Liga NOS: Líderes vencem com maioria absoluta

As sondagens eram claras: maioria relativa para ambas as equipas. Em dia de eleições, os líderes do campeonato português, tinham ao seu dispor as leis dos números. Leis essas que ditavam a vitória em ambos os jogos que iriam realizar. Contudo, a contagem à boca das urnas, nada nos dizia quanto às percentagens. Maioria relativa, defendiam os cépticos. Empate técnico no caso do Sporting, diziam alguns. Porém, os adversários nunca se mostraram à altura da votação e acabaram por se deixar ir abaixo. Resumo: vitórias categóricas do FC Porto e Sporting, por 4-0 e 5-1, respectivamente, que fazem com que os líderes do campeonato tenham vencido as eleições por maioria absoluta e incontestável.

Pouco tempo antes das urnas fecharem, a primeira equipa a entrar em campo, foi o FC Porto. O seu adversário era uma equipa abatida pela recente goleada sofrida na Europa e desgastada pelos escassos dois dias de descanso de que dispuseram. A tarefa não parecia muito complicada. O Belenenses, por seu lado, iria encarar este jogo como se de uma missão hercúlea se tratasse, face aos mais recentes acontecimentos. Todavia, a 1ª parte não correu como a equipa da casa desejaria. Lentidão no processo de construção; pouco jogo pelo corredor central; dependência excessiva dos extremos; pouca espontaneidade no remate e alguma inoperância ofensiva. Brahimi e Corona eram os dínamos da frente de ataque portista, fazendo “gato sapato” dos tenrinhos laterais da equipa de Belém. No inicio do segundo tempo, as coisas melhoraram muito para o lado dos visitados e foi de mal a pior, no que aos forasteiros concerne. A acutilância foi sendo cada vez maior. Brahimi foi rasgando por completo a defesa dos homens da cruz de cristo, e o golo acabaria por surgir aos 55 minutos. Estava feito o primeiro e o mais difícil até então: ser bem sucedido frente a Ventura. Dois minutos depois, e após ter feito uma assistência, foi a vez do argelino fazer o gosto à cabeça. Os dois golos sentenciavam o resultado e anteviam uma aberturar do “ketchup” como nunca antes vista. Os lisboetas nem sabiam para onde se virar, com a tamanha qualidade do “novo Madjer” e a perícia do mexicano. Arrasador. Pior se tornou quando o Belenenses se começou a abrir e os golos a surgir com mais frequência. 4-0 foi o resultado final. Julen Lopetegui, além de uma goleada, leva também uma boa exibição e a promessa de um futebol vistoso e de qualidade, assente na consistência de Ruben Neves, na magia de Brahimi e na imprevisibilidade de Corona. Serviu de igual forma para consolidar o 1º lugar em igualdade pontual com o Sporting, que também venceu categoricamente o seu jogo.

Às 20h30 foi a vez do Sporting, perante o seu público, dizer presente na campanha do título. Frente a um opositor debilitado pelo terrível inicio de época que está a realizar, e ainda em processo de adaptação aos novos métodos do seu recente timoneiro, Sérgio Conceição. O Vitória de Guimarães nunca foi um grande perigo para a baliza de Rui Patrício, que só por ter sofrido um golo, é que não se pode dizer que passou uma noite perfeita. Ah, e levar com chuva durante 90 minutos sem ter de se mexer muito, não é de todo bom. A equipa treinada por Jorge Jesus, entrou em campo com algumas novidades, que viriam a surtir o efeito desejado. João Mário jogou numa posição que não é muito comum para si, médio direito. O jovem português é um jogador vincadamente de posse, temporização e de passe, o que não se coaduna com o trabalho de um extremo. Errado. Neste modelo 4-4-2 de Jesus, o internacional português caiu que nem ginjas nesta nova posição. Porém, não só João Mário teve em dia sim. Slimani, com 3 golos apontados e William Carvalho, com uma exibição para mais tarde recordar, foram os pilares desta coligação bem sucedida. Neste caso Portugal não foi à frente, mas foi o Sporting. Os leões fizeram uma 2ª parte de sonho – pese embora o facto de estarem a jogar frente a 10 – e golearam um adversário teoricamente difícil. Este resultado, além de conferir ainda mais legitimidade e apoio a Jorge Jesus no seio leonino, faz com que os “viscondes de Alvalade” mantenham a liderança em ex aequo com o FC Porto. Os adeptos, além dos sempre presentes insultos, quer ao Benfica, quer a Carrillo, já gritam o sonho, já vivem o sentimento positivo da crença. A melhor exibição da época e o resultado mais expressivo da era Jesus, são um bom presságio para o jogo da próxima jornada, no Estádio da Luz. A única coisa certa, é que o Sporting deslocar-se-á à Luz como líder do campeonato, à frente dos encarnados por 5 pontos – à condição, em virtude do jogo em atraso do Benfica -, algo impensável há uns meses atrás. Quanto ao Vitória, ou as coisas mudam drasticamente com mais umas semanas de Sérgio Conceição, ou avizinha-se uma época a roçar o miserável.

E assim foi. Em dia de eleições, os partidos do FCP e do SCP, chegaram à maioria absoluta nas vitórias categóricas frente a adversários potencialmente perigosos. As coligações Brahimi – Corona e Slimani – William, fizeram estragos e ajudaram os seus clubes a atingir a liderança. Agora, é preciso não cair em falácias e falsas promessas; evitar o excesso de confiança e cativar quem se absteve de comparecer no estádio. Enquanto isso continuar a acontecer, e em caso das exibições do dia de hoje se tornarem hábito, a liderança bicéfala poderá ser um cenário mais prolongado do que se espera. O grande derrotado da noite foi o Benfica. Além de ter visto o seu jogo adiado devido ao nevoeiro, viu os seus dois maiores rivais ganharem pontos, um acontecimento sempre evitável. Que as “promessas eleitorais”, não se esgotem, e que isso faça com que tenhamos campanh…Campeonato até ao fim!