Lisboa – Celebrar o Caminho Marítimo para a Índia

No passado dia 20 de Maio, comemorou-se uma data muito importante e que permitiu o inicio do processo da Globalização como hoje o conhecemos. E sim, foram os Portugueses que o começaram! Falo, claro, da Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia. Posto isto, o intuito desta crónica conjunta vem no sentido de sugerir, aos nossos leitores, visitar alguns locais que, directa ou indirectamente, se relacionam com este importante e histórico evento. Vamos começar:

  • Museu da Marinha

Esta belíssima instituição museológica está sediada na ala no Mosteiro dos Jerónimos. Da arte da ciência e da navegação é incalculável o número de peças que demonstram o nosso património histórico e científico. De acordo com Nuno Crato (Instituto Camões), neste Museu há a possibilidade de constatar a evolução da arte naval mas, também, da arte de velejar. Para além de peças que comprovam a evolução da engenharia naval, existem peças de pesca, nomeadamente, da pesca do bacalhau.

Perante esta temática, é de constar que, na entrada, o visitante vai-se dar conta da obra escultória do Infante D. Henrique e de um mapa de grandes dimensões que demonstra as particulares das viagens da historiografia moderna. De facto, em honra das particularidades do caminho marítimo para a Índia, em que se concretizou a ligação marítima entre a Europa e o Médio Oriente, é celebrado o Dia da Marinha, a 20 de Maio, em Lisboa.

Não digo muito das peças ligadas ao Caminho Marítimo para a Índia. A qualidade das colecções revela, por si, a gigantesca qualidade museológica que arrebata qualquer visitante. É evidente que estamos perante uma parcela do património português, que deve ser salvaguardado e valorizado pelos portugueses.

A nível de acessibilidade de transportes é imensa, desde o eléctrico 15E, que fazem as delícias dos visitantes estrangeiros, até aos autocarros, com longos percursos: 28, 201, 714, 727, 729, 751. Por fim, também tem a Linha de Cascais (Belém). De transporte está imensamente reforçado!  O horário de funcionamento destacado na Câmara Municipal de Lisboa entre 1 de Abril e 30 de Setembro é das 10h até às 18h, excepto segunda feira e feriados.  Do Museu da Marinha, o preçário varia entre os 3,25€ (crianças até os 3 anos) e os 35€ (Bilhete colectivo).

  • Torre de Belém:

Com mais de 500 anos de histórias para contar, a Torre de Belém ergueu-se a mando de D. Manuel I (1514), perto do local onde as Naus de Vasco da Gama saíram em direcção à Índia alguns anos antes. Exemplo da arquitectura manuelina com elementos alusivos aos descobrimentos, esta torre militar serviu, durante muitos anos, de defesa do porto de Lisboa. Considerada Património Cultural de toda a Humanidade, já não tem um intuito militar, mas surge como uma das portas de boas-vindas da cidade de Lisboa, a quem a queira conhecer, sejam portugueses ou estrangeiros. Para entrar neste espaço, pode-o fazer até às 18h30, até ao final do Verão. Os preços são de 6€, mas pode optar por bilhetes conjuntos temáticos (Descobertas = Torre de Belém/Jerónimos – 12€; Praça do Império = Torre de Belém/Jerónimos/Museu Nacional de Arqueologia – 16€; Cais da História = Torre de Belém/Jerónimos/ Museu Nacional de Arqueologia/Museu de Arte Popular/Museu Nacional de Etnologia/Museu dos Coches – 25€) ou ainda os bilhetes especiais para idosos, famílias, estudantes.

Dentro ainda desta temática, sugiro a visita ao Padrão dos Descobrimentos, onde está a exposição “Racismo e Cidadania”, no âmbito das comemorações da Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura. Faz todo o sentido compreender como é que o fenómeno do Racismo cresceu no nosso país, enquanto resultado directo da expansão marítima Portuguesa iniciada no Século XV, até aos dias de hoje. Um debate cultural que vale a pena ser visitado e que “visa estimular o grande público a questionar o passado e o presente das relações entre povos, conjugando emigração com imigração, exclusão e integração, ausência e acesso à cidadania”, tal como se pode ler na página da exposição. A exposição pode ser visitada até 3 de Setembro, e como é no interior do Padrão o bilhete custará a módica quantia de 5€.

  • Museu Nacional de Arqueologia

O Museu Nacional de Arqueologia tem o melhor espólio de artefactos arqueológicos representativo da extensividade do património Português. Deste museu, é de referir a exposição temporária “Testemunhos da Escravatura. Memória Africana” patente até 31 de Dezembro. Uma iniciativa por parte da CML, no âmbito da Lisboa, Capital Ibero – americana de Cultura. Aqui pode encontrar informação mais detalhada que abarca a historia da escravatura, com o testemunho da época romana até às primeiras décadas do século XX. Assim, a partir do século XVI, os portugueses foram desenvolvendo o comércio de escravos africanos, e houve uma necessidade de adaptar a prática da escravatura às condições de navegações dos navios. Dos Descobrimentos importa realçar a citação patente nos Testemunho da Escravatura de Arlindo Pereira “Escravos e Traficantes no Império Português: o comércio negreiro português no Atlântico durante o século XV a XIX”:

Isto não quer dizer que, ao longo desses séculos, muita gente não tenha manifestado compaixão ou mesmo indignação pela situação dos escravizados e sobretudo pela forma iníqua como se processava a aquisição de escravos e o seu transporte entre as duas margens do Atlântico.”

Na verdade, é uma exposição temporária, mas é de reflectir a noção da escravatura e das suas particularidades na historiografia portuguesa. Em termos de acessibilidade de transportes reflecte o mesmo caso do Museu da Marinha, o seu horário de funcionamento é de 3º feira a Domingo, das 10h às 18h. É de referir a particularidade da acessibilidade dos espaços de exposição às pessoas com deficiência física. Um Museu acessível, um museu para todos! A nível de preçário é de uma quantia razoável: 5 euros. No entanto há possibilidade de fazer os circuitos, tal como no caso apresentado na Torre de Belém.

  •  Museu do Oriente

Dentro da temática proposta, faz todo o sentido ir dar uma vista de olhos às terras longínquas do Oriente (Índia, China, Japão). Mas se não tem possibilidades financeiras para ir a um destes países, em Lisboa pode visitar um espaço museológico dedicado ao encontro entre Portugueses e Orientais. Ao longo dos tempos, a arte produzida em terras lusas ou nas terras asiáticas traduziu-se numa forma de contacto e de expressão entre os portugueses e os povos indiano, chinês, japonês, entre muitos outros. Muita dessa arte, pode ser descoberta em Alcântara, no Museu Fundação Oriente. Pode visitar este museu, de Terça a Domingo, das 10h às 18h, sendo que à Sexta o horário estende-se até às 22h. Os bilhetes variam entre os 2€ (para os mais novos) aos 14€ (se for em família). À Sexta, entre as 18h e as 22h, a entrada é gratuita.

Pode aproveitar o facto de estar em Alcântara e ir à Gare Marítima da Rocha do Conde d’Óbidos conferir se está lá aportado um certo navio. É fácil de o identificar visto se destacar junto dos seus congéneres. Este navio é uma réplica, bastante exacta, das caravelas portuguesas que navegaram ao longo da costa africana, e não só, durante os séculos XV e XVI. A Caravela “Vera Cruz” faz parte da Associação Aporvela e possibilita o treino de vela e ter experiências em alto mar, principalmente dedicado aos mais jovens. Viaja também pelo mundo, dando a conhecer a História de Portugal, para participar em vários eventos náuticos e marítimos. Se não for possível pôr um pé a bordo, admire-a e imagine-se a viajar pelo desconhecido em busca de novas terras, produtos e culturas.

  • Museu do Instituto Português de Cartografia e Cadastro

“Como organismo ligado à geodésia, à cartografia e ao cadastro, o IGP foi o fiel depositário de um vasto património científico e histórico, o qual conta com cerca de 1300 peças no núcleo museológico, a cartoteca com milhares de cartas e atlas, e uma biblioteca especializada. Tendo em consideração a importância histórica e cultural desse espólio, foi desenvolvido o projecto Museu Virtual, que  permite ao utilizador aceder com facilidade a um conjunto privilegiado de informação e que prosseguirá com a introdução, de forma faseada, de novos conteúdos.”

O Instituto Geográfico Português (IGP) é uma entidade resultante de uma fusão de organismos públicos. A origem remonta ao século XVIII com a Comissão para os Trabalhos de Triangulação Geral do Reino. A Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano acarreta o espolio dos organismos central do Estado desde 1944. O espólio é enriquecido com 5.000 plantas originais e 12 000 fotografias aéreas, bem como documentação relativa à elaboração/aprovação dos planos! No fundo, é uma entidade que acarreta uma boa base fundamental de investigação para futuros profissionais. À distância de um clique, é permitido o acesso significativo de boa parte do património cientifico. De cores escuras e simples, apresenta de forma eficaz e bem organizada por temáticas, é de referir a colecção de instrumentos, com uma qualidade extrema de visualização.

Importa referir a importância de um Museu diferente, para todos. No entanto, em termos de contextualização de conhecimento acessível para todos não é constada. É de louvar o facto de incentivar a divulgação destes documentos para o público. No âmbito da temática dos Caminhos da Índia, há muito para explorar!

  • Museu Nacional de Arte Antiga

Visitar o espólio de obras de arte de pintura, escultura, ourivesaria, cerâmica, tapeçaria, principalmente de autores portugueses, e alguns estrangeiros, pode também dar uma outra perspectiva sobre a temática que vos trouxemos. Relacionado com os descobrimentos portugueses, encontrará neste Museu uma grande variedade de obras que retratam a sociedade portuguesa daquela altura (Painéis de São Vicente), a chegada de naus portuguesas a um porto oriental longínquo (Biombos Nambam), objectos de uso diário feitos com base em produtos comercializados em África, América e Ásia (ex: o Saleiro de marfim) ou ainda uma das mais famosas peças de ourivesaria portuguesa, senão mesmo a mais famosa, a Custodia de Belém, de Gil Vicente.

Todas estas obras e muitas outras podem transportar, a quem as vê, para outros séculos onde Portugal de então era bem diferente daquele que hoje conhecemos. Para visitar este Museu, pode-o fazer entre as Terças e Domingos, das 10h às 18h, e os preços rondam os 6€ (sendo que jovens, estudantes, famílias e seniores têm desconto).

  • Museu de História Natural e Jardim Botânico

A sua origem remonta ao Real Museu de História Natural e Jardim Botânico, criado na segunda metade do século XVIII, na Ajuda, e de seguida pela passagem na Academia das Ciências e depois transferido para a Escola Politécnica (1858). Mais tarde, foi transferido para a Escola Politécnica, cuja designação era “Museu Nacional de Lisboa”, em 1861. Em 1878, foi inaugurado o Jardim Botânico de Lisboa. Daqui pode-se pensar o que advém a importância desta entidade museológica? Qual é a interligação com o caminho marítimos para a Índia?

De facto, o fundador do Império Português, Afonso de Albuquerque no Oriente e Governador das Índias Portuguesas enviou um rinoceronte ao rei D. Manuel, como presente do Rei Modofar. Mais tarde, em 1515 para consolidar o apoio do Papa na consolidação da posse das terras, organizou uma embaixada com todo o tipo de ofertas incluindo o rinoceronte. Contudo, uma tempestade violenta afundou a nau conjuntamente com a tripulação e as oferendas. A mando de D. Manuel I, o rinoceronte foi empalhado e enviado Papa Leão X. Foi imortalizado e representado numa das maiores infraestruturas do património português: Torre de Belém e Mosteiro de Alcobaça.

A Exposição Naturalista do Museu é enriquecida com os conhecimentos diversos de zoologia, botânica e paleontologia. Patente desde 2006, é enriquecida todo o tipo de culturas, plantas e animais, que incentivaram e espantaram os nossos antepassados nomeadamente durante o período de Descobrimentos. Aliás, não foi somente a descoberta de outro tipos de territórios, mas também foi de outros tipos de culturas e população e também animais exóticos! Praticamente foi uma época definida de “descobrir” a essência do Mundo.

Finalmente, para terminar, das diversas exposições temporárias e permanentes, esta é a mais impressionante. A visita ao Jardim Botânico é essencial para terminar uma boa tarde conjuntamente com amigos e família, um espaço agradável e acessível. No Verão está aberto das 9h às 20h. O preçário normal é 5€. A nível de descontos é: Grátis até aos 5 anos; Estudantes e seniores: 3€. Existe o Bilhete familiar (2 adultos + 2 crianças): 12,50€. Quem quiser visitar somente o jardim botânico para passar um momento agradável, a entrada é simbólica, os adultos: 2€, sendo grátis até aos 5 anos, enquanto que os estudantes e seniores: 1€. Por fim, também existe o Bilhete familiar (2 adultos + 2 crianças) de 5€.

Assim termina a saga dos sete museus. Uma forma de apresentar um pouco do património português! Uma pequena parcela da vasta extensão patrimonial de cariz histórico-museológico que o nosso país tem para oferecer. Seja em Lisboa ou noutro local de Portugal, desejamos-lhes excelentes passeios.

Portugal agradece!