Sonho de Natal

É de manhã…

e eu acordo aos poucos, entre tropeços, caminho descalço até a sala.
A televisão grita sozinha sobre um episódio da épica batalha do gato e do rato, sinto no ar o cheiro a café acabado de fazer, procuro por alguém mas não encontro, oiço conversas que vêm da porta, sei que não estou só, estou seguro no meu “castelo”, sonolento, deito-me no sofá, cubro-me com a velha manta, aquela mesma manta que passa de geração em geração, que era da avó da minha avó.

Consigo ouvir o frio a zoar na janela, as persianas tremem ao passar do vento, ao mesmo tempo os meus olhos teimam em dançar semicerrados ao passo cintilante das luzes da árvore de Natal.

Oiço uma porta a bater, chegou alguém, alguém que está a cantarolar, que felicidade, que alegria, e eu como puto malandro que sou, faço de conta que estou a dormir.

Espero um pouco, mais que muito, e eis que esse alguém vêm na minha direcção, por entre a manta velha e quente me enrosco e simulo um tímido ressonar, estou a dormir, bem fundo.

Ao meu lado é pousada uma bandeja, carregada de torradas e uma caneca de café com leite, impossível de resistir, num abrir e fechar de olhos, enquanto o gato tenta desesperadamente apanhar o rato, eu como tudo, sem ninguém ver.

A manta volta-me a abraçar, bem apertado, como se me convidasse a voltar para a terra dos sonhos e eu deixo-me ir, devagar, bem devagarinho a cada piscar das luzes de natal os meus olhos vão fechando e é tão bom.

Sonho, sim…talvez seja um sonho

É de manhã, e por entre a manta e o cheiro a café,
volto a adormecer, sim sou criança, sim é Natal!

A todos os leitores e amigos um Feliz Natal, cheio de boas conversas, amizade, união, carinho e amor!

Não se esqueçam de recordar e sonhar, porque a vida é feita de sonhos.