“Um estrangeiro no meu apartamento.” O crescimento do alojamento local no Porto

Portugal, ao longo dos últimos dez anos, tem vindo a demonstrar fortes índices de crescimento turístico, sobretudo na área de hotelaria e restauração. Indivíduos privados como empresas de turismo, freneticamente, têm fomentado o mercado da procura através da compra de imóveis e espaços para arrendamento turístico. Actualmente notamos um aumento no alojamento local (apartamentos), cujos dados estatísticos fornecidos pelo Turismo de Portugal, referem que os apartamentos turísticos integram cerca de 10% da oferta turística em Portugal.

No caso do território vizinho, que compartilha a Península Ibérica connosco, a Espanha tem verificado um crescimento significativo desta mesma indústria (com base nos dados da Frontur – Instituto de Estudios Turísticos, registando-se um crescimento de 12,6%, em 2015).

Já a cidade do Porto tem vindo a acompanhar as outras urbes portuguesas que se mantêm há algum tempo na corrida ao aluguer temporário – é o caso de Lisboa e do Algarve – na expectativa de marcar posição de oferta de turismo nos territórios a norte do país. A partir dos últimos 3 anos, a própria “capital do norte” tem vindo a testemunhar um “boom” hoteleiro, contando com um forte núcleo de hotéis, guesthouses e hostels na que é considerada a baixa portuense. Não obstante, conseguimos analisar a evolução da oferta hoteleira nas várias áreas e artérias urbanas, tais como a Avenida dos Aliados (integrando as praças General Humberto Delgado e da Liberdade) e os seus hotéis de luxo; ruas do Almada e das Flores que contam com alojamento privativo e também luxuoso e, sem esquecer, a área da Ribeira que integra apartamentos, hostels e hotéis de categoria superior a quatro estrelas.

Já no eixo viário Mouzinho-Flores contemplamos uma abundância de imóveis para tais finalidades. A requalificação destes, potenciada pela Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana, tem sido notável, permitindo a “cega” compra de espaços, sem os visitar previamente, para obter algum lucro.

Falamos de um antigo eixo de azáfama social e comercial, que fazia a ligação entre a parte baixa da cidade até à praça da Ribeira. Ruas construídas em eras diferentes, mas com finalidades similares, em cada metro percorrido encontramos imóveis dedicados ao aluguer temporário.

Estabelecendo uma comparação entre o apartamento turístico e o hotel, as discrepâncias não são muitas. O apartamento prima pelo atendimento personalizado, que poderá incluir recepção de boas vindas à cidade, passeios turísticos, check-in e check-out com maior flexibilidade, visto serem nativos (por vezes sem qualquer formação académica na área) que gerem estes estabelecimentos. Em suma, o conceito principal é a relação estabelecida entre anfitrião e hóspede, um factor chave que, cada vez mais, o estrangeiro procura quando viaja.