Enquanto as demais estações apostam em reality shows e telenovelas para preencher o horário nobre diário, a RTP1 tem no ar uma série nacional – «Bem-vindos a Beirais» – e um programa de entretenimento informativo – «Quem quer ser milionário». O que pode ser uma boa alternativa, quando SIC e TVI insistem em dar-nos mais do mesmo.
«Bem-vindos a Beirais» retrata de forma verosímil o quotidiano de uma aldeia – Beirais, claro está, na zona de Vila Real. Não deixa, contudo, de ser uma aldeia especial, onde não faltam os mais variados serviços: a GNR, uma casa de turismo rural / de habitação, uma barbearia, uma oficina de automóveis, um minimercado, uma funerária, uma estação de rádio, uma sociedade recreativa, uma banda filarmónica, uma estufa, o gabinete de um médico…
A personagem principal é Diogo Almada (Pepê Rapazote), que resolve ali recolher-se e trabalhar, depois de sofrer um ataque cardíaco causado pelo ritmo de vida alucinante em Lisboa. Torna-se agricultor e é ele o dono da estufa. Neste momento da trama, é inclusivamente candidato a presidente de Junta, estando empenhado com os seus apoiantes diretos nos preparativos para a campanha.
Num registo cómico, em cada episódio são focadas várias situações envolvendo algumas personagens. Há as aventuras, os problemas e os sonhos sempre relacionados com os jovens. Mas também vemos as quezílias entre casais. Ou a doença e solidão dos mais idosos.
Com personagens divertidas e diversas entre si, o enredo vai-se desenrolando tendo como palco a pacata aldeia, que agora as movimentações para as próximas eleições autárquicas parecem agitar. Agostinho é o atual presidente, conotado com práticas de gestão da Junta menos corretas. Diogo é o rival que ele tem pela frente, mesmo não sendo um filho da terra, mas já amando aquele lugar como se fosse seu desde a nascença.
À transmissão desta série nacional, segue-se o programa «Quem quer ser milionário». Manuela Moura Guedes regressa ao entretenimento, perfilando-se como mais simpática, sorridente, solta, informal, em contraponto com a postura mais fechada e agressiva a que nos habituou enquanto pivô. Até o corte de cabelo está diferente e os colares espampanantes desapareceram. Como parte do jogo, também sabe pôr aquele ar imperscrutável, perante os participantes, ante as respostas dadas, para criar algum suspense e já anteriormente para não os condicionar.
O programa foi sendo sucessivamente apresentado por Carlos Cruz, Maria Elisa, Diogo Infante, Jorge Gabriel e José Carlos Malato. A sua performance está longe da destes seus antecessores, mas há margem para melhorar.
O programa esteve envolto em polémica logo na sua primeira semana, devido a uma gralha nas hipóteses de resposta ao provérbio ‘Dezembro frio, calor no estio’. De acordo com o programa da RTP, a resposta correta deveria ser ‘Dezembro frio, calor no estilo’. Obviamente, alguém se enganou a introduzir o texto e acrescentou um «L» à palavra. A concorrente foi de imediato eliminada, ao responder ‘Dezembro frio, calor no aconchego’.
Crónica de Rogério Medeiros
O Pequeno e o Grande ecrã
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