Tsipras: o fim da linha

A Grécia, pela mão de Alexis Tsipras,assinou um acordo com os 18 parceiros da zona euro. Para obter 50 mil milhões de euros ao longo dos próximos 3 anos, o cada vez menos líder Tsipras e o seu governo terão de cortar perto de 12 mil milhões de euros. É muito dinheiro para cortar em despesa pública! Tudo em nome da manutenção da Grécia na zona euro. Mas será este acordo exequível? Ou será antes uma forma de ambas as partes, Grécia e UE, ganharem tempo antes de um “grexit”?

Já apelidado de “delirante” e “irrealista” por alguns economistas, o famigerado acordo obriga a um maior controlo do orçamento grego por parte das instituições europeias.  A anulação de várias medidas tomadas desde há seis meses por Tsipras e restante governo obrigatória, assim como o emagrecimento imediato da pasta da defesa (e drástico, para desagrado do ministro da defesa, o populista Kammenos, líder dos Gregos Independentes). Ora não serão estas medidas todas somadas uma evidência da cedência de soberania das terras de Platão à UE de Merkel?

Perante este cenário, obviamente que Tsipras é um líder a prazo. O comité central do Syriza tinha chumbado o acordo, mas Tsipras assumiu pessoalmente aos seus camaradas que queria avançar por forma a firmar o acordo com os parceiros da zona euro, encarando-o  como a opção menos má tendo em vista a permanência da Grécia no “clube do Euro”, e assim evitar uma desgraça ainda maior sobre a economia.

Devido ao facto de metade dos deputados do Syriza, entre os quais Varoufakis, terem votado contra, só mesmo a Nova Democracia e o PASOK, para além do To Potami, votaram favoravelmente o acordo, sendo unânimes quanto à necessidade de apoiar a “dura” decisão de Tsipras.

O futuro? O mais imediato remete para uma profunda remodelação governamental. O próprio Syriza está em risco de fractura irremediável, e assim vir a implodir enquanto coligação eleitoral. A muito curto prazo, este acordo produzirá mais e mais recessão. A praça Syntagma continuará a ferro e fogo, dia sim dia não. É isto mesmo, a Grécia, berço da democracia à deriva. Um povo a definhar numa crise humanitária impressionante, e deve-se ter em conta que a Grécia é um país europeu. Parece ser o fim da linha para Tsipras. E a UE permanece obediente a Merkel.