Entre as chamas nascem Heróis: os Bombeiros

A terra vibra negra e fumegante. O ar pesa em tons de nevoeiro de grãos negros, de cheiro que entranha e rouba o folego. Os tons do ocaso embelezam a imagem de apocalipse e desespero que transpira pela pele aquecida, escorrida sob o capacete embaciado e poeirento, de olhos semiabertos infestados por cinzas, tal qual flocos suspensos no corpo cansado, pela roupa crepitante até às botas derretidas. Nada os para. De respiração presa, lançam-se às terras ‘de ninguém’, pelas ervas profundas adentro, têm a experiência e o instinto como bússola e vão. Pelo caminho, perdem-se bens e amores, e chora a alma de quem fica.

Lutam homens e mulheres que juraram fidelidade à sua missão, despem o medo ao corpo pelo socorro e entregam-se às emergências com o sacrifico da própria vida. Inalam bravura, exalam esperança.

Estão acima do comum humano embora sejam voluntários* ou recebam o salário mínimo nacional e, de chão tirado pelos senhores cá da Terra, atam o terço às mãos pelo amparo dos deuses.

Sim, merecem mais e melhor – cada um de nós é parte deste planeta que é nosso e assim as guerras dos bombeiros são também as nossas. Eles não precisam de morrer por nós. Mas são eles, guerreiros formados, mas pouco e mal armados, que deixam tudo quando chamados em nossa salvação; são estes os heróis reais do quotidiano e os anjos da guarda a todo o instante.

Obrigada.

“Um herói não é mais corajoso do que um homem comum mas é corajoso cinco minutos a mais.”

Ralph Waldo Emerson

* “É um indivíduo que tem um ideal por bem fazer, que assenta numa relação de solidariedade traduzida em gratuitidade no exercício da atividade, prestando serviços não remunerados em benefício da comunidade.” In Voluntariado