Diana

Encanto-me ao som do nome dela, como se assistisse à alegre tomada de posse de um ministro das Finanças que prometera acabar definitivamente com o pagamento de impostos.

Chama-se Diana e, por ela, reconduziria no cargo por uma década, os responsáveis demitido da proteção Civil que segundo dados de um relatório publicado na imprensa, fizeram asneira no combate aos fogos de Pedrógão. Gosto tanto dela, que por um beijo madrugador, que fechando os olhos me fizesse de novo ver estrelas, daria de novo posse ao ex-ministro José Relvas ou limparia do cadastro as infrações imputadas pelo Tribunal ao autarca de Oeiras.

Estou convicto de que a amo desde antes de tê-la visto pela primeira vez no local onde trabalho. Muito antes de ter vindo espampanante ao meu encontro e, com a boa impressão que causou, me ter apanhado de surpresa, tal e qual um sismo de fortíssimo poder destrutivo que em mais de mil cacos deixou o meu pobre coração despedaçado.

Vejo-a desde esse dia, sempre vestida de ganga e blusa de alças sem decote, que só faria sentido se não tivesse o peito pequeno que se encaixa na palma da mão e não fosse tão perfeito que para outra pessoa, mesmo ouvindo a minha descrição sincera, possa ser forçoso pensar que eu esteja mentindo.

Diana é alta, comparativamente com jovens da mesma idade, mas, ao lado das outras pessoas, não faz do possuir uma estatura acima da média, o principal motivo de olharmos para si com admiração, como se pairasse sobre todas elas. Tem mãos delicadas, com dedos finos, e fortes como tenazes em que eu gostaria de ficar preso pela mera razão de não me querer soltar. E tem o ar de quem não parte um copo, mas sabe em que direção deve apontar para acertar em cheio com o que ele tiver lá dentro, encharcando a cara a quem se atreva a chatear-lhe a cabeça.

Nela, vale a pena tentar perceber por que de onde lhe vem desde tenra idade a alcunha de Princesinha. A começar pela elegância, confunde-se em todos os aspetos semelhante com uma autêntica figura da realeza, mas nem que fosse só pela beleza e só para ficarem como ela, já todas as verdadeiras princesas teriam querido virar plebeias. Exibe sempre que passa por mim, um sorriso espontâneo, de onde resulta que só de ouvi-lo nos inspiremos a compor-lhe um soneto e diz-me bom dia, cumprimentando-me com uma voz pausada que, atravessando a garganta, passa pelas cordas vocais mas percebo que parte diretamente do coração.

Com a vista turva, olho para ela como se me embriagasse um vinho no estado de maturação em que obtém, na opinião dos enólogos, o sabor mais apurado e chego à conclusão de que é uma flor. Um botão de rosa num misto de todas as cores, à escuta de um poema que escrevam em seu louvor.

Diana é um espaço aberto à cultura, à criação de palavras que ajudem aos outros a descrevê-la melhor e, se no verão, pelo tom de pele percebo que adora dourar a pele ao sol, no inverno ganha ideia, na nossa cabeça, a forma de uma vaga de frio polar que há-de chegar em breve para nos aquecermos agarradinhos a ela.

E que desplante o de uma estrela que brilhe tentando iluminar o espaço à sua volta. Não pretendendo ocupar o lugar do sol, espalha alegria por onde passa e irradia energia às pessoas da metade do planeta às escuras, que durante a noite não são por ele iluminadas.

Nunca, com Diana, precisamos de cumprir a tradição de oferecer um vistoso ramo de flores para agradar. Ela própria é uma flor, uma flor da qual, no meu caso, não podia gostar mais, nem que tivesse sido eu o próprio a plantá-la e agora regasse para continuar a ver viçosa.