“Quero um Epá, se faz favor!”

Olá!

“Queria um Epá se faz favor!”

Dizia assim um puto maiato que mal chegava ao balcão do café!

“Epá não tenho, tenho Corneto! Queres?”

A tristeza abatia-se sobre o puto, ele, que adorava rapinar o gelado num abrir e fechar de olhos, só para chegar a pastilha elástica que morava no fundo!

“Não deixe lá!”

E depressa saia a correr, até a porta do próximo café! Só descansava quando tivesse um Epá nas mãos, os outros do grupo, saboreavam cornetos, pernas de pau e afins.

Juntavam-se todos no Largo do Outeiro, era assim no intervalo da futebolada, amealhavam-se todos os trocos, ou dava para todos ou ninguém comia!

Que bem sabiam os gelados da Olá, e que bem lhe sabia o Epá! Naquela altura não era fácil juntar 100 paus, muito menos para um gelado, mas sempre se arranjava maneira!

(Ele pede desculpa à mãe por todos os trocos que ela deixou cair)

Naquelas tardes solarengas de início de Primavera em que o calor já se fazia sentir, valia a pena, e parecia que se nos fosse “proibido” comer, ainda sabia melhor!

O puto lá conseguia finalmente o Epá, eu acho sinceramente que aquela mistura de gelado com pastilha elástica era qualquer coisa de genial!

Nem só de Epá vivia o puto, como qualquer outro puto, também adorava comer um Rol, se bem que não era a mesma coisa, não sei se vocês se lembram, mas comer um Rol sem sujar a roupa era missão quase impossível, mas que era bom lamber o papel no fim isso era!

E os anúncios aos gelados que passavam na televisão eram no mínimo engraçados, assim de repente lembro-me de:  “Um corneto para ti, um corneto para mim, Olá Olá!”

Ou então o do Calipo que rezava assim: “ Primeiro a tremer para cima, agora a tremer para baixo, o arrepio irresistível!” Isto com uma música de fundo a modos que azeiteira!

Belos tempos, outros tempos!

A Olá está presente na vida de todos nós desde que nos lembramos de ser gente, a verdade é que o puto cresceu, assim como todos nós e a verdade seja dita, os gelados já não têm o mesmo sabor, porque na verdade o que nos sabia bem era uma mistura de tudo, gelados, infância, traquinice…tudo!

Quando puderem façam uma visita a uma velha mercearia, peçam um gelado (convém ver a data, porque se a mercearia for velha é provável que o gelado também seja) e sentem-se a soleira da porta, sem preocupações, como se fossem os miúdos/as  de outros tempos.

N.R.: Agradeço desde já à Olá por todas as caixas de gelados que me vai enviar às custas desta excelente publicidade gratuita que acabei de fazer!

Não se esqueçam de recordar e sonhar, porque a vida é feita de sonhos!