Niki Lauda: A Fénix em Pessoa

Nicky Lauda é um dos pilotos mais bem conhecidos de todo o paddock. Lauda é conhecido por vários motivos: a sua atitude (quer dentro da pista, quer fora dela), o acidente em Nurburgring Nordschleife que marcou a sua carreira, e os 3 títulos mundiais que conquistou. Foram razões suficientes para que Lauda ficasse na história do desporto.

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Andreas Nikolaus Lauda nasceu em 1949. Actualmente está ligado à equipa de fábrica de Fórmula1 da Mercedes GP, enquanto Director não-Executivo. Participou no pináculo do desporto motorizado entre 1971 e 1979. Voltou em 1982 e esteve presente mais 3 anos. No total, disputou 177 Grandes Prémios e obteu 25 vitórias. Conquistou 24 pole positions e 24 ‘voltas mais rápidas’. Conquistou, também, 419.5 pontos e é um dos poucos pilotos que alcançou 3 campeonatos mundiais- 1975, 1977 e 1984. Terminou em 2.º lugar em 1986 – ano de escolha para a realização do filme Rush. Pilotou para a March, BRM, Ferrari, Brabham e McLaren.

O austríaco iniciou a sua carreira no ano de 1968, ao destacar-se nas classes mais inferiores antes de ingressar na F1. A sua estreia na Formula 1 aconteceu no Grande Prémio da Áustria, de 1971, que acabou por abandonar por problemas mecânicos. Disputou a temporada seguinte como segundo piloto da equipa (está dependente do primeiro piloto e os avanços tecnológicos chegam mais tarde ao seu carro), e em 1973 entrou para a equipa BRM, ao pagar para pilotar. Mais tarde, entra para uma das maiores equipas de F1 de todos os tempos: a Ferrari. Lauda iria conduzir o Cavalinho Rampante, graças à recomendação de Clay Regazzoni. Seria o seu primeiro ano em que uma equipa pagaria a Lauda para pilotar. Termina em 4.º lugar na geral e conquista as suas primeiras vitórias: uma no circuito de Jarama e outra no circuito de Zandvoort. No seu GP de estreia termina na segunda posição.

Em 1975, Lauda sagra-se campeão mundial pela primeira vez. Manteve o ritmo competitivo em 1976, mas um acidente em Nurburgring Nordschleife iria dar que falar. O seu carro incendiou-se e o piloto ficou preso vários minutos. No hospital, Lauda ainda esteve na presença de um padre e saiu vivo de toda aquela situação. O piloto que perdera a orelha, ainda voltou no mesmo ano e só perdeu o campeonato na última prova, no GP do Japão, para James Hunt.

Em 1977, recupera o fôlego e conquista 3 GP’s que lhe dão o título mundial, pela segunda vez. No final desse ano, Lauda iria deixar a Ferrari e passaria a ser piloto da Braham-Alfa Romeo, equipa que estava aos comandos de Bernie Ecclestone. A parceria ainda rendeu duas vitórias e cinco pódios, mas a falta de fiabilidade acabou com as esperanças de ser campeão uma terceira vez. Em 1979, o austríaco marca apenas 4 pontos e a decisão de abandonar iria tornar-se realidade, uma vez que a sua companhia aérea estava a crescer e precisava de atenção por parte do ex-piloto.

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Durante o período em que ficou afastado do pináculo do desporto automóvel, Lauda também era comentador e repórter de F1 para uma televisão austríaca. Apesar de ter deixado esse mundo, o seu coração nunca parou de bater pelas quatro rodas. Volta às pistas em 1982, através de um convite da McLaren. Bastaram duas corridas para que o piloto que sofreu um acidente quase fatídico, voltasse a vencer um GP. Conquistou o lugar mais alto do pódio no Grande Prémio do Oeste, em Logn Beach, e no Grande Prémio de Inglaterra, num dos melhores circuitos do mundo: Brands Hatch. No final da temporada, o retorno rendeu-lhe o 5.º da geral.

1983 foi um ano para esquecer. Os carros com motores atmosféricos são abolidos e o Turbo começa a ganhar as admirações do público. Neste ano, Lauda não conquista vitória alguma e apenas consegue terminar no pódio um par de vezes. Faltando apenas quatro provas para o fim do campeonato, a McLaren iniciava o desenvolvimento do seu motor Porsche. O piloto terminava a temporada no top10. No ano seguinte, nem tudo começou da melhor forma. Sem grande crédito, Alain Prost era candidato ao título. No entanto, Lauda conquistava o seu terceiro campeonato, apesar de ter menos 2 vitórias – conquistou 5 – que o francês. A defesa do título iria decorrer no ano seguinte, mas desta vez tudo vai abaixo. Com apenas uma vitória, e 12 abandonos, Lauda despede-se da Formula 1 definitivamente.

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O histórico piloto permaneceu alguns anos afastado da Fórmula 1, ao gerir a sua companhia de aviação, mas retornou como consultor técnico pelas mãos da Ferrari, no início da década de 90. Em 2001, é contratado pela Jaguar (que mais tarde iria tornar-se a equipa Red Bull), para assumir as funções de director técnico mas os resultados não foram os esperados, e Lauda seria despedido em 2003. Só em 2012, foi nomeado Presidente não-executivo da nova equipa da Mercedes, que então decidiu criar a sua estrutura e continuar, apenas, como fornecedora de motores para a McLaren.

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Lauda foi um caso único da história do desporto motorizado. Teve uma ascensão constante e o seu acidente deixou profundas marcas no seu corpo e no seu carácter. Passou a ser um piloto mais racional (ainda mais do que já era) e bastante perseverante. Pode ter desistido, mas voltou sempre ao mundo pelo qual sentiu sempre um amor especial. Lauda foi um piloto minucioso e que tomava a atenção aos detalhes. Foi o primeiro piloto moderno a querer compreender o funcionamento mecânico do carro, tal como Ayrton Senna ou Michael Schumacher. Para além do piloto que sofreu graves queimaduras, Lauda é um exemplo de como a sorte protege os audazes.

Happiness is an enemy. It weakens you. Suddenly, you have something to lose.

Deixo, então, uma boa dose de vídeos que exploram um pouco mais o piloto que marcou uma geração, através, também, de alguns excertos do filme Rush!

https://youtu.be/Gcr6STp6v8g