O tempo anda de TGV

Caro leitor antes de começar a escrever mais uma cronica e porque esta é a primeira de 2016 quero desejar-lhe um excelente ano. Por falar em ano parece que este último passou de TGV, pelo menos é a percepção que tenho de tempo e consigo também lhe aconteceu o mesmo?

Andava aqui entrelaçada entre linhas e tecidos, a costurar um fato de Carnaval, visto que isto do Natal ao Carnaval foi um pulinho quando dei conta que faltava apenas umas horas para ficar em falta com mais uma cronica. Sem tema para falar, pois ando demasiado ocupada, confesso que fiquei preocupada e pensei: “Agora o que vou escrever? Vou-me render e não escrevo mais ou vou arriscar um tema?” e eis que surge a ideia, que de nova não tem nada: “Quando não sabes o que falar, nada melhor que falar sobre o tempo!”. Pois bem, é sobre o tempo que lhe vou escrever esta semana não lhe vou dizer as previsões para amanhã, pois não sou meteorologista mas sim vou contar-lhe a minha percepção de tempo.

No passado mês quando participei no ebook de Natal do Ideias e Opiniões e ao recordar o meu eu com 6 anos, dei conta que naquela altura o tempo parecia passar mais lentamente, não que isso fosse negativo, tinha os seus prós e contras, quando se tratava de algo positivo até convinha que chegasse rapidamente o dia, pelo contrário quando se tratava de um aspecto negativo gostava de sentir que o tempo não avançava. Existia tempo para quase tudo! Porque será que quando chegamos à vida adulta esta noção de tempo muda?

Na verdade o tempo é exactamente o mesmo, esperar um ano pelo Natal aos 6 anos é igual a esperar o mesmo tempo pela mesma data aos 30, o que difere é a vida e as vivências que decorreram até lá.

Com 6 anos não temos as mesmas rotinas que aos 30, não temos que levantar da cama a correr para iniciar mais um dia stressante de trabalho, por exemplo. Com 6 anos de idade existem muito locais que ainda não visitamos, muitas experiências que ainda não vivemos ou seja existem muitos eventos de primeira vez para viver. Existem muitas expectativas sobre tudo e sobre todos, vivemos tudo com maior intensidade, ou seja vivemos o momento e tiramos o maior partido dele, mesmo com toda a inocência que faz parte da idade. Enquanto adultos damos conta que esses momentos começam a ser menos, pois aos 30 anos provavelmente o primeiro beijo já aconteceu, já encontramos o primeiro amor da vida, já visitamos alguns lugares que jamais esqueceremos, já abraçamos muitos amigos, já andamos à estalada pelo menos uma vez e já fizemos concerteza muitas outras coisas que foram inesquecíveis. Com a escassez dessas novas experiências na vida adulta, o tempo torna-se mais rotineiro e dá-nos a sensação que de um ano para o outro voou.

No entanto, quando mesmo na vida adulta ansiamos por um determinado momento ficamos com aquela velha e boa sensação de que o tempo nunca mais passa.

Um outro factor que nos faz ter essa percepção é o stress  do dia-a-dia, na vida adulta activa temos um série de tarefas a conjugar em 24h, quer sejam elas familiares e/ou profissionais, estando sempre com a sensação que não as vamos conseguir realizar por completo, essa ansiedade leva-nos à sensação de que o tempo passou a correr e num pestanejar de olhos.

Existem porém outras teorias, como a “teoria da razão” do psicólogo Pierre Janet que de forma resumida nos diz que estamos sempre a comparar o tempo com a totalidade do tempo que já vivemos, portanto quando temos 5 anos a percepção do tempo é menor que aos 30 e daí a sensação de passar mais rapidamente enquanto adultos.

Por fim, a nossa vida e a forma como a vivemos mais ou menos intensamente, com maior ou menor nível de stress, se temos mais ou menos tarefas a realizar, ou seja tudo aquilo a que a vida de adulto nos obriga determina esta sensação de que o tempo está a passar mais rápido. Se está com esta sensação, é uma óptima altura para desacelerar a rotina, aproveitar cada minuto intensamente e tentar controlar esta velocidade.