Que mundo é este?

Que mundo é este em que vivemos? Ainda nem a um quarto de século cheguei e já vi tanto mal. Talvez não tenha sido o início, contudo foi o início para mim, aquela manhã do dia 11 de Setembro de 2001. Aviões, duas torres, o Pentágono. 2996 pessoas mortas. Lembro-me perfeitamente onde estava, com quem estava e a fazer o quê. O meu primeiro contacto com o terrorismo.

A partir daí tudo mudou. Passaram a existir vídeos de organizações terroristas, uma guerra aberta entre países, passou a existir morte e mais morte. Bombas, mísseis, balas, decapitações, raptos, sequestros. É este o mundo agora. Como em pouco mais de 10 anos o mundo mudou…e com a evolução das tecnologias (para o bem e para o mal) temos cada vez mais o acesso facilitado a este mundo de violência.

Há convicções, sejam religiosas, sejam políticas, sejam de que carácter for, não interessa, mas o respeito, esse acabou. Não há respeito pelos outros, pela vida dos outros, que pacatamente tentam sobreviver neste mundo de crueldade. Verdade seja dita, como é que irão respeitar a vida dos outros, se nem a própria vida respeitam?

Não somos todos pessoas? Não somos os ditos animais racionais? Que pensam? É que há atitudes praticadas que demonstram o contrário. E parece que não existe forma dessas atitudes terminarem. Não entendo como o raio das atitudes estúpidas e mortais podem fazer com que o mundo mude para a maneira que quem as comete quer. Isto é, será que querem alguma coisa concretamente? Ou o objectivo será apenas matar e morrer pela dita causa? Não dá para perceber este fanatismo, seja por que razão for…se há coisa que quero sempre fazer é pensar por mim mesma; e se há coisa que os meus pais me ensinaram é a ter respeito pelos outros. Parece que fazem uma lavagem cerebral às pessoas, ou fazem mesmo, sei lá. Não conheço as crenças dos outros (nem a minha conheço, quanto mais a dos outros), mas algum propósito, algum objectivo, alguma convicção, alguma coisa, justificará as acções?

“Vou-me meter num avião e despenhá-lo contra aquele prédio porque me prometeram isto.”

“Vou colocar uma bomba e rebentar com uma estação de prédio, para ganhar aquilo.”

“Vou ainda raptar um grupo de pessoas porque não quero que aconteça xyz.”

E onde estão os que prometem mundos e fundos? Não são esses que vão para a “frente de batalha”. É como que dizer: olha para o que te digo, não olhes para o que faço. Nunca deu resultado para mim. Não há justificação para os actos horrendos e cruéis que temos assistido dia após dia, e que mais uma vez vimos esta semana culminar em diversas mortes. Nos dias seguintes  e como se tem visto, existem os momentos de solidariedade e compaixão para com quem morreu ou ficou ferido. Mas e depois? O que se faz para que estes actos não voltem a acontecer? Matar novamente? Só que desta vez morre quem está do lado contrário? Não será isso descer tão baixo quanto eles? Digo eu, que não percebo nada da vida…

Se somos todos Charlie não sei. Sei é que somos todos pessoas e que merecemos o respeito uns dos outros e duns para os outros.

O mundo está sempre a mudar…mas será que o mundo evolui?