"A que nos agarramos?"

A que nos agarramos ? – Crónica

Quantas vezes já tentaram fazer uma revisão no vosso guarda-fatos e pareceu que acabaram com mais roupa do que quando começaram? Quantas vezes já mostraram descontentamento com determinada situação, mas continuam a repeti-la religiosamente? Quantas vezes já disseram para vocês “É hoje!”, mas na realidade nem sequer no amanhã foi?

A que nos agarramos? O que nos prende realmente de tomar o passo seguinte?

Durante anos a fio, disse a mim mesma que ia fazer dieta. Era sempre a velha história “Para o próximo mês começo”. Quando chegava esse mês, ou continuava a adiar ou simplesmente começava e a dieta durava uma semana (Em 2015 consegui finalmente). E a roupa acumulada no armário já do ano de 1995? E aqueles velhos posters nostálgicos das primeiras Boysbands ou da Pamela Anderson na série “Baywatch”? (Eu sou mais da geração Dragon Ball)

A nossa mente quer realmente arrumar internamente, acaba por ser vítimas de recordações nostálgicas daquele passeio onde usamos aquele vestido, daquele brinquedo que foi o primeiro onde o filho brincou, daquele frasco de perfume que foi o primeiro namorado que ofereceu ou daquela rosa velha e seca que o marido ofereceu quando celebraram 1 ano de casados.

Porque não nos agarramos às memórias ao invés de necessitar de ter algo material? Porque se o momento foi realmente algo bom, ficará sempre na nossa memória, com mais ou menos pormenor. É a cadência da vida. Se tudo tivesse que ficar na nossa memória, neste momento as gavetas do nosso cérebro seriam tipo a nossa gaveta das facturas onde se encontra recibos da EDP com 20 anos.

Porque não estamos preparados para largar? Saudade do passado ou algo mais que isso? A que se agarram vocês? O que é que ainda guardam secretamente numa gaveta de lá de casa, sem que ninguém sequer desconfie?

Confessem-se 🙂

Boas reflexões e boas leituras.