Jardins de Lisboa

Olá a todos! Sejam bem-vindos, meus amigos, a mais uma crónica sobre Lisboa! Depois de ter falhado o mês passado por motivos académicos, apresento-me sem falta neste mês de Abril com mais sugestões sobre o que pode fazer, ver e visitar por Lisboa durante os próximos tempos.

Antes de seguirmos para as minhas propostas, gostaria de vos dizer o quão positivo, para Lisboa e para o País, foi este período da Páscoa, em termos turísticos. De facto, os números são expressivos. As unidades hoteleiras lisboetas registaram taxas de ocupação acima das que foram registadas no período homólogo. Ou seja, um crescimento acima dos 30% em vários hotéis da Grande Lisboa. Este crescimento, segundo o DN, pode ser uma consequência da instabilidade provocada pelas actividades terroristas que têm assolado algumas zonas geográficas europeias tradicionalmente receptoras de turistas durante o período da Páscoa.

As nacionalidades que mais procuram Lisboa têm sido, para além dos portugueses, alemães, franceses, espanhóis e norte-americanos. Os brasileiros, em consequência da grave político-económica que devasta o País do Samba, apresentam um decréscimo em termos de viagens para Portugal.

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Portanto, uma vez mais, é provado que Lisboa é um destino de eleição para muitos europeus. Na verdade, a visitlisboa.com escreveu que a Capital Portuguesa seria apresentada como “um dos 50 destinos a não perder e visitar em 2016 pelo Minube” e que “ocupa ainda o quarto lugar do ranking dos dez destinos mundiais a não perder” neste presente ano. Esta posição é justificada, pela revista Condé Nast Traveller, por ser “uma das cidades mais dinâmicas da Europa”. Bom, para nós isto não é novidade nenhuma porque, tal como já tive oportunidade de referir em crónicas anteriores, Lisboa sempre foi, em termos históricos, uma cidade cosmopolita, cheia de vida e que movimentava quer mercadorias, quer pessoas com as mais variadas origens.

Posto isto, seguimos agora para as sugestões deste mês. E porque a Primavera chegou, pelo menos no calendário já que de acordo com a meteorologia continuamos no Inverno, porque não aproveitar os poucos dias de Sol que vão aparecendo para ir dar um passeio por alguns dos jardins que compõem a nossa cidade? Pode não parecer mas Lisboa e jardins têm uma História comum. Por exemplo, não se pode explicar o dia-a-dia das classes burguesas, e nobres, durante o século XIX, sem explicarmos a importância do então denominado “Passeio Público”, atual Avenida da Liberdade. Ou não podemos explicar o desenvolvimento das áreas da biologia (flora e fauna) se não explicarmos o aparecimento dos Jardins Botânicos. Bem me parecia que ia gostar! Vamos, então, começar!

  1. Jardim Amália Rodrigues

Ao lado do El Corte Inglés e ao cimo do Parque Eduardo VII, apresenta-se um belíssimo e acolhedor jardim com um lago artificial, circular e, ainda, um anfiteatro. Pessoalmente, é um local que vale a pena conhecer, estando sozinho ou acompanhado. Por três razões essenciais: primeiro, é um lugar calmo e sem grande confusão, apesar de ser bem frequentado; depois, por causa das vistas que se apresentam sobre Lisboa e, por último, pelo café/esplanada que lá se situa: “Linha D’Água”. Em suma, é uma boa escolha para fugir da confusão da Baixa de Lisboa, com a sua beleza própria. Os mais pequenos vão-se divertir a brincar ao redor da água, os mais velhos podem aproveitar para namorar ou ler um livro.

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Jardim Amália Rodrigues vista da esplanada da Linha D’Água
  1. Tapada das Necessidades

No centro histórico de Lisboa, junto ao antigo Palácio Real, hoje sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros, situa-se um jardim com largas Primaveras já feitas. Com 274 anos, este jardim foi, ao longo do tempo, palco dos lazeres e prazeres culturais da Família Real Portuguesa. No século XX esteve abandonado mas foi requalificado com o apoio da Câmara de Lisboa. Contudo, ainda há muitos que desconhecem a sua existência, da noção histórica que possui e da sua riqueza em termos de flora. Para além da sua relação com os Bragança, possui um dos mais antigos jardins da Europa, o “Jardim dos Cactos”, a “Estufa Circular” dá-nos a prova que o amor existia mesmo numa altura em que se realizava casamentos por conveniência e a “Casa do Regalo” e o “Lago de Duque de Lafões” são paragens obrigatórias e que qualquer um deve conhecer. A Primavera figura-se como uma altura ideal para visitarem este imponente jardim a que a Junta de Freguesia da Estrela e o Grupo dos Amigos da Tapada realizam visitas guiadas nos primeiros sábados de cada mês. É um espaço ideal para passear e até realizar um piquenique, com uma vista de cortar a respiração sobre o Rio Tejo. Até Setembro pode visitar o jardim durante a semana até às 19 horas.

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Tapada das Necessidades – vista para o Rio Tejo
  1. Jardins da Gulbenkian

A meio da Avenida de Berna situa-se a Fundação Calouste Gulbenkian. A “Gulbenkian”, assim denominada pelos mais jovens, não é só famosa pela sua vasta biblioteca, Museu, Centro de Arte Moderna ou pelas conferências nacionais e internacionais que lá são realizadas. Na verdade, os seus jardins também são muito conhecidos e merecedores de uma visita. Quando estamos neste espaço verde parece que somos automaticamente transportados para uma floresta e esquecemos que, na verdade, estamos no meio da cidade. A riqueza em espécies arbóreas e de vida animal fazem-nos viajar pelo mundo sem termos de sair de Lisboa. Podemos-nos sentar, observar, admirar e imaginar como seria se fizéssemos parte daquele mundo. Uma clara união entre Homem e Natureza.

É um local calmo, óptimo para os praticantes de yoga, e também para as crianças poderem brincar. Mas cuidado com o lago! A esplanada presente na Gulbenkian com os seus acessos ao exterior tornam o momento de tomar café bastante relaxante. O mesmo sentimento pode ser evidenciado na biblioteca durante um estudo. Há uma certa proximidade entre o ambiente da biblioteca e a natureza, o que nos transmite sensações de calma, relaxamento e concentração.

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Lago do Jardim da Gulbenkian
  1. Jardim do Palácio Fronteira

Este, na minha modesta opinião, é sem sobra de dúvidas um dos jardins mais belos de Lisboa. Localizado no Largo de São Domingos de Benfica, o Palácio dos Marqueses de Fronteira remonta, essencialmente, ao século XVII, mas tem indícios mais antigos. Pertence a uma das mais antigas famílias nobres portuguesas, os Marqueses de Fronteira. Alvo de vários documentários, entre eles o mais recente do canal francês TV5 Monde, a primeira coisa que nos chama logo à atenção nos seus jardins de influência italiana são os 3 muros azulejados onde estão desenhadas histórias mitológicas clássicas, actividades agrícolas e vinícolas.

Aliás, os azulejos do Palácio são um dos seus ex-libris que fascinam aqueles que lá passam. Na Galeria das Artes poderá passear junto aos seus pequenos muros compostos por azulejos e floreiras onde na Primavera desabrocham flores que dão ainda mais vida e magia àquele espaço. O Tanque dos Ss e a Casa da Água são outros dois locais do jardim que atribuem características únicas a este espaço. São ladeados por azulejos onde pequenos macacos são contadores de histórias e de algumas espécies arbóreas. No Jardim de Vénus, predominantemente feminino, poderão ser admiradas algumas plantas e espécies que remontam ao Século XIX e, ainda, a fonte onde se ergue Vénus oferecendo água à zona envolvente.

Por fim, o ponto alto dos jardins: o Tanque dos Cavaleiros e a Galeria dos Reis. Ambas ornamentadas por belíssimos azulejos portugueses e por bustos dos vários Reis de Portugal até D. Pedro II. O tanque é rodeado por duas escadarias que dão acesso à Galeria e no seu interior observam-se 4 esculturas. Quem sabe se atirar uma moeda que os seus desejos não se realizam? Os jardins podem, e devem, ser visitados até Maio da parte da manhã entre as 11h e as 13h e entre as 14h e as 17h. Aos Sábados entre as 11h e as 13h. Nos meses de Verão, poderá visitar entre as 10h30 e as 13h e das 14h às 17h.

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Jardim do Palácio Fronteira – Galeria dos Reis e Tanque dos Cavaleiros
  1. Jardim Botânico

Existem dois em Lisboa. Um ao lado do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, na Rua da Escola Politécnica, e outro na Ajuda. O primeiro foi erguido no século XIX com o objectivo de se estudar, ensinar e investigar Botânica na Escola Politécnica. O segundo remonta ao século XVIII, foi o primeiro a ser criado no país e hoje faz parte do Instituto Superior de Agronomia. Possuía o mesmo objectivo: estudar o mundo vegetal que era trazido dos mais variados pontos do mundo: Nova Zelândia, Austrália, China, Japão, América do Sul ou África.

Graças às excelentes condições micro climáticas, hoje em dia, ambos os Jardins lutam pela defesa da Biodiversidade e fazem campanhas de sensibilização junto daqueles que os visitam. O Borboletário, composto por variadas espécies de borboletas, é um dos ex-libris do Jardim Botânico do MNHNC. Infelizmente, tanto um como outro, não são muito visitados, apenas por turistas que ficam curiosos e até porque nos seus países dão muito valor à protecção da flora. Por esta razão, está na altura de contrariar esta tendência e, neste sentido, poderá visitar o primeiro, durante o Verão (até Outubro) todos os dias até às 20 horas. No período de Inverno, o horário é mais apertado e poderá consultar em museus.ulisboa.pt. Já o Borboletário pode ser visitado até Setembro entre Terça e Sexta até as 17h e ao fim de semana até às 18h. Relativamente ao da Ajuda, pode visitar durante o Verão (até Setembro) todos os dias até as 20h. Nota importante é o facto de infelizmente não pode levar animais consigo para o interior destes jardins.

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Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural e da Ciência
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Jardim Botânico da Ajuda – ISA

 

Termino, assim, por agora. Espero que aproveite algumas das minhas sugestões para os próximos tempos sobre o que pode fazer, ver e visitar na nossa muy nobre e sempre leal Cidade de Lisboa. Voltarei no próximo mês com mais sugestões e opiniões. Até lá, continue a ler as crónicas dos meus colegas do Ideias e Opiniões e mantenha-se a par dos mais variados temas. Um óptimo mês de Abril, boas leituras e excelentes passeios.

Lisboa agradece!