Homem Assim Me Confesso

Sim, sem vírgula. Não me confesso a ninguém, mas a todos vós. Confesso-me homem. Passo a explicar, estão a ver todos, ou pelo menos quase todos os estereótipos, que se dizem da população masculina? São verdade em mim.

“Os homens julgam as mulheres pela aparência!” Não, nós nunca! Aliás, o que mais gostamos na vida é ter amigas para as quais quando olhamos tenhamos uma enorme vontade de virar homossexuais! Rotos! Com pingos a azedo! O quê agora estão a chamar-me homofóbico!? Vejamos, nunca fui. Luto pela igualdade entre todos. Só posso preferir que as minhas conversas de cerveja na mão, continuem a ser sobre mamas e não sobre vestidos!

Sim, eu disse cerveja. De preferência com tremoços e “o grande amor” a passar na televisão! É a melhor altura do dia! É aquele momento em que o nosso melhor amigo, por apoiar cores diferentes passa a ser tudo o que mais obsoleto há na nossa vida! E sim, um melhor amigo. Um companheiro de armas e de ressacas. Aquele que goza do direito de poder chamar a todas vós tudo aquilo que quiser, mediante se acabaram na nossa cama ou não, na noite passada. Se sim, são umas prostitutas abreviadas. Afinal, custou-me duas imperiais até vos mergulhar entre os membros inferiores. Se não, prostitutas finas. Andam com tudo e todos e por isso,  ainda bem, na cabeça dele, que não sujaram os meus lençóis. E sabem porquê!? Porque ele é homem também!

Mais do que tudo, ele conta com o sagrado direito de, sejam quatro da tarde de um domingo, ou três da manhã de uma segunda para me ligar, raptar e embebedar! Digo mais, caso esteja completamente arruinado, todo estragado, a babar-me para uma sarjeta, com ele, a vossa reacção não deve que ser menos do que um “divertiste-te?”, ao que a minha resposta será invariavelmente “não me lembro…”. E isso significa que a noite correu como devia! Mal! E sabem que mais? É assim que deve correr. Nós homens temos poucas ambições na vida, uns mais que outros, mas inevitavelmente uma delas é e será sempre, ter um gajo na nossa vida, que se um dia abrir a boca sobre o que já passamos juntos, nem para limpar o lixo do chão temos dignidade.

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Quando vocês dizem,”vocês homens são todos iguais”, estão completamente certas! Efectivamente somos todos iguais, digo mais, nós somos e seremos sempre um só. Afinal de contas pensamos todos com a mesma cabeça! Só há uma mulher na nossa vida a quem prestamos explicações: a nossa Mãe. E não é por vontade própria.  Mas tem de ser, por isso quando vocês vêm com histórias de “onde é que andas, com quem estás”, a nossa habitual resposta é mentira! Nem pode ser de outra forma. Não respeito alguém que não minta à sua namorada! Pela simples razão de que ela não tem nada que ver com o assunto. A não ser que a resposta seja: “No elefante branco com uma stripper russa ao colo…”. E mesmo assim, se for com o nosso Sancho Pança, estar com uma stripper ao colo é ,nada mais nada menos, do que mais uma história para contar!

Mas na verdade, nós somos assim porque a evolução da espécie levou-nos até isto. E a culpa é vossa. Claramente! Passamos anos da nossa vida a explicar tudo. Já agora deixem-me aproveitar por dizer: “Mãe eu já arrumo o quarto. Sim, eu sei que deixei a tampa da sanita para cima. Não, não estou a gozar com a tua cara, só me esqueci!”. E isto torna-se um trauma! Depois há um dia em que vocês pensam que vamos comprar tabaco à meia noite e meia e, no dia seguinte, já estamos do outro lado de Elvas. E sabem porquê? Porque já não aguentamos mais uma vida inteira a ver novelas, saber da vida da Fernanda Serrano e dos melodramas que é a vizinha do 3º Esquerdo ter um rabo que nossa senhora, dali não sai cocó, sai bombom! Isso não significa que já não vos amamos, significa que aos 40 ainda temos ereções e a vista em condições. Rima e é verdade!

Até que há um dia, há sempre um dia, moeda ao ar, em que todos estes pensamentos de puto com 21 anos se dissipam. Esse dia é aquele em que o sorriso da rapariga em causa, vale mais do que qualquer bebedeira com amigos, em que um boa noite dela, só não é melhor do que um beijo de bom dia. Em que o nosso furriel de aventura fica parvo, porque andamos todos os dias de bom humor, mesmo quando o rival ganha o campeonato. Em que ser feliz é uma verdade e nem nos apercebemos disso. E isso não é paixão. Desenganem-se. Paixão é o que sentimos pelo carro novo, pela primeira namorada e pelo relógio que vimos da Boutique. O que isto se trata é amor! Amor, que não é para sempre. Amor, que não é para acasalar. Amor, porque nos completa.

Quando esse dia chega, o vosso papel é muito simples: Ser quem são! Já está tudo estragado e não fizeram nada por isso. A partir daí o nosso cérebro passa ao modo “estúpido”. No lugar do raciocino de fugir da cena, antes que fiquemos apanhados, já estamos apanhados e nem sabemos.  Faz também parte do vosso papel não nos deixar fugir,  não estragar tudo. E acima de tudo, deixar que vos façamos felizes. Quando assim é vocês sabem que nós estamos assim. Que a coisa que mais queremos é fazermo-vos felizes. Nós não íamos perder tempo convosco, se não quiséssemos mesmo! Se for para “comer e digerir”, vocês percebem que estamos a mentir! E vocês sabem bem disso. Optam por ignorar com a esperança de um mundo cor-de-rosa e príncipes encantados. Sabem que mais? Isso não existe!

O que existe é a maior prova de amor que algum homem vos pode dar. Mudar! Sim… nós mudamos, tornamo-nos  únicos e aí, temos mais sentimentos do que só a fome, a sede e a vontade de beber. Aí o coração bate mais do que apenas por onze macacos atrás de uma bola. Aí o rabo da vizinha do 3º Esquerdo continua bom. Mas não há mais nada naquela pêga que nos chame. Aí o nosso melhor amigo, passa a ser vosso amigo também. Um irmão com quem podem sempre contar. Aí no lugar das imensas e fartas intoxicações de álcool, estão os jantares a quatro e depois a 6 e a oito. Aí o fim da história desse homem mudado, que teve a sorte de mudar, de conhecer alguém por quem valha a pena mudar, acaba com um “afinal não deu merda…”, que é a nossa versão de “e foram felizes para sempre…”

Se é possuidor de um pénis, espero que perceba que, o que aqui falo é uma ligeira violação de um código deontológico que nos rege, mas que, por vezes, é bom de partilhar! Se na vez disso tem uma vagina faça-me um favor, faça hoje um homem feliz! Afinal de contas, somos todos iguais… Homem assim me confesso!