Museus, é uma casa, com certeza!

Num museu, sobretudo nos museus portugueses, há uma clara preocupação centrada na materialidade das colecções. Num contexto sistemático da presença do património, criam-se abordagens cruzada do material e do imaterial.

“Os museus podem identificar e valorizar estes patrimónios, o que faz dos museus instrumentos indispensáveis para o desenvolvimento local. Por outro lado, as estratégias de desenvolvimento local não devem dispensar a participação das comunidades.” (Carvalho, Ana, 2012: 48)

Para além disso, importa realçar que o paradigma da salvaguarda do património cultural tem estado a evoluir significativamente. Deste modo, de acordo com Ana Carvalho, os museus têm três possibilidades de actuar: como catalisador, como intermediários e como espaço em si mesmo.

Assim, o mote “Património é o que nos faz sentir em casa”, proporcionado pelo Arqueólogo João Ribeiro na sequência dos estudos arqueológicos sobre Chaves, faz todo o sentido de aplicar a nível nacional. Se não formos nós a valorizar, quem valoriza?! Quem preserva?! Quem dá a conhecer?! O papel de dar a conhecer o nosso património pertence a todos. Temos o direito e o dever de valorizar o nosso património. Daí que o “museu” funciona como uma ponte entre a comunidade e o conhecimento.

Desta forma, apresento sete museus de Norte a Sul do País que apresentam a belíssima particularidade de transmissão da cultura do povo português. Porquê apenas sete? O número “sete” representa a “consciência”, a “totalidade”, a “perfeição”. Neste contexto aplica-se, no sentido, de que são sete museus “perfeitos” que enraízam a nossa identidade. Atenção, os restantes museus não mencionados merecem também ser divulgados!

Museu do Traje (Viana do Castelo, Portugal)

O Museu do Traje do Castelo foi criado em 1997 tendo em vista a divulgação da identidade e do património etnográfico vianense, sobretudo o traje feminino usado nas aldeias, usado entre os meados do século XIX até meados do XX. Um testemunho muito interessante na procura por manter a identidade rural da região. Em 2007, reabilitaram o espaços para exposição, reservas, serviços educativos, tertúlias e administração que melhoraram consideravelmente as condições para o cumprimento das funções museológicas. Um espaço a visitar inevitavelmente, para quem passar por Viana do Castelo. Visitar aqui.

Museu do Vinho do Porto (Porto, Portugal)

O vinho do Alto Douro Vinhateiro é Património Mundial! Não é de admirar que a paisagem seja valorizada e também o cultivo da vinha. Como se costuma dizer “Estás como o vinho do Porto, cada vez melhor!” Realmente, está a ser cada mais valorizado pelos estrangeiros, nomeadamente os Britânicos. Relativamente ao Museu, era fulcral estabelecer uma forma de salvaguardar este tipo de património, e por isso, é instalado nos antigos armazéns da Casa do Cais Novo. Peças de diversas tipologias compõem uma parte do núcleo museológico, que pertence ao Museu da Cidade do Porto. Visitar aqui.

Museu Monográfico de Conimbriga (Coimbra, Portugal)

Sucintamente, o Museu Monográfico de Conimbriga, foi fundado em 1962 e está aberto ao público desde 1930. Encontrasse directamente nas ruínas da Cidade Romana e apresenta um alto teor de presença romana. Para quem gosta de arquitectura e de entender o urbanismo romano este é inevitavelmente um museu de respeito e que interessa sempre divulgar derivado do seu testemunho histórico. Mais informações aqui.

Aldeia Museu José Franco – Aldeia Típico do Sobreiro (Sobreiro, Mafra, Portugal)

No Sobreiro, entre a Ericeira e Mafra, fica esta belíssima aldeia, de carácter etnográfico, criada por um oleiro, José Franco, durante a década de 60. Faz as delícias das crianças e dos adultos, com as infraestruturas típicas da população, e faz também bom vinho e bom pão com chouriço! Um museu criativo representa a identidade de uma população, traços culturais que vão desaparecendo aos poucos. Importa preservar e proteger. Mais informações aqui.

Museu de Bordalo Pinheiro (Campo Grande, Lisboa, Portugal)

O Museu de Bordalo Pinheiro representa uma das maiores caricaturas politicas do nosso imaginário, o Zé Povinho, mas também a gastronomia, explorando a nossa ligação com o bacalhau. Situa-se num edifício emblematicamente rico, e é merecedor de real reconhecimento da comunidade! É um museu que através de diversos tipos de arte apresenta realidades sociais, nomeadamente ligadas à 1ª República. Importa visitar, porque rir faz bem, e este museu fornece uma exposição criativa. Mais informações aqui.

Museu Municipal de Santiago do Cacém (Santiago do Cacém, Alentejo, Portugal)

Localizado na Praça do Município, está instalado desde 1972 no que anteriormente era a antiga Cadeia Comarcã. De facto ainda estão expostos alguns traços identificativos da história do edifício. O espólio do Museu foi enriquecida com doações dos habitantes da região, o que traça uma exposição que revela a vida quotidiana da população portuguesa da região, mas também nacional. Descoberta recentemente, importa realçar que aborda de uma forma muito interessante os espaços envolventes acerca da educação e do papel da mulher. Mais informação aqui.

Museu de Cera dos Descobrimentos (Lagos, Algarve, Portugal)

O Museu de Cera dos Descobrimentos  foi inaugurado em 2014, uma ideia de uma entidade privada, Tempus Lda. É um museu didáctico que apresenta um período histórico, debruçando-se nos vários desenvolvimentos e processos culturais da época dos Descobrimentos. Cada exposição permite uma interpretação simplificada do período histórico. Um Museu para todos e para todas as idades. É de facto uma obra muito interessante, que serve para reflectir sobre importância do papel das entidades privadas na salvaguarda do património. Mais informações aqui.

Bem, como é evidente não pus na lista o Museu do Cristiano Ronaldo, porque efectivamente nunca visitei derivado à posição geográfica em que se insere. De facto para realizar a visita ao museu deste emblemático futebolista, teria de me deslocar em transporte aéreo. Não tendo possibilidade para o realizar, demonstro um troço do património português continental.

Obra de referência:

Carvalho, Ana (2012) Os Museus e o Património Cultural Imaterial, estratégias para o desenvolvimento de boas práticas, Edições Colibri