E os refugiados, pá?

A desintegração da União Europeia parece estar mais próxima de vir a acontecer, pelo menos em relação àquilo que o contexto europeu dava a   entender há uns meses atrás. O coro desafinado de opiniões provenientes dos governos dos 28 estados-membros da UE, relativamente à questão dos refugiados sírios, deixa antever que será pela previsível dissolução do tratado de Schengen que a UE irá deixar de existir, pelo menos da forma como a conhecemos. Apetece perguntar à Comissão Europeia: ” e os refugiados, pá?”.

Para mim, que sou um idealista de defensor da UE federal, é uma fase muito triste esta que a união a 28 atravessa; por outro lado, a forma, diria mesmo, fascista como os países do centro e alguns do norte da Europa se têm comportado, no que diz respeito à questão dos refugiados sírios, roça mesmo um certo nazismo moral, onde um determinado povo (o sírio) não tem direito à protecção por parte de outros povos e países ditos civilizados.

Nesta crise, os países do sul da Europa terão de assumir cada vez a sua determinação em resolver esse drama humanitário dos refugiados sírios. Pela proximidade geográfica com o continente africano, o sul da Europa, onde se inclui Portugal, deverá, na minha opinião, estabelecer laços mais fortes de relações comerciais, para assim promover soluções de acolhimento desses refugiados nesses mesmos países do norte de África.

Só uma solução dinâmica e alargada a uma mais vasta faixa regional poderá começar a resolver este flagelo humanitário; esqueçamos o norte e centro da Europa, que não farão parte da solução, mas sim do agudizar deste problema, e chamemos à construção de uma solução os países mediterrânicos do norte de África, como Marrocos, Argélia, Tunísia e Egipto (quiçá a Líbia, dependendo da sua reconstrução como estado de direito). Com isso exclui-se deste processo os governos xenófobos como o húngaro, o austríaco ou o holandês, que somente querem isentar-se da responsabilidade perante a História da Humanidade. Esses governos lidam com o limite imposto pela própria História da Humanidade, e a seu tempo farão o devido exame de consciência.