O que é que a Jessica Athayde, Susana Almeida Ribeiro e Inês Silva têm em comum?

O que é que uma actriz, uma colunista de um jornal e uma concorrente da casa dos segredos têm em comum além de serem mulheres? Provavelmente o leitor ouviu falar sobre as três esta semana. Eu também! Obviamente não podia deixar passar em branco estes três pequenos acontecimentos semanais.

Jessica Athayde, actriz de varias novelas, namorada ou ex. namorada, não sei bem, de João Manzarra, desfilou na Moda Lisboa com um biquíni que além de ser lindíssimo ficava-lhe a matar. Não tardou para que as frustradas, as gordas, as malfeitas, as magras, as feias, os gays e as invejosas, comentassem em blogs e no facebook o desfile da jovem, apelidando-a de gorda, e ainda a aconselharam a praticar exercício físico e a comer menos hidratos de carbono. Grande parte dos comentários depreciativos foram feitos por mulheres, pois claro.

Jessica defendeu-se lindamente escrevendo um texto no seu blog Jessyjames (que agora já toda a gente conhece), onde acusava a ditadura da beleza imposta às mulheres, muitas vezes pelas próprias mulheres, uma loucura desprezível sobre estereótipos de beleza que uma mulher real com uma vida normal não consegue, nem deve cumprir. Com toda esta polémica, com certeza Jessica será protagonista da nova novela da tvi e, actualmente, chovem convites para dar entrevistas a programas de televisão e ainda para ser capa de revistas. Portanto, até acabou por ser benéfico para a própria todo este frenesim estúpido. Sou fá de mulheres com curvas, nunca fui magra e depois de ter dois filhos muito menos, e não troco o meu chocolate por uma folha de alface. Se por mero acaso a Jessica ler esta crónica, só te queria dizer Jessica, se eu fosse bissexual, dava-te uma trinca!

Susana Almeida Ribeiro, antiga jornalista do Jornal Público, emigrante e mãe, escreveu um texto para o jornal Público muito bem redigido, com um humor negro fantástico sobre as dificuldades dos pais com as crianças. Confesso que quando o li, soltei grandes gargalhadas, estava no meu quarto, na minha cama, alias quase a cair da cama, com um miúdo a ressonar no outro canto da cama, e outro miúdo virado com os pés quase na minha cara. Ler um texto tão real e tão engraçado, foi sentir que afinal não estava doida e que afinal, não estava sozinha. Mas qual não é o meu espanto quando leio comentários totalmente negativos. Não é possível! Desde chamarem nomes à cronista, afirmarem que não é boa mãe, afirmarem ainda que a alminha que ler a crónica nunca vai querer ser mãe/pai. Pessoal, é uma cronica humorística, é uma crónica de humor negro, de sátira, e também é real porra! Eu não sei o que é estar na casa de banho cinco minutos sozinha, ir ao supermercado com os putos é uma descida ao inferno com labaredas e labaredas de stress e ir ao restaurante? Só se for sem eles, porque se não a comida nem desce! Porque é que a sociedade está constantemente a desfasar a realidade? Principalmente as mães. Em vez de assumirem que não é fácil ser mãe, preferem criticar quem o faz. Há dias simplesmente maravilhosos em que olhamos para os filhos completamente babadas, mas há dias em que nos apetece desaparecer sem dia nem hora para voltar! Mas estes sentimentos são perfeitamente normais e todas, repito, todas as mães os sentem. Para mim, que escrevo muitas crónicas sobre este assunto, é uma frustração pessoal enorme, ler este julgamento todo à volta de uma mãe genuína e real. Concluo que ainda não leram as minhas crónicas.

Inês Silva, concorrente da Casa dos Segredos 5, entrou como namorada do Bruno e saiu, 28 dias depois, como namorada do Hugo. Mas não foi apenas este o motivo de crítica. Inês e Hugo deixaram os telespectadores acérrimos e fanáticos de olhos em bico, ao praticarem sexo em plena casa dos segredos. E agora eu pergunto: Qual é o problema afinal? Foi a Inês se ter apaixonado pelo chavalo em tão pouco tempo? Mas as paixões não são mesmo assim? Acontecem a qualquer momento e em qualquer altura. Ninguém imagina que se vai apaixonar amanhã ou depois, nem muito menos por quem, por isso é que chamamos paixão. Foi por ela estar numa união com o Bruno quando entrou na casa? Ela não despachou o tipo quando viu que não valia à pena? Falou, despachou e andou para a frente, é uma mulher decidida, ou as pessoas preferiam que ela ficasse a chorar pelos cantos pelo careca? Ah, pelo amor de Deus! Foi o sexo oral que ela protagonizou que causou tanta euforia? Não percebo porquê! Não é perfeitamente normal, um casal apaixonado, amigos coloridos, casados, uma gaja e um gajo prontos, terem sexo quando lhe apetece? Sexo é sexo, não interessa se é sexo oral, sexo anal, umas chicotadas, umas palmadas…sexo é tudo aquilo que um casal queira praticar. Claro que os comentários mais narcisistas foram feitos pelos homens, homens frustrados claro, gostavam de ter uma Inês lá em casa, mas em vez de uma Inês têm uma Maria, frustrada e maldisposta, sempre com uma vontade louca de…dormir, e cujo único contacto que ela tem com o marido é quando lhe lava as cuecas. Ah, já sei, o problema foi a Inês limpar o rosto ao lençol, não foi? Esclareçam-me uma coisa simples: Quando um casal vai para a cama dormir, sabe se vai dar uma keka? Deitar, ir sair ou dar uma volta de carro. O ambiente proporciona-se ou não, depende dos dias, correcto? Então o que é que queriam que ela fizesse? Que andasse com lenços atrás dela? Ah gentinha idiota, poupem-me de tanta ignorância de coisas tão básicas e insípidas como estas.

Nós vivemos numa sociedade hipócrita, narcisista, machista e controladora. Fico completamente aborrecida porque as pessoas são pouco informadas, pouco cultas, nada educadas, não contribuem em nada para melhorar o país, mas acham-se no direito de opinar negativamente sobre assuntos que até se tornam patéticos no meio de tantas coisas importantes, e francamente más que têm acontecido pelo mundo.