Eu e Elas

Escrever sobre aquilo que me passa na cabeça é sempre um risco. Ás vezes “estico a corda” e exponho-me em demasia, outras sinto que tanto ficou por dizer e simplesmente não encontrei palavras em mim.

Como em tudo na vida, as consequências aparecem muitas vezes fruto do impulso do momento, da escrita rápida que me sai sem filtros e com emoções despreocupadas, emoções perigosas.

Se aquilo que escrevo tivesse um título, hoje o tema seria “As Mulheres dos Meus Amigos.”
Fica muitas vezes na incógnita aquilo que achamos umas das outras e aquilo que sentimos umas pelas outras. A incógnita é uma boa doseadora de sentimentos, pois enquanto os mesmos ficam na penumbra, outras situações menos positivas não acontecem. A verdade é que, eu (normalmente) gosto de todas elas. Pensemos de forma lógica…eu adoro os meus amigos, certo? Logo, concordo na maioria das vezes com as escolhas que eles fazem e acredito piamente no seu discernimento. A partir do momento em que a escolha é oficializada eu abraço a pessoa e tenho-a como um “apêndice” dos meus amigos, como um bocadinho deles que eu tratarei igualmente bem, ainda que, com a certeza injusta de que em caso de guerra, o meu coração é deles, não delas.

Tudo isto é lindo até chegar a parte em que: “Fofinha, esta é a Cate”. Elas ficam desconfortáveis, protectoras daquilo que consideram futuramente delas e presentemente meu (como se alguém fosse dono de alguém neste Mundo…) e como se a opinião de uma amiga, ainda que uma boa amiga, contasse alguma coisa numa altura em que as hormonas de uma relação a florescer estão ao rubro (!). Please.

Poucas são as que ficam e criam laços. Noto-as pessoas diferentes e mais calmas, querem outras coisas como bébés e programas domingueiros, aceitam os meus desabafos e crises existenciais (vem com o pacote da “amiga do namorado”), mas sinto-me muitas vezes um Alien pela forma como olham ou pela forma como a face delas “grita” em expressões que elas nem percebem que têm.

Já senti comparações, alguns embaraços e algumas lamúrias… Usam expressões como “O Teu Amigo…” e esquecem-se inclusive que ele se chama Manuel ou Joaquim e que está efectivamente presente naquele momento. Usam algumas piadas contra eles e olham para mim em busca de cumplicidade.

A verdade é que, é com alguma tristeza que escrevo isto. Eu não tenho muitas amigas mulheres derivado à “cabrice” que anda por aí, e talvez por isso estime tanto os meus poucos mas deliciosos amigos, aos quais dou o prémio de “Melhor Gajo do Ano”. Porque com eles a “cabrice” não existe e o momento perfeito é quando estamos a gozar de momentos em sintonia como toda a amizade deveria ser; o facto de irmos juntos ao cabeleireiro não é de todo o ponto alto do nosso dia.

Quanto a elas, repito que gosto de todas correndo o risco de ouvir que não é mútuo. Perfeito perfeito seria conseguir com elas, divertir-me tanto como com eles, conseguindo criar amizades baseadas em duas mulheres e não num triângulo que existe apenas na cabeça de algumas. Não deveriam as namoradas deles, serem as nossas amigas intrinsecamente, visto termos alguém em comum que significa tanto para nós, ainda que de forma diferente?