São 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha

Acabou. Um mês depois dá-se por concluída a maior prova do mundo a nível de seleções. Em terras de Vera Cruz, a taça foi parar aos alemães e à sua mannschaft que quebraram assim um jejum de 24 anos e conquistaram, pela primeira vez, o mundial como Alemanha. Um campeonato do mundo para a história. Recordes batidos, goleadas históricas e surpresas inolvidáveis, fazem de 2014 um ano para mais tarde recordar e do Brasil um anfitrião inesquecível, sobretudo, pelas piores razões.

Como seria de esperar, afinal de contas é disso que vive o futebol, as surpresas proliferaram ao longo do mês. Tudo começou onde não se previa, na fase de grupos. No grupo B, a dúvida era apenas e só que outra seleção acompanharia os campeões Europeus e Mundiais na passagem aos oitavos de final, algo que acabou por sair completamente ao lado tendo a Espanha sido uma das primeiras seleções a ser eliminada. Choque. Estava causada a primeira surpresa do Brasil 2014, iria haver um novo campeão do mundo e o antigo estava já pronto para empacotar as malas e voltar a casa, isto na 2ª jornada. Todavia o lado surpreendente do futebol não se ficaria por aqui. Logo ali ao lado, no grupo D, estavam presentes 3 seleções que já haviam sido campeãs do mundo e uma frágil Costa Rica que seria o “saco de pancada” do “grupo da morte”. Nada disso se passou. Quando as previsões apontavam para que fossem últimos, os costa-riquenhos, com uma organização defensiva de fazer inveja a qualquer país, acabaram por, contra todas as apostas, ficar em 1º lugar não perdendo um único jogo e dominando por completo o grupo. Itália e Inglaterra pelo caminho, mais dois colossos arrumados. Continuando na senda de grandes choques, a nossa seleção acabaria por proporcionar mais um, ao ser eliminada logo na fase de grupos após uma derrota humilhante com a Alemanha e de não conseguir surpreender uma frágil seleção dos Estados Unidos, algo que nem os mais dramáticos previam. Por fim, e para acabar a fase de grupos, a Argélia, dos “portugueses” Slimani, Ghilas e Haliche, deixaria tudo e todos de boca aberta ao ser apurada, deixando os russos completamente K.O e seguindo em frente para mais um round.

Nem só de surpresas em termos de resultados se fez este Mundial, também de exibições individuais e de golos fantásticos se completou o ramalhete. A “copa dos guarda-redes” era o que ecoava na imprensa brasileira e que rapidamente se expandiu para todo o mundo e se tornou então uma expressão insistentemente usada e que, de facto, acabaria por fazer sentido. Desde Ochoa, a Enyeama, passando por Navas, Howard, Romero e acabando no gigante germânico, Neuer, todos eles efectuaram enormes exibições com defesas estratosféricas que perdurarão eternamente nos anais da história e que servirão, um dia mais tarde, para quando os mais novos se atreverem a desvalorizar a posição de guarda-redes lhes mostrarem um filme deste mundial com todas estas enormes defesas. Subindo no terreno mas mantendo o nível exibicional teremos obrigatoriamente de falar nos jogadores da Costa Rica, que apesar de não serem uns génios individuais, actuaram exemplarmente como equipa e supriram todas essas possíveis debilidades, uns heróis. “Velhos são os trapos”, nunca uma frase fez tanto sentido para descrever as prestações tanto de Robben que aos 30 anos levou a sua equipa às costas até às meias-finais como de Miroslav Klose que com 36 anos bate o recorde de Ronaldo “o fenómeno” e se torna assim o melhor marcador de sempre da história dos mundiais. Fantástico. Não seria justo acabar o  parágrafo sem mencionar James Rodriguez e Thomas Muller, os dois jovens jogadores fizeram um Mundial estupendo e só não ganharam o prémio de melhor jogador porque a FIFA, injustamente, decidiu atribuí-lo a Messi. No entanto isso não mancha a forma soberba em que se apresentaram tendo marcado, sem a mais pequena dúvida, o Mundial de 2014.

Para acabar este apanhado geral sobre o campeonato do mundo é estritamente necessário mencionarmos as desilusões. Foram bastantes os aspectos que não correram bem durante este mês. Começando pela preparação do país organizador, a questões de segurança e acabando na arbitragem e nas exibições individuais. As equipas de arbitragem presentes no Brasil, e a sua prestação em campo, deixaram mais do que muito a desejar, foram protagonistas em diversos lances e decisivas noutros tantos. Uma mancha enorme. Depois urge a necessidade de falar ainda nas exibições individuais, ou na falta delas, de certos jogadores dos quais tanto se esperava, tendo como expoente máximo Cristiano Ronaldo, e nada deram. Lamentável, quem perdeu foi o futebol. O clima não desculpa tudo. O melhor para o fim, é o que se costuma dizer, pois bem é impossível não mencionar a derrota – ou a hecatombe, se preferirem – do Brasil com a Alemanha nas meias-finais. O país anfitrião perdeu por 7-1 com a Alemanha e viria a protagonizar aquela que foi, sem grandes dúvidas, a maior humilhação da história do futebol. É vergonhoso e triste que no país que recebeu a competição e que é o maior baluarte do desporto rei, tenha acontecido tal “tragédia”. Complicadíssimo de digerir mas facílimo de encontrar culpados. Agora, que se tomem decisões.

Foi assim a Copa de 2014 no Brasil, um mês fantástico que passou todo numa dentada… Dentada não! Penada, digo. Engano meu. Agora resta-nos engonhar e contar os dias até 2018, quando na Rússia se voltar a viver aquilo que é o expoente máximo da festa do futebol. São 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha, mas no meio disto tudo até foi o menos memorável. Até já, Mundial.