Guia de Política Prática: Que líder para o PS?

Os tempos que se vivem, à escala certa, exigem de cada um de nós, cidadãos pouco informados, novos mecanismos e ferramentas que nos ajudem a escolher e, sobretudo, a escolher bem e melhor. Até agora, numa qualquer pastelaria de esquina lisboeta, refletimos sobre a secura de bolos de arroz ou de ‘’queques com maminhas’’ sem nunca desconfiar da sua frescura. Isto é, contentámo-nos com um anti-gorduras de fogão que limpa o suficiente em vez de procurar aquele que o faz com outra profundidade, e isso não pode continuar!

O Guia de Política Prática do Mais Opinião, agora renovado, procurará nas próximas semanas aconselhar os leitores confusos, sejam eles militantes de um qualquer movimento ou partido, simpatizantes da esquerda ou da direita, abstencionistas inconformados, filhos da mãe, do pai ou de qualquer outro credo seitoso medieval.

Esta semana, e para começar da melhor forma, aproveitamos a guerra aberta à liderança do Partido Socialista, para apresentar os prós e contras de cada um dos candidatos.

Em primeiro lugar, o atual secretário-geral, António José Seguro. Como já escrevi noutra crónica que aqui pode encontrar, Seguro está para o PS como uma lancheira de um petiz envergonhado está para um rufia de uma qualquer escola básica dos subúrbios. A constante tentativa de o humilhar, qual caloiro partidário, tem feito com que o atual líder socialista se enterre cada vez mais aos olhos da opinião pública e, mais, aos olhos dos fiéis apoiantes do partido.

No entanto, António José Seguro não é só peça básica em guarda-roupa de gala nem antro carismático. O ‘’puto’’ que sonha vir a formar governo, é também um dos maiores camaleões discursivos que o centro-esquerda (deixe-me rir com esta expressão) já conheceu. Aquando da sua eleição, no rescaldo da saída de Sócrates, António José quis mudar de política, apresentando um projeto de ‘’quási’’ rutura com a linha socrática que, no plano da imaginação, transformaria o PS de então num PS vanguardista em sabe-se lá o quê. Penso que poucos acreditaram. Ainda bem. Agora, depois de o ouvir nos canais de informação nacionais, e fechando os olhos, vem-me à memória tudo o que Sócrates ladrou (repare na referência ao Jardim da Celeste) um dia. Muda o timbre, muda o ritmo, mas o conteúdo paupérrimo do muito falar sem nada dizer está lá e é de José Sócrates, ou melhor, é do próprio partido.

Por outro lado, o D. Sebastião socialista, o sans-culotte da revolução interna do PS, António Costa.

Diz o próprio, numa entrevista a um programa social, que ‘’gosta de funções executivas’’. Eis o presságio para os próximos episódios da novela do Largo do Rato. Costa sempre quis a liderança do PS, e contra factos não há argumentos. Contudo, procurou esperar pelo momento certo, vede que chegou, com um adversário interno defunto e uma direita enfraquecida.

A seu favor abona um populismo doseado, um eleitorado que já conhece o seu (excelente) trabalho na Câmara de Lisboa e a memória curta do Zé Povinho, que o poupa em analogias a Sócrates. Contra, Ó Contra, o timing, esse calcanhar de Aquiles do Partido Socialista. No rescaldo da ‘’vitória histórica’’ (deixe-me rir novamente) do PS nas Europeias? Num momento em que até Francisco Assis mostra apoio público à continuidade de Seguro na liderança? Ai, em jeito de interjeição, este PS, este PS… A vida ‘’Costa’’!

Em suma, e tirando conclusões deste primeiro Guia de Política Prática, independentemente da assimetria patente nos dois perfis dos candidatos à liderança do, sublinho ‘’maior partido de oposição’’, o PS está numa crise interna como há muito não se via e sabe Deus como dela sairá. Eu, e o leitor até que já me vai conhecendo, espero que derrotado. Sempre derrotado.

Agora, escolha você!