Marketing do Cancro

Cancro, aquela palavra que todos temos receio de ouvir, seja relativamente a nós, seja relativamente a outros. Cancro, aquela doença que seja sem aviso, sem algo que o faça prever, sem idade nem local certo para surgir. Cancro, o estúpido do cancro.

Todos os dias sabemos de pessoas com cancro, seja mais ou menos conhecidos, há sempre alguém a padecer desta estúpida doença. Depois de diagnosticado, os tratamentos começam, radioterapia, quimioterapia, e o cabelo cai na maioria das vezes. Penso ser daqueles sinais em que nos apercebemos mesmo (seja na própria pessoa seja nos outros) que o cancro está lá…

No ano passado, a esposa do ex-Primeiro Ministro surgiu sem cabelo, evidenciando que sofria de cancro mas não desistindo de ter uma vida (minimamente) normal. Muitas foram as vozes que se insurgiram, dizendo que a mesma estava apenas a fazer campanha para o marido… Como se as pessoas votassem por pena ou algo do género!! Ainda no ano passado soubesse que Sofia Ribeiro também sofria de cancro, desta vez da mama, ela uma actriz jovem. E para lidar com o cancro e com a exposição mediática que tem (isto sou eu a pensar) vai publicando mensagens de esperança e força nas redes sociais. Vejo assim desta forma o vídeo que fez, onde cortou o cabelo que ia caindo com os tratamentos, rodeada de amigos e que resolveu publicar. Contudo outras pessoas disseram que seria uma forma de ser “falada”, quase como uma espécie de marketing.

O que estas duas mulheres têm de diferente em relação aos outros pacientes que sofrem também de cancro? São conhecidas. E vejo nestes aparecimentos públicos e nestas partilhas de mensagens e vídeos uma possível força que darão não apenas às próprias mas também a outras pessoas. Porque muitas vezes será isso que falta a muitos pacientes, esperança e força que não têm nos familiares e amigos que, por pena ou cansaço, apenas estão presentes por estar… Não entendo as críticas. Será que por estar doente, seja cancro seja outra doença qualquer, a pessoa se deve esconder? É simplesmente parvo o que muitos dizem. Cada um lida com a doença à sua maneira e se isto não faz mal nenhum a ninguém para quê criticar de forma parva?!

Muitas vezes adia-se os exames com medo do resultado, muitas vezes não queremos saber ou deixamos andar aquela dor que temos. Estes casos onde as figuras públicas dão, infelizmente, na primeira pessoa o testemunho podem ajudar a ganhar coragem (com e sem aspas) para as pessoas darem o primeiro passo, primeiro no diagnóstico e depois no tratamento, na luta. E se apenas uma pessoa fizer isso acredito que o “marketing” que muitos acusam estas (e outras) figuras públicas de fazer à conta de uma doença foi bem feito…

A todos os que lutam contra o cancro não percam a esperança!