O que é o Got Talent?

Começa amanhã a exibição do Got Talent Portugal na RTP1. É, para mim, uma grande oportunidade para a Fremantle Media Portugal mostrar que é capaz de produzir um grande formato internacional, depois do (a meu ver) falhanço do Factor X na SIC, uma produção muito “pobrezinha”, que não fez jus ao formato (como tive oportunidade de escrever nas minhas crónicas de 16/08/201427/12/2014), embora esteja em crer que a maior responsabilidade é do canal de televisão.

Mas afinal, o que é o Got Talent? O Got Talent é um talent show criado por Simon Cowell (o mesmo criador do X Factor) que consiste em avaliar a criatividade, agilidade e talento dos concorrentes em qualquer área. Sim, em qualquer área. A versão original britânica já foi ganha por um vendedor de telemóveis que cantava ópera (Paul Potts, 2007), por um street dancer de 14 anos (George Sampson, 2008), um grupo de dança (Diversity, 2009), um grupo de ginastas (Spelbound, 2010), um cantor (Jai McDowall, 2011), um cão que dança com a dona (Ashleigh and Pudsey, 2012), um grupo de teatro de sombras (Attraction, 2013) e uma boys band com um estilo parecido ao dos Il Divo (Collabro, 2014).  A versão americana teve ainda um vencedor ventríloquo/cantor (Terry Fator, 2007) e um mágico (Mat Franco, 2014). Este é o formato que, em Abril de 2014, foi considerado o programa televisivo do género reality TV de maior sucesso no mundo pelo Livro Guinness dos Recordes.

Numa primeira fase, todos os concorrentes passam por um processo de selecção levado a cabo pela própria produção do programa (neste caso, a Freemantle Media). Aqueles que passam essa primeira fase, fazem a audição perante o júri.
Cada membro do júri pode, durante a audição, pressionar o botão (normalmente vermelho) que tem na frente se não quiser ver mais e “X” com o seu nome acende por cima do palco. Se todos os jurados pressionarem esse botão, a audição acaba e o concorrente está eliminado. Mas mesmo que nenhum jurado pressione o botão, a passagem do concorrente às semi-finais não está garantida, porque no fim os jurados têm de dizer “sim” ou “não” ao concorrente, conforme achem que o mesmo deva passar ou não à próxima fase. E a novidade introduzida no ano passado foi o “Golden Buzz” (o botão dourado): todos os jurados têm a possibilidade de usar este botão uma vez apenas em cada temporada durante as audições e, quando o fazem, o concorrente fica imediatamente apurado para as semi-finais, mesmo que os restantes jurados digam “não”.

Só na fase das semi-finais é que os episódios começam a ser em directo. Baseando-me no formato original britânico, as semi-finais são 5 (logo, duram 5 semanas, 5 directos), com 9 concorrentes cada. Aqui o público vota no seu favorito e, no final do episódio, são revelados os 3 mais votados. O mais votado passa imediatamente à final. Entre os outros 2 (o programa não revela logo quem foi o segundo e quem foi o terceiro mais votado) passa aquele que tiver mais votos do júri. Caso os votos do júri originem um empate (porque são quatro, pode ficar dois votos para cada lado), a produção revela então quem foi o segundo e o terceiro mais votados e passa o segundo, obviamente.

Na final são 11 os concorrentes. E dirão vocês “11? Mas passam 2 em cada uma das 5 semi-finais, logo são 10, não?”. Não, são 11, porque os jurados, depois da 5ª meia-final, já off air, escolhem o wildcard, um dos concorrentes eliminados nas semi-finais para passar à final. Aqui é o publico e apenas o público que escolhe o vencedor.
Na versão britânica, para além do prémio em dinheiro, o vencedor tem a possibilidade de actuar num evento especial para a rainha e sua família. A produtora Syco (de Simon Cowell e da Sony) e a Freemantle Media que, em parceria, produzem este programa no Reino Unido, também realizaram filmes sobre a vida dos vencedores. Em Portugal, não sei qual será o prémio.

 

Crónica de João Cerveira