O SL Benfica e a UGT!

Quando nos pedem para relacionar, numa fração de segundo duas instituições, é recorrente que nos lembremos de Miguel Frasquilho (enquanto instituição, não me enganei) e uma qualquer empresa de construção civil.

Contudo, e sem esquecer o potencial quer humorístico quer judicial que a comparação acima referida possui, o tema escolhido é outro, embora semelhantemente dual, na medida em que nos propomos a analisar detalhadamente as incontestáveis parecenças entre o SL Benfica e a UGT (União Geral de Trabalhadores).

Num país de machos, na aceção zoológica da palavra, a primeira semelhança inegável entre o clube de Carnide e a unidade sindical é a abundante presença de farfalhudos bigodes. No primeiro, tanto nos dirigentes como numa confortável percentagem de adeptos e suas esposas, ao invés da segunda, cuja detenção deste natural acessório facial é critério indispensável à adesão, se não mesmo único a considerar.

Em segundo lugar, o inequívoco sentido de estética. Não só é sobejamente conhecido o talento do verdadeiro benfiquista na conjugação de fato de treino, camisola interior branca (com borboto) e cordão de ouro por cima, como também a incrível e intemporal meia branca, sandália aberta com tira de velcro, calça de bombazine e blazer de flanela, ou seja, todo um outfit escolhido a dedo e nunca a condizer, por parte dos adeptos do sindicato.

Continuando a saga, a constante emergência de novos objetivos e novos apoiantes é também doutrina comum entre os vermelhos (vejam, mais uma semelhança!). Não interessa acreditar, muito menos saber, das contendas que se travam ou dos ideais que defendem. Uma coleção de cromos de um lado ou um passeio (ou desfile, como lhe chamam) com lanchinho pago do outro, são já fortes motivos para se participar em gritos de guerra ou partilhar o ódio visceral do irmão/camarada pelo FCP/Governo.

Por último, o culto religioso a Sebastião de Carvalho e Melo, vulgo, Marquês de Pombal. Pois que, nos seus ajuntamentos anuais (quando lá chegam) ou semanais (no caso da unidade sindical) lá lhe prestam homenagem, grunhindo, numa tribal cacofonia, meia dúzia de larachas de contentamento, protesto ou pura desarticulação lexical.

No fim de contas, e tratando-se de dois fenómenos nacionais de promoção do corriqueirismo moderno, conclui-se que, num evento simultâneo entre benfiquistas e trabalhadores sindicalizados pela UGT – conhecido, na gíria, por Congresso do Partido Comunista – nada mais sairá que meia dúzia de metas-descrição com alto teor de calão, uns quantos veículos de recolha de vidro (muita mini afundam eles), umas quantas greves e queixas quer no TC quer no Conselho de Disciplina da Liga e, o mais importante de tudo, uma mão cheia de sul-americanos.

Nota: Esta é uma crónica de humor que visa, só e apenas, caricaturar na generalidade. Não é para ser levada a sério. Menos o primeiro parágrafo, de Miguel Frasquilho. Esse sim, é literal.