Acho que o período de prime time, a seguir ao Telejornal, do canal 1 da RTP devia, muitas vezes, ser melhor aproveitado.
No dia 1 de Janeiro, por exemplo, puseram um programa, logo após as notícias, em que um senhor, de cabelo grisalho, monocórdio, a debitar um texto ficcional. Qualquer argumentista achará aquele texto óptimo para adaptar a uma qualquer novela, mas para os comuns dos mortais é só um texto maçador.
Fora de ironias, é triste o uso do prime time no operador de serviço público para comunicação de mensagens irreais, desconexas da realidade do nosso país, quer pelo Primeiro Ministro no Natal, quer pelo Presidente da República após a passagem de ano. Por muito respeito (institucional ) que possamos ter pelos altos representantes do Estado, o facto de os ver “debitar” como certo algo que em nada corresponde com o que vemos no dia a dia, na realidade, cria indiferença e muitas vezes a repulsa. Ninguém se sente bem quando quem o representa nos órgãos de soberania demonstra desconhecer (e, provavelmente, não ter intenções de conhecer) a realidade, aquilo que verdadeiramente sentem os cidadãos.
Crónica de João Cerveira
Mais crónicas
EU PROCRASTINO, E TU?
As mulheres merecem um amor feliz
O MEU MUNDO INVERTIDO