Facebook Versus mIRC

Todos podemos concordar que o Facebook nos traz informação de um modo global, todos os jornais têm uma página no Facebook, basta fazer “like” na página e todos os dias, no nosso feed de notícias, encontramos um artigo novo a pôr-nos a realidade em dia.

Outro benefício desta rede social é o poder que tem na distância física, diminui-a. Podemos falar com aquele amigo que emigrou, ver como é a vida dele no estrangeiro e assim, fazer parte da sua vida na mesma.

Mas nisto tudo sinto um je ne sais quois de desconforto.

Então e a minha privacidade?

Sim, há todas aquelas opções de privacidade, mas elas não impedem de as pessoas saberem que eu, de facto, existo. E se eu não quiser que se saiba que existo? Tenho agora tempo e paciência para bloquear todos os utilizadores desta rede social!

Aí o Facebook diz-me “A porta da rua é serventia da casa.”, mas eu não quero ir embora!

Gosto das minhas vantagens, não as largo por agora.

Há dias em que dou por mim a exasperar com todo aquele vómito de informação exagerada que as pessoas despejam no feed de notícias –

“Arranquei um dente!”,

“Este chapéu fica-me bem?”,

“Olha só o que estou a comer agora!”. –

Eu quero lá saber o que te fizeram à boca, quero lá saber onde vais gastar o teu dinheiro, e não quero mesmo, mesmo, saber o que daqui a umas horas te vai parar à sanita!

Parece um grito adolescente que diz “EU ESTOU AQUI E EXISTO!”

Depois de me fartar dos gritos, suspiro com nostalgia pelo bom, velho e defunto mIRC.

Era tão mais simples.

Havia aqueles canais onde os nossos amigos estavam sempre batidos, como se fossem os cafés da esquina. Era só mandar postas de pescada.

Velhos tempos!

Os engates eram do melhor, directos ao assunto –

“oi, nome, ddtc, m/f, idd” –

(para quem não sabe ddtc=”donde” teclas, m/f=male/female e idd=idade).

Não tem a idade pretendida? Nem se queria saber mais. Era porco? Block! É “boa onda”?, toca a “teclar” e as conversas desenrolavam-se até às primeiras horas da manhã.

Após as longas conversas vinha a sugestão do café. Lá íamos nós a medo (para os mais tímidos). O café corria bem, a conversa fluía como se estivéssemos on-line.

Por vezes namoros surgiam (tanta gente que conheci que começou a namorar com uma pessoa que conheceu no mIRC! Alguns até casaram e tiveram filhos.).

Com o Facebook? Qual é o interesse. Os que querem cospem para lá a sua vida.

O que eu acho?

Acho que o Facebook é feito de futilidades, é feito de chamadas de atenção. (Também é bom para divulgar o nosso trabalho, claro. Mas quem liga? Quase ninguém.)

Se quisesse aturar tal coisa, tinha um filho.

Para mim quem ganha é o mIRC, na sua simplicidade e informalidade.

Se uso o Facebook? Uso, dá-me jeito.

Se gostava de não o usar? Quando vier o dia, deito foguetes!