PUM! Matei o Coelho! – Gil Oliveira

«Nota: Este texto é fruto de uma imaginação fértil e ligeiramente afectada devido ao odor que tenho de suportar enquanto estou na casa de banho. Nada do que foi aqui descrito deve ser considerado como sendo verdadeiro e muito menos concretizável. Se por ventura é uma pessoa facilmente impressionável não deverá ler as palavras que se seguem.»

Foi bom enquanto durou. Fama, glória, centenas de livros escritos, programas de TV, rádio e uma ou duas vezes o rabinho lavado com água das malvas. Tudo o que sempre desejei. E tudo isto graças ao quê? Graças a um ‘pum’… Um ‘pum’ capaz de matar um Coelho.

Corria o ano de 2013 quando um infeliz acaso me fez descobrir que a mistura explosiva de salgados, doces, amendoins (Os amendoins para mim não são nem salgados nem doces. São amendoins e pronto!) vinho, cerveja, licores e aguardente era capaz de criar uma reacção química no interior do meu intestino que, quando expelida num estado gasoso, é mortífera. Traduzindo por miúdos: a minha mulher passou pelo WC, depois de eu ter estado lá e disse, “TXIII que cheiro! Está um fedor nesta casa de banho capaz de matar uma pessoa!” E a descoberta desse fenómeno fez com que a minha mente congeminasse o seguinte plano…

Como eliminar os nossos governantes sem ser considerado culpado!
1º passo: ingerir a maior quantidade de porcarias que conseguir;
2º passo: fazer a mistura do máximo de bebidas alcoólicas sem entrar em coma;
3º passo: conseguir aguentar no estômago a comida e a bebida até terminar a digestão;
4º passo: ir até à Assembleia da República;
5º passo (este é bem difícil): aguentar ser revistado sem soltar qualquer tipo de gás tóxico;
6º passo: libertar o maior número de ‘puns’ tóxicos que conseguir. (E para quem estiver a pensar que existe uma falha no plano – visto que eu também morreria com o cheiro – engana-se! Todos nós sabemos que os filhos, aos pais, nunca cheiram mal.);
7º passo: sair discretamente após libertar todo o fedor contido dentro de mim;
8º passo: mudar de boxers urgentemente e livrar-se dos antigos (devemos sempre desfazermo-nos da arma do crime mas visto que seria difícil livrar-me do meu real bufunfo, o melhor mesmo é livrar-me dos boxers.)

Um plano perfeito! Delineado ponto por ponto enquanto estive na casa de banho a descarregar os excedentes da festa de anos. As ideias surgiam na minha mente como se de uma epifania fecal se tratasse. Nada podia correr mal. Ou melhor dizendo, nada deveria ter corrido mal. Mas correu…

Consegui executar perfeitamente o meu plano até ao ponto 7. Estava tudo a correr de acordo com o previsto. Agora bastava-me apenas sair discretamente de lá. Mas quando tentei sair, fui apanhado pelo segurança. E agora? O que podia fazer? Visto que sou contra o uso de armas e tinham-me tirado o meu corta unhas à entrada, a única alternativa era tentar usar mais um pouco do meu gás tóxico. Pobres seguranças… Eu não tinha nada contra eles mas não me deixaram alternativas… PUMM! PUMM! Pffff… pfff… PLOFT! NÃÃÃOOO! Nem queria acreditar. O terrível cheiro havia sido substituído por um grande, sólido e luzidio cocó.

Enquanto a vergonha tomava conta de mim os polícias chegaram e acabei na prisão! Gil, o tipo que matou o Governo com um ‘Pum’ não tinha escapado incólume. Mas apesar de ter sido encarcerado, eu era um herói lá dentro. Ninguém se metia comigo. Todos me agradeciam, davam-me os parabéns, ofereciam-me cigarros, dinheiro, as filhas, as mulheres e principalmente as sogras. Houve até quem me oferecesse um ou outro rolo de papel higiénico.

Felizmente saí rapidamente da prisão. Não sei se foi por terem retirado as acusações, se por me considerarem um herói, ou simplesmente porque não arranjavam ninguém que quisesse limpar as casas de banho depois de eu lá ir. O que é certo é que passadas 3 semanas estava cá fora. O pouco tempo de prisão apenas deu para escrever um livro a contar toda a minha história: “O pum que matou o Coelho!” Excelente livro. Vendi centenas e centenas de cópias. Só nunca percebi porque raio é que nunca ninguém aparecia nas sessões de autógrafos…

E pronto, por hoje ficamos por aqui. O texto já vai longo, o leitor tem mais que fazer e a mim está-me cá a dar uma vontade de ir à casa de banho… Uiii. Até para a semana!

GilOliveiraLogo

Crónica de Gil Oliveira
Graças a Dois
Visite o blog do autor: aqui