não jogavam muito, e os mais gorditos iam sempre a baliza!
Que me lembre, nunca fui dos primeiros a escolher, e também nunca fui dos últimos, mas ficava triste quando algum dos meus ficava para o fim!
No jogo propriamente dito, não havia regras, não havia faltas, jogávamos à mercê do dono da bola, o único que podia acabar com o jogo a qualquer altura.
Quantas vezes não esfarrapamos os joelhos no paralelo? Ou num campo de terra batida!
Era engraçado ver que num grupo de rapazes tinha de existir sempre uma bola, só porque sim, a qualquer altura podia surgir um derby de rua, no meio de uma rua qualquer!
A bola, de capão, couro, esfarrapado, gasto e sem gomos, durava…tinha de durar, não muito, só até furar!
Marcaram-se grandes golos, daqueles que falávamos durante dias, quem ganhava fazia questão de o dizer a toda a gente, e quem perdia arranjava sempre uma desculpa engraçada.
Por vezes havia luta, nada de grave, apenas a sede de vitórias, não tardava eramos todos amigos outra vez, perdi muitas tardes das férias de verão a jogar à bola na rua, sinto saudade, das escolhas, dos gritos, dos golos!
Hoje em dia, alguns de nós jogam à bola mais a sério, mas caramba o melhor futebol era o da rua!
Tenho orgulho em dizer que joguei muito à bola na rua, e que a rua me corre nas veias!
Não se esqueçam de recordar e sonhar, porque a vida é feita de sonhos!
N.R.: Este autor escreve em Português, Língua de Camões, Pessoa, entre outros ! Isto é um facto e não um fato! Por isso não escreve segundo o novo acordo ortográfico!
Grande Sérgio, sempre a recordar bons e velhos tempos. No meu tempo de puto-xarilas a bola não era de couro esfarrapado, mas sim de quantidades abismais de papel enrolado em fita adesiva. E, por mais incrível e absurdo que possa parecer, a bola durava um dia inteiro de pura e fantástica diversão. Um forte abraço. 🙂